10/09/10

RAZÕES PARA OBSERVAR O SÁBADO

Introdução: Vamos tratar de um assunto relevante, o Sábado. Um estudo cuidadoso a este respeito, tanto do ponto de vista doutrinário como histórico deixará bem claro que o dever do homem de guardar o Sábado permanece enquanto ele existir sobre a terra.
A palavra “Sábado” vem do hebraico “shabath”, significa: desistir, cessar, acabar, pausa, interromper, donde vem a idéia de descanso. Logo depois que se completou a grande obra da criação, foi instituído o Sábado (Gn. 2:1-3), e, por causa da sua origem divina, é dia que se deve santificar perpetuamente.

I- A INSTITUIÇÃO DO SÁBADO – GÊNESIS 2:1-3
O Sábado foi instituído no fim da Criação. No fim da semana da Criação, quando os três reinos (mineral, vegetal e animal), tinham saído com absoluta perfeição da mão do Criador, Deus estabeleceu o Sábado. A observância do Sábado não era desconhecida antes da entrega da lei no Sinai, como supõem muitos cristãos. Ela não é uma instituição privativa dos judeus. O Sábado é uma instituição que existe desde a Criação.
O Sábado foi abençoado e santificado por Deus. Após haver concluído todo o trabalho da criação, Deus descansou no sétimo dia e lhe conferiu a benção e a santificação, dois atributos que nenhum outro dia da semana possui. O Criador descansou não porque estivesse cansado, mas para dar exemplo ao homem criado (Is. 40:28). Deus o separou dos demais dias para nele o homem também santificar o Seu nome. Santo ou santificado quer dizer: separado para o fim do que é santo.

II- O SÁBADO NO ANTIGO TESTAMENTO

O Sábado foi observado por Abraão, o pai da fé (Gn. 26:5). Tanto no Antigo como no Novo Testamento, a experiência de Abraão é apresentada como grande exemplo de justiça pela fé em Cristo (Gl. 3:6-14). Abraão obedeceu, porém, às leis de Deus. A observância do Sábado não era uma experiência legalista para ele. Constituía uma benção, pois era um ato de fé no seu Criador.
O Sábado foi observado antes de ser dada a lei no Monte Sinai (Êx. 16:4,5,16-30). Os israelitas foram lembrados do Sábado antes da entrega dos Dez Mandamentos no Sinai. Eles deviam colher uma porção dobrada de maná no sexto dia, a fim de santificar o Sábado do sétimo dia. O período de escravidão no Egito (400 anos) interrompera a prática de sua observância religiosa. Depois do Êxodo, o Senhor reapresentou o Sábado. Note atentamente as palavras “prova” e “lei” no verso 4. Elas indicam claramente a existência da lei e do Sábado como prova de lealdade antes do Sinai.
A observância do Sábado foi incluída no quarto mandamento da Lei de Deus (Êx. 20:8-11). Quando Deus entregou Sua lei na forma escrita, incluiu o Sábado como o dia de repouso. Entre os dez mandamentos só no quarto pode-se identificar o Criador do Universo. É o centro da Lei e sinal entre Deus e o Seu povo (Êx. 31:12-17; Ez. 20:12,20). Entre os Dez Mandamentos, o 4º é o mais citado pelos escritores sagrados, demonstrando isto que Deus teve o cuidado de sempre lembrar ao homem o seu dever de santificá-lo.

III- CRISTO E O SÁBADO
1 - O Sábado foi observado por Jesus em seu ministério terreno (Lc. 4:14-16,31): A visita de Jesus à sinagoga da cidade em que Ele residiu ocorreu no fim de uma série de pregações e ensinos aos sábados. Em regra, tanto a presença de Jesus como a de Paulo, numa sinagoga, indicam a observância do Sábado. O “costume” (gr. Nomos: observância conforme a lei) de Jesus era freqüentar, regularmente, a sinagoga aos sábados, enfatiza o escritor Lucas.

2 - O Sábado, e todos os demais mandamentos, foram defendidos por Jesus (Mt. 5:17-20): Jesus respondeu as acusações farisaicas de que estava destruindo a lei e os profetas (as duas partes mais importantes do Antigo Testamento), dizendo que não veio para abolir a Lei ou os Profetas. Ele não veio para abolir, mas para cumprir. Cumprir não significa apenas levar a efeito as predições, mas a realização da intenção da Lei e dos profetas. Dessa forma ele reafirma que num só “i” (iota: letra menor do alfabeto grego) nem um só “til” (um pequeno acento que formava parte de uma letra hebraica) passariam, mas que a lei toda iria ser cumprida.

3 - Jesus reafirmou a verdadeira instituição do Sábado (Mc. 2:23-28): Os rabis haviam publicado, no Talmude, uma lista de 39 grandes trabalhos proibidos no Sábado. Cada um desses trabalhos se dividia em outros menores, que também eram proibidos. Colher, debulhar e joeirar faziam parte dessa lista. Foi por isso que os fariseus acusaram a Jesus de não reprimir Seus discípulos. Então Jesus disse: “O Sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do Sábado.” O Sábado foi estabelecido para ser uma bênção, benefício, não um fardo. Por esta razão, Jesus, que instituiu o Sábado, não o cobriu de muitas ordens negativas e positivas. Ele expôs um princípio que todo indivíduo deve interpretar por si mesmo. O preceito positivo de Cristo para a observância do sábado é o seguinte: “é lícito fazer bem aos sábados” (Mt. 12:12). A ocasião em que Ele proferiu estas palavras foi durante a cura, no Sábado, do homem da mão ressequida.

IV- OS APÓSTOLOS E O SÁBADO
1 - O Sábado foi observado pelos seguidores de Jesus após sua morte (Lc. 23:54-56): “Preparação” é a palavra judaica para Sexta-feira. Nessa época do ano, o Sábado começava, aproximadamente, às 18 horas. As mulheres prepararam as especiarias e ungüentos, substâncias aromáticas usadas para ungir o corpo dos mortos, antes do Sábado, enquanto esperavam uma primeira oportunidade para uma visita ao túmulo. Porém, “no Sábado repousaram conforme o mandamento”. Como Mateus relata que a primeira visita deu-se ao pôr-do-sol no dia de Sábado (Mt. 28:1), entende-se que o verdadeiro Sábado bíblico é o período de vinte e quatro horas do pôr-do-sol da Sexta- feira ao pôr-do-sol do Sábado (Lv. 23:32; Ne. 13:19; Mc. 1:21).

2 - O Sábado foi observado pelos Apóstolos em Antioquia (Atos 13:14,15; 42-44): Essas reuniões de Sábado ocorreram durante um período de dez anos (cerca de 45 a 55 d.C.). Por que Lucas relatou todas essas reuniões que os apóstolos realizaram no Sábado, sem dizer uma só palavra sobre alguma mudança com relação ao Sábado? Por certo, se houvesse algum conselho inspirado para prestar culto noutro dia, ou para não prestar culto em dia algum, Lucas teria mencionado isso.

3 - O Sábado era observado mesmo onde não havia Igreja (Atos 16:12-15): Em Filipos, Paulo e seus auxiliares guardaram o Sábado “junto do rio”. Eles não foram lá porque o lugar era conveniente para se encontrarem com judeu; e, sim, porque nesse local lhes “pareceu haver um lugar de oração”. O relato demonstra que os apóstolos observaram o Sábado como dia de oração e testemunho.

4 - O Sábado foi também observado em Tessalônica e Corinto (Atos 17:1,2; 18:1,4,11): Alguns cristãos crêem que Paulo ia às sinagogas no dia de Sábado só porque podia encontrar ali uma assistência de judeus dispostos a ouvir o evangelho. Sem dúvida, Paulo usava as sinagogas como centro evangelístico; mas ele guardava o Sábado, quer fosse a sinagoga, quer não.

V- TIRANDO DÚVIDAS SOBRE O SÁBADO
1 - Diferença entre o Sábado moral e os Sábados cerimoniais (Ez. 20:12,20; Os. 2:11): As Escrituras Sagradas fazem referência clara a dois sábados. A saber: o Sábado moral e o Sábado cerimonial. Um é o Sábado do sétimo dia da semana. O outro ocorria em datas fixas do ano, como se fosse um feriado nacional, visto que em hebraico não existe um termo para a expressão “feriado”, pois a própria palavra “shabath” significa cessar, pausa (veja Êx. 5:4,5, onde se usa a mesma palavra no original), denotando, portanto, um descanso religioso (como os que temos no Brasil). Assim é que, em forma ampla, “shabath” assinalava certos dias de festa instituídos por quando se exigia a pausa do trabalho, mas que necessariamente não caíam no dia da semana cognominado Sábado (Lv. 16:29-31). Esses Sábados cerimoniais eram em número de sete. Eles tinham uma finalidade: “Eram sombras das coisas futuras” (Hb. 10:1).

Esses festivais sabáticos eram os seguintes:
Páscoa – 15º dia do primeiro mês;
Festa dos Pães Asmos – 21º dia do primeiro mês;
Festa das Primícias (Pentecostes) – 6º dia do terceiro mês;
Memória da Jubilação (Festa das Trombetas) – 1º dia do sétimo mês;
Dia da Expiação – 10º dia do sétimo mês;
1º Dia da Festa dos Tabernáculos – 15º dia do sétimo mês;
Último Dia da Festa dos Tabernáculos – 22º dia do sétimo mês.
2 - O Sábado que foi abolido por Deus (Cl. 2:14-17): Como já dissemos anteriormente, todos aqueles sábados cerimoniais apontavam para um futuro, ou seja para Cristo, sendo dessa forma cravados na cruz do calvário, uma vez que já tinham cumprido o seu propósito profético.

3 - A instituição do Domingo como dia de guarda (Dn. 7:25): Na primeira parte do quarto século, Constantino, o imperador romano, se tornou cristão. Ele ainda era pagão quando decretou que os escritórios do governo, cortes e as oficinas dos artesãos deveriam fechar no primeiro dia da semana, "o venerável dia do Sol", como era chamado. E foi naquele mesmo século que o Concílio de Laodicéia (321 d.C.) expressou a preferência pelo domingo. Uma vez que muitos cristãos tinham sido adoradores do Sol antes de sua conversão ao cristianismo (os adoradores do Sol guardavam o primeiro dia da semana há séculos), tornar o domingo um costume cristão seria uma vantagem para a igreja.

Assim, por vários séculos, ambos os dias foram observados lado a lado. De fato, essa prática paralela continuou até o século VI com o verdadeiro sábado sendo observado em muitas áreas do mundo cristão. Mas com o paganismo se infiltrando na igreja, sob a influência tanto da popularidade como da perseguição, o domingo foi enfatizado cada vez mais, e o sábado cada vez menos. Os escritos dos pais da igreja primitiva nos contam a história. Eles traçaram o caminho da apostasia. Eles registraram as práticas da igreja primitiva. Nenhum escritor eclesiástico dos primeiros três séculos atribuiu a origem da observância do domingo a Cristo nem aos apóstolos.

- Augusto Neander, um dos principais historiadores da era cristã, escreveu: “O festival do domingo, como todos os outros festivais, era apenas uma ordenança humana, e estava longe da intenção dos apóstolos estabelecer um mandamento divino a esse respeito. Não era intenção deles nem da igreja apostólica primitiva transferir as leis do sábado para o Domingo”
(A História da Religião e da Igreja Cristã, pág. 186).

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