Muito se tem falado e continua a falar na forma de culto Adventistas. Hoje, foi um desses dias, numa reunião de pastores e anciãos foi feita referência ao descuido que se verifica nos momentos dedicados ao culto solene; anúncios intermináveis, e até intervenções desnecessárias depois da pregação da Palavra de Deus. Talvez, isto em muitas igrejas de cariz evangélico não seja motivo de reparo. Na Igreja que defende verdades e doutrinas distintivas não deveria acontecer. Uma Igreja como a Igreja Adventista do Sétimo Dia deve ter uma marca que a distingue de todas as outras tanto no fundo como na forma.
Também é verdade que alguns no afã de defender essa “marca distintiva” têm caído no extremo, seja porque criaram um conceito que se tornou uma “tradição” e não permitem nenhuma alteração, ou ainda, porque acham que o culto deve ser um momento de penumbra ou um momento social com carácter religioso.
Parece-me que muitas destas opiniões não se baseiam nem na Bíblia, nem sequer no Espírito de Profecia. Assim, o que pretendo exprimir é que a Igreja Adventista surgiu em reacção à tradição e a doutrinas que tinham sido deixadas no baú do esquecimento. Essa reacção levou à exclusão dos adventistas americanos das suas igrejas mães e continua hoje ao sermos erroneamente chamados uma "seita".
Nem eu, nem nenhum Adventista tem receio de ser catalogado como pertencendo a uma “seita” ou “sabatista” ou outra coisa qualquer desde que como Igreja façamos as coisas segundo o Novo Testamento, ou seja, sejamos verdadeiros Evangélicos! Evangélicos no sentido de Evangelho e sê-lo sem um mínimo de preconceito. Não que seja um saudosista dos métodos do passado, mas estou bem firme de que a hora do Culto é um momento que tem que ser marcante. Obviamente, não estou a defender que se tenha que pregar 1 hora, mas a Palavra tem de ser pregada com poder e sem ter o espírito dividido pelo facto de se saber que uma irmã tem que ir dar o almoço ao marido que não é adventista!
Às vezes, a impressão que há muitos irmãos que entram no lugar de culto como se entrassem numa dessas explanadas onde se serve comida fast food. Temo até, que qualquer dia, com os meios técnicos que existem se vá a uma cozinha de fast food e se leve a comida para casa e lá se coma sem ser necessário de estar no lugar do Culto, sem o convívio com os que são meus companheiros na peregrinação para a Canaã Celeste!
Creio ser importantíssimo que, como Igreja e indivíduos, mantenhamos a nossa identidade adventista. Afinal, se Deus nos levantou como um povo e nos guiou por experiências que talharam a nossa memória colectiva tais como a ênfase na Segunda Vinda e no Santuário, precisamos como Igreja manter essa identidade para sermos fiéis ao chamado divino no passado e por conseguinte, amealhar forças que direccionei o nosso chamado presente e futuro.
Tendo dito isto, creio ser importante ressaltar a primazia e centralidade do Evangelho na adoração adventista sobre quaisquer outras doutrinas. Por isso quando eu digo que a adoração Adventista é evangélica, refiro-me à primazia desse aspecto da Adoração, o Evangelho.
Embora a palavra "evangélica" tenha adquirido conotações denominacionais, creio que não devemos esquecer o seu real sentido de "Evangelho". Por isso, a palavra "evangélica" deve definir a adoração Adventista também. Precisamos dar a nossa contribuição ao cristianismo na maneira como vivemos o nosso cristianismo/adventismo como "evangélicos".
Para isso, precisamos articular todas as nossas doutrinas à luz do Evangelho, especialmente a nossa visão de adoração. Alguém disse que "Evangelizar não é salvar almas, é formar adoradores." Por outras palavras:
É irrelevante enfatizar o Sábado sem o pano de fundo evangélico
É irrelevante enfatizar o Santuário sem o pano de fundo evangélico
É irrelevante enfatizar as profecias sem o pano de fundo evangélico
É irrelevante enfatizar a "identidade adventista" se os nossos irmãos não compreendem o Evangelho nos nossos cultos
É irrelevante enfatizar a música de boa qualidade quando o Evangelho é apresentado à pressa nos nossos púlpitos.
E assim por diante. Calculo que a reacção de alguns leitores vai servir como amostra de quantos dão importância aos anúncios, e referencias desnecessárias em detrimento de uma preparação silenciosa e calma, onde o Espírito se manifeste no coração fluindo de lá para o Trono em oração. Ao mesmo tempo traga poder ao púlpito e a todos quantos nessa hora como “sacerdotes” se querem apresentar diante de Deus e do Seu povo.
Finalmente, acredito que somente o Evangelho, vivido e pregado com poder, será capaz de reavivar as nossas igrejas, tornar relevante os nossos estilos musicais e potencializar a nossa adoração. Ah, Paulo também já pensava assim quando disse:
"Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê." (Rom. 1:16)