1o.) O uso da Bíblia só segundo pareça conveniente, incoerentemente segmentando o seu conteúdo, usando e abusando de seus textos, sentenças e mesmo palavras isoladas, sem levar em conta O TEOR GLOBAL de seu ensino, mesmo desqualificando-a como um livro indigno de confiança quando suas palavras não pareçam convenientes, encontrando “contradições gritantes” em sua mensagem, o que torna o seu emprego pelos próprios espíritas como injustificável, já que é um livro que não serve para defender doutrinas (a não ser as espíritas, em segmentos seletos).
2o.) A visão distorcida da Divindade, negando que tenhamos um “Deus pessoal” e deixando de entender que Deus não é só AMOR, como também JUSTIÇA. Esse tipo de Deus “Saci Pererê” do espiritismo (que se apóia só sobre uma “perna”—a do amor), com a imagem do Deus bíblico condenada como injusto por causa de relatos do Velho Testamento que espíritas não conseguem entender à luz de sua contextualização cultural, histórica, e dentro do TEOR GLOBAL do ensino bíblico, impede-os de realmente entender que na cruz houve o encontro de AMOR e JUSTIÇA (Salmo 85:10).
3o.) A visão até ingênua de que o Novo Testamento é superior ao Velho no que tange aos atos divinos, por causa do muito "sangue derramado" da primeira parte das Escrituras, quando no Novo Testamento há até mais sangue derramado, como nos relato das fulminantes mortes de Ananias e Safira (Atos 5), o apedrejamento de Estêvão (Atos 7:54-50), a morte de Herodes, comido por vermes (Atos 12:20-23), e especialmente nas descrições detalhadas do castigo final aos ímpios em Apocalipse, especialmente 14:19, 20 (o lagar do castigo com sangue que se espalha por quase 300 km), com ainda a festança das aves sobre as carnes dos inimigos do povo de Deus (19:20, 21). Estas passagens mostram a severidade do castigo divino, pois Deus não é só amor, mas também justiça, como já destacado no 2o. tópico, acima.
4o.) A negação da Divindade de Cristo, colocando-O na categoria de um ser criado, em vez de ser Ele próprio o Criador de todas as coisas, como lemos em João 1:1-3 (“todas as coisas foram feitas por Ele [o Verbo que Se fez carne], e sem Ele nada do que foi feito se fez"), confirmado por Hebreus 1:2. Cristo tinha o título de “filho do homem” e “Filho de Deus” pois falava segundo duas perspectivas--como o próprio Deus feito carne, de modo muito além de nossa limitada compreensão, e como o submisso “Servo sofredor” que aceitou assumir a taça do sofrimento e dor humanos para pagar o preço do pecado. Assim, ninguém terá desculpas no Juízo de que Deus não pode Ser um justo juiz por desconhecer por experiência própria as lutas e sofrimento do homem nesta vida. Ele conhece, sim, as nossas dores, pois foi “ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53:5).
5o.) A noção de que Cristo veio trazer uma nova e revolucionária legislação, eliminando os 10 Mandamentos como normativos aos cristãos e trocando-os pela “lei áurea” de “amor a Deus” e “amor ao próximo”, quando em tal “lei áurea” Ele apenas repete o que Moisés já havia dito em Lev. 19:18 e Deu. 6:5, sintetizando a lei divina. Sempre, em todos os tempos, a lei de Deus teve como princípio subjacente o amor—a Deus e aos semelhantes, pelo que Cristo não apresentou nenhuma “novidade cristã” como pensam os espíritas e outros mais.
6o.) A negligência em dedicar o sétimo dia da lei divina—que tem os primeiros quatro mandamentos tratando do aspecto do “amor a Deus sobre todas as coisas” da “lei áurea”—ao Senhor, enquanto destaca só a segunda parte dessa “lei áurea”, do “amor ao próximo como a nós mesmos”, embora Jesus tenha atribuído peso idêntico a ambos os preceitos básicos de Sua lei, com prioridade inclusive ao “amor a Deus sobre todas as coisas” (Mat. 22:36-40 e 10:37). Sendo que o sábado é indicado como “sinal” entre Deus e o Seu povo (Êxo. 31:17 e Eze. 20:12, 20), não contando com tal sinal (ou “selo”, cf. Rom. 4:11), os espíritas não podem identificar-se como pertencendo ao povo de Deus, especialmente quando negligenciam cumprir outras ordenanças típicas da fé cristã.
7o.) A negação do conceito de “pecado”, ante a alegação de que os homens é que formulam as suas leis, com o que a idéia de “lei de Deus” não faz sentido, por serem as leis “restritivas” e prejudiciais à liberdade humana. A Bíblia, porém, ensina que “a lei do Senhor é perfeita e restaura a alma” (Sal. 19:7) e que “pecado é a transgressão da lei” (1 João 3:4). Tal como as leis de um país nos informam sobre o tipo de governo que o dirige, a lei de Deus é um transcrito do Seu caráter. Assim como “Deus é amor”, Sua lei será de amor. E como Deus é justo, Sua lei será a máxima expressão de justiça. Ademais, a genuína liberdade só existe no respeito à lei divina, pois os que vivem sob a escravidão do erro e da maldade assim se acham exatamente por desconsiderarem tal lei, daí sofrendo severas conseqüências. As leis de Deus visam ao nosso melhor bem, e não a nosso prejuízo.
8o.) A não-adoção de sacramentos cristãos típicos e claramente instituídos ou endossados por Jesus Cristo, como o batismo e a Santa Ceia, confirmados por Paulo como essenciais para a expressão da fé no que Cristo realizou por nós, dedicação e reconsagração de vida segundo o Novo Caminho indicado na Palavra de Deus que é assumido por aquele que crê.
9o.) A negação da existência de Satanás e demônios a seu serviço, o que torna a Jesus um mentiroso, pois Ele deu testemunho claro da existência de tal ser ao dizer: “Eu via Satanás, como raio, cair do céu” (Luc. 10:18), além dos muitos relatos bíblicos de Seus confrontos com demônios que expulsava de vitimados por seu domínio, bem como o relato de Sua tentação no deserto, relatada por diferentes evangelistas, quando confrontou o diabo e o derrotou à base do Sola Scriptura. O “está escrito” foi a grande arma de Cristo, não realizações sobrenaturais, de que Ele poderia tranqüilamente valer-Se (ver Mateus 4 e Lucas 4).
10o.) A negação do castigo eterno aos pecadores impenitentes, já que se prega uma idéia de evolução constante pela qual os indivíduos aprenderão com os erros de uma vida para corrigi-los numa próxima existência, assim evoluindo na sua jornada pelas várias vidas mediante a reencarnação, com o que os malfeitos se eliminam gradualmente. Jesus, porém, advertiu: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” (Mat. 7:13). E a linguagem de condenação eterna dos que forem até o fim sem se arrepender é claríssima em muitas passagens tanto do Velho quanto do Novo Testamento. O próprio Cristo anunciou que no final haverá a ressurreição da vida e a ressurreição da condenação, e que os que não aceitarem a oferta de Salvação propiciada por Deus Nele irão perecer, pois “quem crê e for batizado, será salvo; quem não crê, será condenado” (João 5:28, 29 e Mar. 16:16).
11o.) A tese de salvação universal, noção que não inspira ninguém a crescer espiritualmente, já que sempre se pode deixar para depois o devido preparo e progresso ético, moral, espiritual, sendo que no final todos terão o mesmo destino, mais cedo ou mais tarde chegando lá. Jesus não disse para ninguém conformar-se em ser um cristão “mais ou menos” e sim desafiou a todos: “Sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mat. 5:48).
12o.) A idéia de salvação dever-se às obras humanas, uma impossibilidade que contraria o TEOR GLOBAL do ensino bíblico, sobretudo diante da exposição clara, didática, insofismável de Paulo [o “codificador dos evangelhos”] quanto ao papel da graça de Deus como única fonte de salvação, sendo as obras mera demonstração da genuinidade da fé salvadora. Qualquer noção de que obras humanas, imperfeitas como sempre serão, “contem pontos” para a salvação é uma afronta ao Senhor e Salvador Jesus Cristo. É o mesmo que dizer-Lhe que o Seu supremo sacrifício expiatório foi incompleto, daí precisamos acrescentar algo de nossa própria experiência à experiência Dele, num impossível paralelo do humano e imperfeito com o divino e absolutamente perfeito.
13o.) O apego à experiência sobrenatural, o “ver” e o “sentir” como base da fé, quando Jesus louvou os que creram sem ver ou sentir: “Bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20:29). Muitos gostam de sentir-se “especiais”, “usados por Deus”, e espíritas convertidos ao evangelho de Jesus Cristo contam que uma das coisas que os atraíram a essa religião foi justamente a vaidade que lhes é incutida de terem dons de “mediunidade”, ou uma “missão a cumprir” entre os homens. Paulo acentuou, citando um profeta bíblico, que “o justo viverá pela fé” (Rom. 1:17, cf. Hab. 2:4).
14o.) A noção típica de todos os povos pagãos, do presente e do passado, de que o homem é um ser dualístico, formado por um corpo material e uma alma imortal, que prossegue viva e consciente na morte, quando o ensino bíblico é de que Deus criou o homem para viver como um ser físico, num paraíso físico, e que por conseqüência do pecado passou a experimentar a morte. A única forma de restaurar a vida é pela RESSURREIÇÃO DOS MORTOS, que representa a vitória sobre a morte e a sepultura, como diz Paulo em 1 Cor. 15:54, 55. Entre a morte e a ressurreição nada existe, pois os que morrem, como no sono, nada sabem do que se passa, não têm conhecimento de coisa alguma e adentram o mundo do silêncio (Ecl. 9:5, 6, 10; Sal. 6:5 e 115:17).
15o.) A noção de reencarnação, negando o claro ensino bíblico de que só mediante a ressurreição dos mortos, bem detalhadamente descrita em várias passagens, como Ezequiel 37, 1 Coríntios 15, 1 Tessalonicenses 4:13-16, é que alcançaremos a vida eterna, que é apresentada na Bíblia como um dom de Deus aos que se habilitarem a para sempre habitar nos lugares que Cristo prometeu preparar para os Seus fiéis, e que iriam ser ocupados quando Ele retornasse para vir buscar os Seus (ver Rom. 2:7; 2a. Tim. 1:10 e João 14:1-3).
16o.) A negação da volta de Cristo em glória e majestade, embora citem textos como Mateus 16:27 que fala claramente dessa volta, e muitos outros claros versos das Escrituras. E Sua volta é a única saída para tirar o homem do “aperreio” em que se acha, em decadência moral e espiritual clara e evidente, e não o progresso rumo a um róseo futuro, como indicado pelo espiritismo.
17o.) A própria idéia de que graças às contínuas reencarnações a humanidade só tem melhorado e só haverá de melhorar mais e mais no futuro, quando isso não só está inteiramente fora da realidade, com nega as profecias bíblicas, proferidas pelo próprio Cristo, que fala que os tempos que antecederiam a Sua volta literal e visível seriam uma repetição da maldade de Sodoma e Gomorra, ou dos dias anteriores ao dilúvio. Isso é confirmado por Paulo, Pedro e outros autores bíblicos.
18o.) A possibilidade de comunicação entre vivos e mortos, sendo que a proibição divina é clara a respeito, tanto em Deu. 18:9-11 como séculos depois confirmada em Isa. 8:19, 20. Sendo que não há uma “alma imortal” que tenha consciência após a morte do corpo, e o indivíduo na morte permanecerá como num sono inconsciente até a ressurreição, qualquer suposta comunicação entre vivos e mortos é claramente suspeita, e proibida por Deus que quis proteger o Seu povo de terríveis enganos satânicos nessa linha.
19o.) A noção de que o espiritismo moderno, desde o século XIX, seria a promessa do Cristo de que o Consolador seria enviado (João 16:7), quando o verso seguinte diz que tal Espírito teria a função de convencer o mundo “do pecado, e da justiça e do juízo”. E o vs. 13 declara que “quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir”. Mas os espíritas NEM CRÊEM em “pecado”, nem em “juízo”, pois o sentido é claramente o que se harmoniza com o TEOR GLOBAL do ensino bíblico, e não reinterpretações extrabíblicas criadas para ajustar-se a pressupostos realmente alheios ao ensino de Jesus Cristo e Seus apóstolos. Nem os sinceros servos de Deus passaram a ser convencidos da “verdade, da justiça e do juízo” só a partir de Allan Kardec.
20o.) A prática comum de espíritas não só se considerarem “superiores” por não terem profissionais da religião, como porem-se a julgar com generalizações aéticas os demais religiosos como exploradores do povo, por causa do sistema de dízimos e ofertas nas Igrejas, atribuindo indiscriminadamente rótulos negativos a seus pastores, além de também tratarem os evangélicos em especial como “bibliólatras”, “fundamentalistas”, “bitolados” e outros títulos dessa linha, esquecendo-se do mandamento do Cristo, "não julgueis para que não sejais julgados" (Mat. 7:1).