Objeção: Os Adventistas citam muito o AT como prova das suas
Doutrinas, especialmente a Lei e o Sábado. Já os cristãos encontram as suas
orientações e doutrinas no NT.
RESPOSTA: Nós citamos muito o Antigo Testamento, como também
citamos muito do Novo. Na verdade, nós não fazemos distinção de autoridade
entre o Antigo e o Novo Testamento, e é por essa mesma razão que nós somos
cristãos. Acreditamos que toda a Bíblia, do Génesis ao Apocalipse, é inspirada
por Deus e, portanto, com razão, o GUIA para as nossas vidas.
Algumas pessoas, quando discutem sobre a Lei e o Sábado,
procuram estabelecer um contraste, ou mesmo conflitos entre o Antigo e o Novo
Testamento, como se o primeiro fosse de pouco ou nenhum valor e completamente
substituível por este último. Este falso contraste está na raiz de grande parte
do raciocínio errado, que marca os argumentos daqueles que afirmam que a Lei e
o Sábado foram abolidos na cruz.
A “Bíblia” dos apóstolos era o que hoje é conhecido como o
Velho Testamento. Os primeiros escritos dos primeiros cristãos não começaram a
surgir vinte, trinta ou mais anos após a ascensão de Cristo. Também não existiam
prensas de impressão e serviços de correio para rapidamente distribuir esses
escritos. Só aos poucos é que eles ganharam circulação. É inteiramente razoável
acreditar que, durante o primeiro século da era cristã o termo Escrituras,
mencionado várias vezes no Novo Testamento, era amplamente entendido como o que
chamamos Antigo Testamento.
Cristo admoestou os judeus “Examinais as Escrituras, porque
julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim“ (João
5:39). E então ele acrescentou: “… se, de fato, crêsseis em Moisés, também
creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes
nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” (João 5:46-47). A razão
pela qual os discípulos não compreenderam os acontecimentos da semana da
crucifixão era que eles não entendiam corretamente as Escrituras, o Antigo
Testamento. (Ver Lucas 24:27). No dia da ressurreição Ele mostrou-lhes como a
Sua morte e ressurreição foram um cumprimento da profecia: “Então, lhes abriu o
entendimento para compreenderem as Escrituras“ (Lucas 24:45).
Nem os apóstolos deram qualquer evidência de que deviam
suprimir o Velho Testamento em favor de alguns escritos que eles começaram a
produzir. Paulo escreveu a Timóteo: “…desde a infância, sabes as sagradas
letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda
a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem
de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2
Timóteo 3:15-17).
Tanto Cristo como os apóstolos citavam
repetidamente o Antigo Testamento para a confirmação de seus
ensinamentos. Para Satanás, Cristo disse: “Está escrito”, e três vezes citou o
Antigo Testamento. (Ver Mateus. 4:4-10). Ele repreendeu os escribas e fariseus,
citando o quinto mandamento, do livro do Êxodo, e citando as palavras de
Isaías. (Ver Mateus. 15:1-9). Veja também o diálogo de Cristo com o jovem rico
e com o doutor da Lei (Mateus 19:16-19, Lucas 10:25-28). Textos de grande
importância, nestas referências ao Antigo Testamento estão de forma objetiva citações
aos Dez Mandamentos.
Como pôde Paulo provar que todos os homens, judeus e
gentios, eram culpados diante de Deus e, portanto, tinham necessidade da
salvação oferecida por Cristo? Citando o Antigo Testamento. (Veja Romanos
3:9-18). E como sabia ele que era um pecador perante Deus e necessitava do
evangelho? Chamando à mente o que foi escrito no Antigo Testamento, mais
especificamente o que foi escrito nos Dez Mandamentos (Veja Romanos 7:7). Para
a igreja de Roma, Paulo ordenou: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma,
exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem
cumprido a lei.” (Romanos 13:8). Ele professa estar estabelecendo um novo
código, o qual foi o resultado de uma nova revelação a ele dada? Não. Ele cita
o Antigo Testamento, especificamente os Dez Mandamentos. (Ver os versículos 9 e
10 de Romanos 13) E como é que Paulo apoiava o seu apelo para os filhos obedecerem
a seus pais? Citando o Antigo Testamento, especificamente os Dez Mandamentos.
(Cf. Efésios 6:1-3).
Como desenvolveu Tiago o seu argumento de se ter “respeito
às pessoas”, ele estabeleceu novas leis? Não. Ele cita o Antigo Testamento,
concentrando-se nas citações dos Dez Mandamentos. (Veja Tiago 2:8-12). E que
prova ofereceu Pedro em apoio à sua declaração de que deveríamos ser “santos”?
“porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pedro 1:16). A prova
é uma citação de Levítico 11:44 “Eu sou o SENHOR, vosso Deus; portanto, vós vos
consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo“.
As Escrituras, do Génesis ao Apocalipse, são um todo. A
fonte do Antigo e do Novo Testamento é a mesma: a inspiração do Espírito de
Deus. O seu objetivo é o mesmo: desdobrar o plano de Deus, revelar a Cristo,
alertar contra o pecado, e apresentar o santo e correto padrão de Deus.
Alguém há muito bem observou: O Novo Testamento está
escondido no Antigo, o Velho Testamento é revelado no Novo. Podemos compreender
melhor a promessa no último livro da Bíblia, de uma recriação, uma nova terra,
e uma árvore da vida, quando nos voltamos para o primeiro livro da Bíblia que
os descreve. A terra boa, com a sua árvore original da vida, que saiu das mãos
de Deus quando Ele primeiro criou este mundo. Compreendemos melhor o
significado da cruz, e as palavras de Cristo: “E eu, quando for levantado da
terra, atrairei todos a mim mesmo”, quando lemos o relato da queda do homem.
Nós não devemos esquecer que os títulos “Antigo Testamento” e “Novo
Testamento” são títulos dados pelo homem. Os escritores da Bíblia, portanto,
não dividiam assim as Escrituras. Ambos os Testamentos tratavam sobre o
drama do pecado e da salvação. O Antigo Testamento apresenta a promessa de uma
nova terra e um novo pacto, bem como retrata as iniquidades do homem desde os
primeiros dias. O Novo Testamento descreve em pormenor o “velho homem” do
pecado e o antigo problema da rebelião do homem, bem como descreve o “novo
homem” em Jesus Cristo e as glórias de um mundo vindouro.
A inter-relação do Antigo Testamento com o Novo, a
dependência um do outro, jamais foi compreendida pelo nosso adversário, o
Diabo. É por isso que ele há muito tempo começou seus ataques contra a Bíblia,
procurando minar a historicidade e autenticidade do Velho Testamento. Foi nesse
ponto que a maior crítica a Bíblia começou. E com o velho destruído, o novo
logo desmorona por falta de fundamento histórico e significado. É compreensível
que os modernistas devam ter tido necessidade de minimizar a autoridade
espiritual e o significado do Antigo Testamento. Mas o que é inexplicável é a
atitude de alguns que se consideram fundamentalistas no que diz respeito ao
Antigo Testamento.
Qual a razão de procurem rasgar em duas a túnica de uma
única peça que é a Escritura? Porque estabelecem a doutrina de que uma santa
ordem de Deus no Antigo Testamento deve aguardar ser reestabelecida no Novo
antes que tenha autoridade na Era Cristã, quando o registo é claro de que os
escritores do Novo Testamento, citavam o Velho, não apenas para informar os
seus leitores que determinada passagem do Velho ainda era obrigatória, mas para
corroborarem que as suas declarações recentemente proferidas no Novo Testamento
concordavam com o velho e, portanto, eram igualmente vinculativas. Por outras
palavras, os apóstolos, lembravam os seus leitores que os “homens santos de
Deus” nos “velhos tempos” falaram inspirados pelo Espírito Santo, desejava que
estes leitores vissem que eles, os apóstolos, falavam pelo mesmo Espírito
Santo. (2 Pedro 1:21) Assim, repetidamente citavam em apoio à sua fundamentação
doutrinária as admoestações e palavras dos homens “santos” que escreveram o
Antigo Testamento.
É verdade que os rituais cerimoniais descritos no Antigo
Testamento expiraram, por prescrição, na cruz, para, em seguida, a sombra
conhecer a realidade. E os escritores do Novo Testamento, especificamente
atestaram, que esses ritos, conforme definidos em uma série de leis
cerimoniais, tinham chegado ao fim. Mas esse fato em nada faz o Velho
Testamento inferior ao Novo ou justifica a alegação de que o novo suplantou o
antigo.
Extraído do Livro “Answers to objections – Respostas a
Objeções” de Francis D.Nichol págs 15 e 16.
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