30/03/12

QUAL O SIGNIFICADO DE CÉUS (plural) E TERRA - Isaías 66:22?

Muitas pessoas ao lerem Isaías 66:22 interrogam-se sobre esta diferença entre plural e singular.

O profeta Isaías no verso 22 apresenta a restauração de todas as coisas quando findar o pecado sobre este mundo. A segunda vinda de Cristo será marcada de restauração plena não apenas dos seres humanos que aguardam a Sua vinda com temor, obediência e amor mas também trará restauração física para o planeta Terra. Bom, para o planeta Terra todos nós sabemos, porém, temos que ter em mente que o texto também aplica a restauração além da terra usando a expressão céus. Alguns ensinam que os céus que serão restaurados serão os céus atmosféricos (ver 2ª Coríntios 12:2*). Este céu realmente será restaurado, porém temos que ter em mente que os céus das aves já fazem parte da terra como num todo. Portanto fica evidente que algo além deste planeta está nos planos da restauração. Mas como poderia os céus além da terra serem restaurados se lá não houve a infecção do pecado?
Análise do contexto

Antes do pecado entrar neste mundo, antes mesmo da terra ser criada, sabemos que no céu houve um ser que cometeu pecado. Lucifer rebelou-se contra Deus e contra a sua lei no céu e consequentemente arrastou um terço dos anjos que serviam e amavam a Deus. Use a sua imaginação e reflita nisto. Como conseguiu Lucifer pôr em causa o caráter de Deus de tal forma a conseguir fazer que uma terça parte de anjos também se revoltasse contra Deus? Que tipo de argumento usou ele e quão perfeita foi a sua capacidade de argumentação a ponto de levar seres perfeitos a terem dúvidas da justiça divina?
Não nos foi revelado o nível de argumentação e intelecto usado por Lucifer para conseguir tal façanha, mas sabemos pelos resultados, que ele foi surpreendente e extremamente capaz de realizar tal proeza. Não é à toa que a Bíblia diz que ele era muito sábio, perfeito e cheio de resplendor (Ezeq. 28:16 e 17).

Lucifer questionou o caráter de Deus de tal forma que semeou dúvidas quanto a Sua integridade, caráter e justiça. Essa dúvida permeou não apenas o entendimento dos anjos que com ele caíram, mas também de todo o Universo. Todos os anjos e seres criados por Deus em todo o vasto universo não foram infectados mas foram afetados pelo pecado através da dúvida (1).

Falando a respeito das acusações de Satanás contra Deus e a Sua lei encontramos esta afirmação:
“No início do grande conflito, declarara Satanás que a lei divina não podia ser obedecida, que a justiça era incompatível com a misericórdia, e que, fosse a lei violada, impossível seria ao pecador ser perdoado. Cada pecado devia receber seu castigo, argumentava Satanás; e se Deus abrandasse o castigo do pecado, não seria um Deus de verdade e justiça. Quando o homem violou a lei divina, e lhe desprezou a vontade, Satanás exultou. Estava provado, declarou, que a lei não podia ser obedecida; o homem não podia ser perdoado. Por haver sido banido do céu, depois da rebelião, pretendia que a raça humana devesse ser para sempre excluída do favor divino. O Senhor não podia ser justo, argumentava, e ainda mostrar misericórdia ao pecador.” (2)

Como já dissemos, anteriormente, não nos foi revelado toda argumentação usada por Satanás para iludir os anjos contra a integridade de Deus, mas podemos saber que as acusações e todas as argumentações foram levantadas contra a misericórdia, o amor, a justiça, caráter e especialmente a lei de Deus. Não precisamos nem mesmo do Espírito de Profecia para entender dessa forma, uma vez que a própria Bíblia explica que pecado é a transgressão da lei (I João 3:4). Se o pecado é a transgressão da lei, então este foi o ato de satanás contra Deus no céu. E ele não somente cometeu a transgressão à lei de Deus mas também levou a terça parte dos anjos com ele nessa transgressão e consequentemente, os moradores da Terra.

Todos os céus foram afetados pela dúvida. Todos mesmo entre os que restaram no céu, ainda ficaram com dúvidas quanto a justiça de Deus por muito tempo. Mesmo após a expulsão dos anjos rebeldes do céu (Apoc. 12:7-9), mesmo os que sobraram nas alturas dos céus ainda permaneceram abalados. Deus ainda não havia se defendido contra as acusações do anjo rebelde, e esse aparente silêncio de Deus permitiu que os anjos que permaneceram fiéis alimentassem e permanecessem com a dúvida, de quem estava a ser coerente e verdadeiro, Lucifer ou Deus?

Pasmem se acreditarem, mas a dúvida nos seres que ainda restaram no céu durou ATÉ A CRUZ. Mesmo com toda a consequência do pecado, mesmo com a ruína e degradação da humanidade, mesmo com os resultados do sofrimento e morte, os anjos que ficaram no céu ainda demostravam afeição a satanás. A esse respeito o Espirito de Profecia descreve que:

“Satanás viu que estava desmascarado. A sua administração foi exposta perante os anjos não caídos e o Universo celestial. Revelara-se um homicida. Derramando o sangue do Filho de Deus, desarraigou-se Satanás das simpatias dos seres celestiais. Daí em diante sua obra seria restrita. Qualquer que fosse a atitude que tomasse, não mais podia esperar os anjos ao virem das cortes celestiais, nem perante eles acusar os irmãos de Cristo de terem vestes de trevas e contaminação de pecado. Estavam rotos os derradeiros laços de simpatia entre Satanás e o mundo celestial. Todavia, Satanás não foi então destruído. Os anjos não perceberam, nem mesmo aí, tudo quanto se achava envolvido no grande conflito. Os princípios em jogo deviam ser mais plenamente revelados. E por amor do homem, devia continuar a existência de Satanás. O homem, bem como os anjos, devia ver o contraste entre o príncipe da luz e o das trevas. Cumpria-lhes escolher a quem servir.” (3)

Deus quebrou o seu silêncio na cruz. No auge do conflito entre Cristo e Satanás que envolvia não somente os seres deste mundo mas também os dos mundos não caídos, Deus quebra seu silêncio surpreendendo todos os seres em todos os cantos do universo. Parecia que o mau estava triunfando, parecia que Deus estava perdendo no grande conflito, parecia que satanás teria seu triunfo final. E foi neste exato momento que Deus surpreendeu a todos com sua grandeza, seu amor e sua justiça aliada a sua misericórdia. A morte de Cristo aparentou o triunfo de satanás, mas esse triunfo não durou mais do que algumas horas do sexto dia até o primeiro dia da semana, porque a ressurreição de Jesus horas depois, amargou esse triunfo dando sabor de derrota e destruição. A máscara de satanás caiu definitivamente ali e todos no universo puderam ver seu verdadeiro caráter.

A cruz foi a prova de que Deus é justo e ao mesmo tempo misericordioso. Deus não quebrou e nem anulou sua lei. Caso fizesse isso provaria a todos que satanás tinha razão ao afirmar que não podemos guarda-la. Se condenasse, também provaria que não possuía misericórdia e compaixão. Parecia que estava tudo perdido e o próprio satanás não imaginava que Deus tinha uma carta nas mangas que pudesse resolver o conflito com justiça e ao mesmo tempo com misericórdia e amor. Até ele ficou surpreendido com tal atitude de Deus.

A morte de Cristo é a maior prova que a lei não muda e que jamais mudará. Sua morte serviu também para engrandecer o sentido da lei (Isaías 42:21), tornando-a gloriosa. Engrandecendo a lei, consequentemente engrandeceria seu caráter e provaria que é um Deus justo, pois sua lei é reflexo pleno de seu caráter e justiça. A morte de Cristo ao mesmo tempo que engrandeceria a lei de Deus, também mais ainda engradeceria seu amor, sua misericórdia e sua compaixão, porque Cristo assumiu na cruz as nossas transgressões, tornando-se pecado por nós, nos salvando sem anular sua santa lei.
Cristo cumpriu as exigências da lei e ao mesmo tempo as exigências de seu supremo amor. Em outras palavras, Jesus preservou a integridade da lei e ao mesmo tempo preservou a integridade de nossa salvação mediante seu sacrifício honroso. Ele preferiu morrer do que perder o valor de sua lei e do que perder eu e você. Isso não é maravilhoso? Não há vocabulário que possa descrever esse acontecimento na altura de sua grandeza.

Não deveria esse fato fazer brilhar em nossas vidas o desejo profundo de cada vez mais amar e devotar nossas vidas aos pés da cruz? Não deveria fazer arder nossos corações ao ponto de fazer valer nossa fé, afeição e entrega plena de todo nosso ser a Jesus Cristo?
Porque que muitos andam com tanta indiferença e com espírito questionador diante de Deus e dos homens? Será que tudo o que aconteceu ainda não foi suficiente para nos despertar para a grandeza de Deus?
No dia em que entendermos bem o que custou a vida de Cristo por nós, de fato acontecerá uma revolução nos nossos comportamentos; palavras, pensamentos e devoção. De fato tornaremos insignificantes as coisas desta vida e deste mundo. Deixaremos de ser idólatras, de ser apegados ao dinheiro, de ser apegados aos pecados da vida, aos vícios, a tudo. Deixaremos de ser murmuradores e indolentes. Mas ainda há tempo. Enquanto estivermos vivos, o Espírito de Deus nos importunará, porque Ele deseja que ninguém se perca.

Com isso podemos entender o porque que a restauração será plena tanto na terra quanto no céu. Deus restaurará a terra porque ela foi infectada pelo pecado, e Deus restaurará os céus porque o universo foi afetado pela semente da dúvida e desconfiança da integridade da justiça e caráter de Deus semeada pelo anjo caído. Desconfiança que terminou na cruz e será completamente finalizada com a restauração final e erradicação de todo o mal. Assim todos no universo e até mesmo os impios dirão que Deus foi justo em todos os seus atos, pois Ele restaurará plenamente a harmonia e a paz que existia no universo antes do pecado (4).
Em Hebreus 2:3 encontramos um sério apelo: "como escaparemos nós, se descuidarmos de tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi- nos depois confirmada pelos que a ouviram".

Bibliografia
(1) Ver todo o contexto da queda de Lucifer e o princípio do pecado no céu e na terra nos livros: História da Redenção e Patriarcas e Profetas.
(2) Desejado de Todas as Nações, pág. 761
(3) Desejado de Todas as Nações, pág. 761, 762
(4) Leia os últimos capítulos do livro Grande Conflito.
* 2ª Coríntios 12:2, Paulo foi arrebatado ao terceiro céu, daí a compreensão; 1) céu atmosférico; 2) céu estelar; 3) céu onde Deus e os anjos habitam.
Um abraço em Jesus.

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