Com seus 170 milhões de habitantes, mais de 70% declarando-se católicos-romanos, o Brasil é considerado demograficamente o maior país católico do mundo. Não obstante, entre os brasileiros, uma religião que cresce extraordinariamente é o espiritismo. Isto se dá tanto em sua forma refinada, chamada de Kardecismo (pautando os seus ensinos e práticas segundo os escritos de Allan Kardec, chamado de (“codificador do Espiritismo”), também conhecido como “alto espiritismo”, como em sua forma popular, ou “baixo espiritismo”, com elementos oriundos do espiritismo de Kardec, do animismo indígena e africano, e do próprio catolicismo-romano. É fato bem sabido ser comum que pessoas de formação católica frequentam as reuniões espíritas, tanto do chamado “alto” quanto do “baixo espiritismo”. Assim, aos domingos assistem à missa, e em outros dias da semana participam regularmente de sessões espíritas. Com isso, alguns chegam a alegar que o Brasil não é mais exactamente “o maior país católico do mundo”, vindo a ser talvez o maior país espírita do planeta!
Ocorre, nesse aspecto, um verdadeiro sincretismo religioso que atrai pessoas adeptas da própria religião principal, o catolicismo, quanto aqueles que se empolgam com as teorias kardecistas. É o caso da Umbanda, Quimbanda ou Candomblé, praticado nas mais diversas regiões do país, com participação tanto de pessoas humildes e sem cultura, quanto de figurões da política e das artes. Nessas religiões, os santos da Igreja Católica recebem nomes diferentes, e são identificados e cultuados como deuses da mitologia desses cultos.
Mas não é só no Brasil que esse fenómeno pode ser testemunhado. Nos Estados Unidos, as seitas e crenças exóticas, inspiradas em filosofias orientais que contêm muitos elementos do espiritismo clássico, vêm tendo crescente aceitação nestas últimas décadas. Os próprios jovens oriundos do movimento hippies adoptaram em massa as religiões da Índia, China e Japão, de onde procedem alguns dos alicerces do espiritismo moderno. Uma famosa ex-artista de Hollywood passou a escrever livros defendendo teses de reencarnação e comunicação com os mortos, popularizando ainda mais tal filosofia.
Num giro pela Europa em uns anos passados, observei publicidade em estações de rádio na Itália e França proclamando as virtudes de certos indivíduos dotados de capacidade supostamente sobrenatural, inclusive com acesso aos que morreram, para ajudar os que precisam de ajuda, obviamente mediante pagamento. . .
Os Princípios Básicos da Fé Espírita
Alegando não se tratar meramente de religião, mas ser três coisas—religião, filosofia e ciência—o espiritismo prega a caridade como básica para o aprimoramento do indivíduo em preparação para uma vida superior no além. Tendo por fundamento a ideia da reencarnação e, subjacente a ela, a da imortalidade da alma, os espíritas ensinam que o corpo não passaria de uma prisão material da verdadeira essência do indivíduo, sua alma, ou espírito. E segundo o admitido princípio da evolução, o homem vai superando gradativamente suas deficiências e purificando-se, através de muitas vidas sucessivas, em diferentes épocas e mesmo formas, até chegar à pureza absoluta. Nessa linha de pensamento, os que vivem agora em sofrimento é porque certamente foram maus na vida e estão sendo refinados para uma existência superior e mais feliz numa outra vida.
O espiritismo também promove a consulta aos que morreram, como não só uma possibilidade real, mas um privilégio a qualquer pessoa que consiga recorrer a seus médiuns, que seriam indivíduos superdotados com a capacidade de evocar os espíritos dos que se foram, atraindo-os mesmo à visão dos que os busquem.
Tendo elementos do cristianismo e de outras religiões antigas, os espíritas chegam a citar a Bíblia como base de tais ideias. Mas o Mestre Jesus é tido por um grande filósofo, como outros grandes fundadores de religiões e promotores de ideias revolucionárias—a exemplo de Buda, Maomé, Confúcio, etc.—e guru de superior intelecto e espiritualidade.
Quando Jesus se entrevista com o líder judaico Nicodemos e lhe diz—“importa-vos nascer de novo” (João 3:7), os espíritas não têm dúvida de que isto representa a reencarnação sendo admitida pelo Cristo. O problema nessa concepção é o costume de partir de ideias preconcebidas como premissa básica e buscar a comprovação para tais ideias em qualquer trecho que tenha a mais leve referência a elas, mesmo indirecta.
João 3:7 7 “Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.”
Respeitando o Contexto
Alguém já disse que um texto fora do contexto não passa de um pretexto. Se o estudioso do assunto se der ao trabalho de examinar os ensinos de Cristo globalmente, em lugar de apanhar segmentos isolados que aparentemente lhe favoreçam a ideia, não encontrará harmonia de Seus ensinos com o que pregaram os mestres do passado a respeito da morte. Cristo fala em ressurreição, não reencarnação. A própria ideia de “novo nascimento” é tornada clara no verso 5 ao Jesus falar em “nascer da água”. Tendo por base um costume já existente entre os judeus de uma lavagem purificadora para indicar renovação espiritual, fica claro pelo contexto literário e histórico que a referência é ao baptismo, simbolizando a morte para a vida pecaminosa, e um renascer para nova vida segundo o Espírito de Deus. O apóstolo Paulo tornou isto bem claro em Romanos, capítulo 6.
João 3:5 5 “Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.”
A evidência de que ressurreição não é o mesmo que reencarnação se acha nos relatos dos Evangelhos ao descreverem como Jesus miraculosamente trouxe de volta à vida pessoas que haviam exalado o último suspiro. Há o episódio da filha de Jairo, do filho da viúva de Naim, e, de modo destacado, a volta à vida de seu amigo Lázaro, que já estava sepultado há quatro dias e até “cheirava mal”, todos sobrenaturalmente trazidos de volta à vida por Jesus, com seus mesmos corpos (ver Lucas 8: 41-56; 7: 11-16; João, cap. 11). Portanto, por uma questão de coerência, uma vez que se recorra à Bíblia como documento comprobatório de uma tese, todo o seu contexto deve ser levado em conta para validar ou negar a ideia.
Lucas 8: 41-56 41 “E eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga; e prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que fosse a sua casa; 42 porque tinha uma filha única, de cerca de doze anos, que estava à morte. Enquanto, pois, ele ia, apertavam-no as multidões. 43 E certa mulher, que tinha uma hemorragia havia doze anos [e gastara com os médicos todos os seus haveres] e por ninguém pudera ser curada, 44 chegando-se por detrás, tocou-lhe a orla do manto, e imediatamente cessou a sua hemorragia. 45 Perguntou Jesus: Quem é que me tocou? Como todos negassem, disse-lhe Pedro: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem. 46 Mas disse Jesus: Alguém me tocou; pois percebi que de mim saiu poder. 47 Então, vendo a mulher que não passara despercebida, aproximou-se tremendo e, prostrando-se diante dele, declarou-lhe perante todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como fora imediatamente curada. 48 Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz. 49 Enquanto ainda falava, veio alguém da casa do chefe da sinagoga dizendo: A tua filha já está morta; não incomodes mais o Mestre. 50 Jesus, porém, ouvindo-o, respondeu-lhe: Não temas: crê somente, e será salva. 51 Tendo chegado à casa, a ninguém deixou entrar com ele, senão a Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da menina. 52 E todos choravam e pranteavam; ele, porém, disse: Não choreis; ela não está morta, mas dorme. 53 E riam-se dele, sabendo que ela estava morta. 54 Então ele, tomando-lhe a mão, exclamou: Menina, levanta-te. 55 E o seu espírito voltou, e ela se levantou imediatamente; e Jesus mandou que lhe desse de comer. 56 E seus pais ficaram maravilhados; e ele mandou-lhes que a ninguém contassem o que havia sucedido.”
Lucas 7: 11-16 11 “Pouco depois seguiu ele viagem para uma cidade chamada Naim; e iam com ele seus discípulos e uma grande multidão. 12 Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. 13 Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. 14 Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te. 15 O que estivera morto sentou-se e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe. 16 O medo se apoderou de todos, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo.”
Jesus citava repetidamente o Antigo Testamento, que era a Escritura vigente em Seu tempo. Reconhecia sua autoridade como livro histórico e como um manual de instrução da vida prática, e fonte de doutrina religiosa. No Antigo Testamento fala-se sobre a ressurreição, não reencarnação, havendo uma detalhada descrição da ressurreição em Ezequiel 37. É por demais claro que a ideia da imortalidade da alma não encontra apoio ali (ver Ecles. 9:5, 10; Sal. 146:3,4). Igualmente, a prática comum do espiritismo de consultar os mortos, muito difundida entre os povos antigos que circundavam Israel, é claramente condenada nas Escrituras (ver Êxodo 22:18 e Deuteronómio 18:11-14).
Ecles. 9:5, 10; 5 “Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. 10 Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças; porque no Seol, para onde tu vais, não há obra, nem projecto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.”
Sal. 146:3,4 3 “Não confieis em príncipes, nem em filho de homem, em quem não há auxílio. 4 Sai-lhe o espírito, e ele volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos.”
Êxodo 22:18 18 “Não permitirás que viva uma feiticeira.”
Deuteronómio 18:11-14 11 “nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; 12 pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti. 13 Perfeito serás para com o Senhor teu Deus. 14 Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém, quanto a ti, o Senhor teu Deus não te permitiu tal coisa.”
O profeta Isaías, muitos séculos depois que as leis de Moisés foram proclamadas, exorta o povo de Israel a não contaminar-se com ritos religiosos dos povos pagãos que os rodeavam:(Isaías 8:19, 20).
(Isaías 8:19, 20). 19 “Se disserem: Consultai os encantadores e os adivinhos, que sussurram falando, responde: Não consultará o povo ao seu Deus? Consultará os mortos pelos vivos? 20 À lei e ao testemunho! Se eles não falarem conforme a esta palavras, é porque não têm iluminação”.
Evolução ou Salvação?
Uma das premissas fundamentais do espiritismo—no que se revelaria o seu aspecto de ciência—é a teoria da evolução das espécies. Sabe-se hoje que as posições evolucionistas, popularizadas a partir de Darwin no século XIX—têm sido cada vez mais disputadas. Não se tem podido demonstrar a existência de “elos perdidos” que comprovariam que o homem procede de formas inferiores, e os descobrimentos da Astronomia têm lançado dúvidas sobre as teorias da origem do universo.
Crer que o homem está sempre evoluindo por meio da reencarnação produz uma dúvida difícil de responder: Como se explica o aumento do crime, da corrupção, do divórcio, das intrigas políticas, do consumo de drogas, do suicídio e do desamor em geral, quando tudo isso contradiz a ideia de que a humanidade está evoluindo moral e espiritualmente há séculos e milénios?
Finalmente, a ideia de praticar obras para ganhar a aceitação de Deus e merecer uma vida superior choca-se claramente com o fundamento da mensagem bíblica e cristã. Contrariamente a essa doutrina própria de religiões não-cristãs, as Escrituras ensinam que a salvação do pecador deriva, não de seus próprios actos meritórios, mas da morte de Jesus, que foi perfeito e obedeceu plenamente a toda a lei divina, tomando o lugar dos seres humanos falíveis. (Efésios 2:8-10). Todas as nossas obras estão maculadas pelo pecado, e somente graças à intercessão dAquele que foi feito pecado por nós (Romanos 5:6-12) é que lograremos o perdão e aceitação do Pai, não para continuar tendo existências experimentais e refinadoras sobre esta Terra de sofrimento e dor, mas para viver eternamente na companhia de Deus e de Seus anjos. (João 14:1-3, Apoc. 22:3-5).
Efésios 2:8-10 8 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; 9 não vem das obras, para que ninguém se glorie. 10 Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas.”
Romanos 5:6-12 6 “Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios. 7 Porque dificilmente haverá quem morra por um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse morrer. 8 Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. 9 Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. 10 Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. 11 E não somente isso, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora temos recebido a reconciliação. 12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.”
João 14:1-3 1 “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. 3 E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.”
Apoc. 22:3-5 3 “Ali não haverá jamais maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão, 4 e verão a sua face; e nas suas frontes estará o seu nome. 5 E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de luz de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumiará; e reinarão pelos séculos dos séculos.”
É indiscutível que a Bíblia nos oferece a alternativa verdadeira e, por conseguinte, a melhor. Estudemo-la, pois, e sigamos os seus ensinos.
Ocorre, nesse aspecto, um verdadeiro sincretismo religioso que atrai pessoas adeptas da própria religião principal, o catolicismo, quanto aqueles que se empolgam com as teorias kardecistas. É o caso da Umbanda, Quimbanda ou Candomblé, praticado nas mais diversas regiões do país, com participação tanto de pessoas humildes e sem cultura, quanto de figurões da política e das artes. Nessas religiões, os santos da Igreja Católica recebem nomes diferentes, e são identificados e cultuados como deuses da mitologia desses cultos.
Mas não é só no Brasil que esse fenómeno pode ser testemunhado. Nos Estados Unidos, as seitas e crenças exóticas, inspiradas em filosofias orientais que contêm muitos elementos do espiritismo clássico, vêm tendo crescente aceitação nestas últimas décadas. Os próprios jovens oriundos do movimento hippies adoptaram em massa as religiões da Índia, China e Japão, de onde procedem alguns dos alicerces do espiritismo moderno. Uma famosa ex-artista de Hollywood passou a escrever livros defendendo teses de reencarnação e comunicação com os mortos, popularizando ainda mais tal filosofia.
Num giro pela Europa em uns anos passados, observei publicidade em estações de rádio na Itália e França proclamando as virtudes de certos indivíduos dotados de capacidade supostamente sobrenatural, inclusive com acesso aos que morreram, para ajudar os que precisam de ajuda, obviamente mediante pagamento. . .
Os Princípios Básicos da Fé Espírita
Alegando não se tratar meramente de religião, mas ser três coisas—religião, filosofia e ciência—o espiritismo prega a caridade como básica para o aprimoramento do indivíduo em preparação para uma vida superior no além. Tendo por fundamento a ideia da reencarnação e, subjacente a ela, a da imortalidade da alma, os espíritas ensinam que o corpo não passaria de uma prisão material da verdadeira essência do indivíduo, sua alma, ou espírito. E segundo o admitido princípio da evolução, o homem vai superando gradativamente suas deficiências e purificando-se, através de muitas vidas sucessivas, em diferentes épocas e mesmo formas, até chegar à pureza absoluta. Nessa linha de pensamento, os que vivem agora em sofrimento é porque certamente foram maus na vida e estão sendo refinados para uma existência superior e mais feliz numa outra vida.
O espiritismo também promove a consulta aos que morreram, como não só uma possibilidade real, mas um privilégio a qualquer pessoa que consiga recorrer a seus médiuns, que seriam indivíduos superdotados com a capacidade de evocar os espíritos dos que se foram, atraindo-os mesmo à visão dos que os busquem.
Tendo elementos do cristianismo e de outras religiões antigas, os espíritas chegam a citar a Bíblia como base de tais ideias. Mas o Mestre Jesus é tido por um grande filósofo, como outros grandes fundadores de religiões e promotores de ideias revolucionárias—a exemplo de Buda, Maomé, Confúcio, etc.—e guru de superior intelecto e espiritualidade.
Quando Jesus se entrevista com o líder judaico Nicodemos e lhe diz—“importa-vos nascer de novo” (João 3:7), os espíritas não têm dúvida de que isto representa a reencarnação sendo admitida pelo Cristo. O problema nessa concepção é o costume de partir de ideias preconcebidas como premissa básica e buscar a comprovação para tais ideias em qualquer trecho que tenha a mais leve referência a elas, mesmo indirecta.
João 3:7 7 “Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.”
Respeitando o Contexto
Alguém já disse que um texto fora do contexto não passa de um pretexto. Se o estudioso do assunto se der ao trabalho de examinar os ensinos de Cristo globalmente, em lugar de apanhar segmentos isolados que aparentemente lhe favoreçam a ideia, não encontrará harmonia de Seus ensinos com o que pregaram os mestres do passado a respeito da morte. Cristo fala em ressurreição, não reencarnação. A própria ideia de “novo nascimento” é tornada clara no verso 5 ao Jesus falar em “nascer da água”. Tendo por base um costume já existente entre os judeus de uma lavagem purificadora para indicar renovação espiritual, fica claro pelo contexto literário e histórico que a referência é ao baptismo, simbolizando a morte para a vida pecaminosa, e um renascer para nova vida segundo o Espírito de Deus. O apóstolo Paulo tornou isto bem claro em Romanos, capítulo 6.
João 3:5 5 “Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.”
A evidência de que ressurreição não é o mesmo que reencarnação se acha nos relatos dos Evangelhos ao descreverem como Jesus miraculosamente trouxe de volta à vida pessoas que haviam exalado o último suspiro. Há o episódio da filha de Jairo, do filho da viúva de Naim, e, de modo destacado, a volta à vida de seu amigo Lázaro, que já estava sepultado há quatro dias e até “cheirava mal”, todos sobrenaturalmente trazidos de volta à vida por Jesus, com seus mesmos corpos (ver Lucas 8: 41-56; 7: 11-16; João, cap. 11). Portanto, por uma questão de coerência, uma vez que se recorra à Bíblia como documento comprobatório de uma tese, todo o seu contexto deve ser levado em conta para validar ou negar a ideia.
Lucas 8: 41-56 41 “E eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga; e prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que fosse a sua casa; 42 porque tinha uma filha única, de cerca de doze anos, que estava à morte. Enquanto, pois, ele ia, apertavam-no as multidões. 43 E certa mulher, que tinha uma hemorragia havia doze anos [e gastara com os médicos todos os seus haveres] e por ninguém pudera ser curada, 44 chegando-se por detrás, tocou-lhe a orla do manto, e imediatamente cessou a sua hemorragia. 45 Perguntou Jesus: Quem é que me tocou? Como todos negassem, disse-lhe Pedro: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem. 46 Mas disse Jesus: Alguém me tocou; pois percebi que de mim saiu poder. 47 Então, vendo a mulher que não passara despercebida, aproximou-se tremendo e, prostrando-se diante dele, declarou-lhe perante todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como fora imediatamente curada. 48 Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz. 49 Enquanto ainda falava, veio alguém da casa do chefe da sinagoga dizendo: A tua filha já está morta; não incomodes mais o Mestre. 50 Jesus, porém, ouvindo-o, respondeu-lhe: Não temas: crê somente, e será salva. 51 Tendo chegado à casa, a ninguém deixou entrar com ele, senão a Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da menina. 52 E todos choravam e pranteavam; ele, porém, disse: Não choreis; ela não está morta, mas dorme. 53 E riam-se dele, sabendo que ela estava morta. 54 Então ele, tomando-lhe a mão, exclamou: Menina, levanta-te. 55 E o seu espírito voltou, e ela se levantou imediatamente; e Jesus mandou que lhe desse de comer. 56 E seus pais ficaram maravilhados; e ele mandou-lhes que a ninguém contassem o que havia sucedido.”
Lucas 7: 11-16 11 “Pouco depois seguiu ele viagem para uma cidade chamada Naim; e iam com ele seus discípulos e uma grande multidão. 12 Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. 13 Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. 14 Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te. 15 O que estivera morto sentou-se e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe. 16 O medo se apoderou de todos, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo.”
Jesus citava repetidamente o Antigo Testamento, que era a Escritura vigente em Seu tempo. Reconhecia sua autoridade como livro histórico e como um manual de instrução da vida prática, e fonte de doutrina religiosa. No Antigo Testamento fala-se sobre a ressurreição, não reencarnação, havendo uma detalhada descrição da ressurreição em Ezequiel 37. É por demais claro que a ideia da imortalidade da alma não encontra apoio ali (ver Ecles. 9:5, 10; Sal. 146:3,4). Igualmente, a prática comum do espiritismo de consultar os mortos, muito difundida entre os povos antigos que circundavam Israel, é claramente condenada nas Escrituras (ver Êxodo 22:18 e Deuteronómio 18:11-14).
Ecles. 9:5, 10; 5 “Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. 10 Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças; porque no Seol, para onde tu vais, não há obra, nem projecto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.”
Sal. 146:3,4 3 “Não confieis em príncipes, nem em filho de homem, em quem não há auxílio. 4 Sai-lhe o espírito, e ele volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos.”
Êxodo 22:18 18 “Não permitirás que viva uma feiticeira.”
Deuteronómio 18:11-14 11 “nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; 12 pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti. 13 Perfeito serás para com o Senhor teu Deus. 14 Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém, quanto a ti, o Senhor teu Deus não te permitiu tal coisa.”
O profeta Isaías, muitos séculos depois que as leis de Moisés foram proclamadas, exorta o povo de Israel a não contaminar-se com ritos religiosos dos povos pagãos que os rodeavam:(Isaías 8:19, 20).
(Isaías 8:19, 20). 19 “Se disserem: Consultai os encantadores e os adivinhos, que sussurram falando, responde: Não consultará o povo ao seu Deus? Consultará os mortos pelos vivos? 20 À lei e ao testemunho! Se eles não falarem conforme a esta palavras, é porque não têm iluminação”.
Evolução ou Salvação?
Uma das premissas fundamentais do espiritismo—no que se revelaria o seu aspecto de ciência—é a teoria da evolução das espécies. Sabe-se hoje que as posições evolucionistas, popularizadas a partir de Darwin no século XIX—têm sido cada vez mais disputadas. Não se tem podido demonstrar a existência de “elos perdidos” que comprovariam que o homem procede de formas inferiores, e os descobrimentos da Astronomia têm lançado dúvidas sobre as teorias da origem do universo.
Crer que o homem está sempre evoluindo por meio da reencarnação produz uma dúvida difícil de responder: Como se explica o aumento do crime, da corrupção, do divórcio, das intrigas políticas, do consumo de drogas, do suicídio e do desamor em geral, quando tudo isso contradiz a ideia de que a humanidade está evoluindo moral e espiritualmente há séculos e milénios?
Finalmente, a ideia de praticar obras para ganhar a aceitação de Deus e merecer uma vida superior choca-se claramente com o fundamento da mensagem bíblica e cristã. Contrariamente a essa doutrina própria de religiões não-cristãs, as Escrituras ensinam que a salvação do pecador deriva, não de seus próprios actos meritórios, mas da morte de Jesus, que foi perfeito e obedeceu plenamente a toda a lei divina, tomando o lugar dos seres humanos falíveis. (Efésios 2:8-10). Todas as nossas obras estão maculadas pelo pecado, e somente graças à intercessão dAquele que foi feito pecado por nós (Romanos 5:6-12) é que lograremos o perdão e aceitação do Pai, não para continuar tendo existências experimentais e refinadoras sobre esta Terra de sofrimento e dor, mas para viver eternamente na companhia de Deus e de Seus anjos. (João 14:1-3, Apoc. 22:3-5).
Efésios 2:8-10 8 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; 9 não vem das obras, para que ninguém se glorie. 10 Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas.”
Romanos 5:6-12 6 “Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios. 7 Porque dificilmente haverá quem morra por um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse morrer. 8 Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. 9 Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. 10 Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. 11 E não somente isso, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora temos recebido a reconciliação. 12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.”
João 14:1-3 1 “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. 3 E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.”
Apoc. 22:3-5 3 “Ali não haverá jamais maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão, 4 e verão a sua face; e nas suas frontes estará o seu nome. 5 E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de luz de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumiará; e reinarão pelos séculos dos séculos.”
É indiscutível que a Bíblia nos oferece a alternativa verdadeira e, por conseguinte, a melhor. Estudemo-la, pois, e sigamos os seus ensinos.