31/10/10

FANATISMO E REAVIVAMENTO VERDADEIRO NA IGREJA ADVENTISTA

Tem havido um grande interesse ultimamente nos assuntos de cariz carismático dentro do Adventismo.

Parte desta apreensão dá-se pela visão de Ellen White publicada em Mensagens Escolhidas vol. 2, p. 36-39, onde ela viu os excessos carismáticos e emocionais do movimento da Carne Santa em 1900 e advertiu a Igreja contra os mesmos. O culto da Carne Santa degenerou-se em espiritualismo e incluía "tambores, gritos, dança e música". Muitos erroneamente vêem aqui uma alusão ao estilo de música sacra contemporânea, principalmente a que usa da "bateria".

Realizei um estudo para esclarecer algumas questões pessoais sobre a música da Carne Santa e seu culto que resultou no artigo "Ellen White Era Contra a Bateria na Música Sacra?", disponível aqui neste site.

Desde a publicação deste artigo tem havido respostas bastante apaixonadas por alguns blogueiros adventistas que crêem que o artigo abrirá as portas para o carismatismo na IASD. Houve ataques pessoais e inflamados no afã de proteger a "sã doutrina". Fui acusado de usar da mentira e desonestidade exegética e jornalística inúmeras vezes. Um deles até expressou o desejo de que o artigo fosse aceito de maneira universal pela igreja para que a apostasia final fosse finalmente desencadeada no Adventismo. (Quem disse que o extremismo não existe mais na IASD?)

Por outro lado, teólogos, pastores, músicos, jovens e líderes da IASD no Brasil e exterior expressaram profundo contentamento pelos esclarecimentos e desmistificação do ocorrido em Indiana em 1900 e elogiaram as conclusões equilibradas do artigo no que tange ao uso da percussão e implicações escatológicas da música adventista.

Recentemente, o site Música e Adoração publicou um artigo de George Rice intitulado "Experiências Carismáticas da Igreja Adventista: Passado e Futuro" escrito quando este fez parte no White Estate em 1990 e que, segundo alguns blogueiros adventistas, contradiz as conclusões do meu artigo, ou apresenta a opinião "oficial" da IASD sobre a visão de Indiana. Essas são alusões claras às "heresias" da minha pesquisa.*

No entanto, uma leitura mais detalhada do artigo mostra que Rice não contradiz as conclusões que apresentei no artigo sobre a bateria. Ele não trata da parte que a "bateria" ou percussão supostamente terão na escatologia adventista. Rice cita a visão de Indiana e trata de contextualizar os "tambores" da visão estritamente ao contexto de 1900 como eu e outros estudiosos adventistas fizeram, enquanto se concentra na parte que a música em seus aspectos gerais terá em auxiliar na contrafacção de verdadeiros reavivamentos na IASD.

George Rice também não tenta traçar paralelos entre os elementos específicos a Indiana e a música adventista actual. A música como "laço nas mãos de Satanás" é a maior preocupação de Rice e isto é compatível com a visão de Ellen White. (Aqui Rice compartilha da minha opinião de que os elementos de Indiana não esgotam as manifestações carismáticas hoje. Prova disso é o fato de que os 'tambores' específicos a Indiana não fazem parte das experiências de êxtase de muitas igrejas pentecostais tradicionais modernas. O êxtase ocorre ao som de música sacra clássica ou tradicional.)

Note também que para Ellen White, a música como "laço" não se refere somente à que "choca os sentidos" nos movimentos espiritualistas, carismáticos ou pentecostais, mas a toda música que auxilie no falso culto, seja este solenemente contemplativo ou com êxtase carismático. A mera ausência de “balbúrdia e ruído” não implica necessariamente em um culto verdadeiro.
Veja o que ela diz da música como "laço" na Missa Católica:

"A música é excelente. As belas e graves notas do órgão, misturando-se à melodia de muitas vozes a ressoarem pelas elevadas abóbadas e naves ornamentadas de colunas, das grandiosas catedrais, não podem deixar de impressionar a mente com profundo respeito e reverência. Este esplendor, pompa e cerimónias exteriores, que apenas zombam dos anelos da alma ferida pelo pecado, são evidência da corrupção interna. … O fulgor do estilo não é necessariamente índice de pensamento puro, elevado. Altas concepções de arte, delicado apuro de gosto, existem amiúde em espíritos que são terrenos e sensuais. São frequentemente empregados por Satanás a fim de levar homens a esquecer-se das necessidades da alma, a perder de vista o futuro e a vida imortal, a desviar-se do infinito Auxiliador e a viver para este mundo unicamente." (O Grande Conflito, p. 566-567.)

Veja como os elementos artísticos acima descrevem bem o que ocorre em muitas Igrejas Adventistas hoje. Mas seriam esses medidores seguros do nível de espiritualidade da congregação?

Para Ellen White, não.

Ela condena a Missa e os seus elementos "salvíficos", do qual a música contemplativa faz parte. Esses elementos salvíficos fazem o adorador desviar –se do "infinito Auxiliador" e a buscarem a salvação pelas obras e na acção salvífica da Liturgia:

Disse Ratzinger antes de se tornar Bento XVI:
"Esta acção de Deus, que ocorre através da fala humana, é a acção "real" pela qual a Criação espera. Os elementos da terra são transubstanciados, retirados por assim dizer, de sua base humana, e transformados no corpo e sangue de nosso Senhor. ... Isso é real sobre a liturgia cristã: Deus age e faz o que é essencial." (Ratzinger, o Espírito da Liturgia, 2000 p. 173).

A subtileza do erro é: Deus age através do elementos da liturgia (pão e vinho) para a expiação, fazendo de nenhum efeito o sacrifício "de uma vez por todas" na cruz.

Adventistas zelosos pela música e adoração caem facilmente no mesmo erro e sua música também se torna "um laço" nas mãos de Satanás para desviá-los da centralidade de Cristo no culto a uma espécie de "transubstanciação musical", uma ênfase exagerada na "perfeição musical e idolátrica" para que o culto se torne uma espécie de "sacrifício expiatório". (Um conceito que ajuda neste erro de "música para salvação" é a analogia da música inapropriada como "fogo estranho", que fere princípios bíblicos de exegese e leva consigo a heresia da música para salvação.)

Um livro que promove este conceito de "justificação pela música" é o livro de Dario Pires de Araújo Música, Adventismo e Eternidade em que o autor considera a música como "instrumento de salvação", "eficaz para a salvação" para citar algumas das expressões usadas. Música sacra "para salvação" é o maior "laço" que Satanás pode usar para levar adoradores ao falso culto. (A música sacra dever ser instrumento de pregação, puramente funcional e estar subserviente à centralidade de CRISTO no culto. Embora importante para adicionar ao interesse do culto, a qualidade desta não tem qualquer peso para a salvação.)

No que tange às conclusões do artigo de George Rice sobre o carismático na IASD, creio serem necessárias algumas observações:

1. Creio que George Rice poderia ter abordado os perigos de ficarmos estacionados no extremo do culto formal meramente para fugir de um possível "falso reavivamento". Mas acredito também que o artigo não se propôs a ser uma análise exaustiva do assunto da adoração adventista, que possui mais complexas nuances.

2. A título de contraste, George Rice também cita passagens de Ellen White que enfatizam um louvor calmo, tranquilo e contemplativo mas parece ignorar outras citações onde ela pede mais energia e poder no culto. (Veja Patriarcas e Profetas, p. 591; Evangelismo, p. 505-8, 512; Educação, p. 39; Manuscript Releases vol 5, p. 424). Note que o modelo de adoração congregacional dos Salmos também é bem mais exultante e vibrante do que certas citações "escolhidas" de Ellen White. Davi conclama os povos a darem altos brados e fazer um som exultante, alto e jubiloso ao Senhor. (Veja o Salmo 98). Sem dúvida há necessidade de equilíbrio nesta questão.

3. Baseando-se no aspecto de condicionalidade de algumas profecias de Ellen White e em seus apelos para que não permitamos que o fanatismo crie raízes, é seguro continuar a afirmar que o aparecimento dos excessos espiritualistas da Carne Santa estão condicionados à resposta da Igreja a esses falsos reavivamentos. Por isso as inúmeras advertências contra isso nos escritos de Ellen White que têm sido acatadas à risca (ao extremo?) até hoje pela Igreja e precisamos nos manter firmes nesta questão até ao fim. É possível que o carismático se arraigue na IASD? Sim, mas só se deixarmos que isso aconteça ao esquecer os "ensinos do passado".

4. Embora Rice pareça acreditar que a IASD corre um perigo real e iminente de cair na tendência carismática por estarmos cada vez "mais perto do fim", ele não oferece um provável cenário onde a teologia Adventista do Espírito Santo e de adoração poderiam ser totalmente subvertidos criando o canteiro onde o culto carismático crie raízes. É como dizer que a IASD vai abandonar a guarda do sábado pelo domingo. É possível? Sim, mas muito pouco provável.

5. Que houve elementos carismáticos isolados na IASD é um fato histórico. A contrafacção do verdadeiro reavivamento tem ocorrido na IASD desde os primórdios e não é algo a se esperar exclusivamente para o futuro. No Brasil, o surgimento do grupo carismático Igreja Adventista da Promessa já em 1932 por um ex-pastor adventista é prova disso. Esses movimentos não são exclusivos ao nosso tempo, mas fazem parte das três rãs de Apocalipse 16:13-14 que agem desde 1844. Mas note que todos esses grupos no Brasil e em outras partes do mundo, se desligaram da IASD e formaram seus próprios movimentos. Isso é prova contundente do repúdio da IASD a estas manifestações por irem contra a nossa bem estabelecida teologia do Espírito Santo.
Em suma, longe de contradizê-las, creio que o artigo de Geoge Rice corrobora as conclusões que teci sobre o movimento da Carne Santa no que tange à contextualização de seus elementos "tambores, música, gritos e dança" e também aos aspectos de condicionalidade do cumprimento da profecia na IASD. Ele diz que

Devemos estar em guarda, que nossa experiência espiritual esteja fundamentada na Palavra de Deus, e não em experiência extáticas. Fortes alertas são dados àqueles que buscam um pico emocional através de uma “experiência espiritual”. (George Rice em "Experiências Carismáticas da Igreja Adventista: Passado e Futuro.")

No entanto, a fim de equilibrar a posição de Ellen White sobre reavivamentos e fanatismo, creio que um episódio na história da igreja serve para elucidar a visão de Ellen White sobre o assunto:

No início de 1885, Ellen White orou por um reavivamento na comunidade adventista de Healdsburg, Califórnia, onde morava. A resposta veio através de uma série de reuniões de reavivamento dirigidas pelo Pastor E. P. Daniels em agosto, no colégio Adventista da cidade. Ellen White a esta altura já estava em viagem pela Europa. A igreja local respondeu com grande interesse espiritual e profunda reconsagração durante cinco semanas.

Porém, devido a alguns elementos de fanatismo que se manifestaram (não há evidências de que houve manifestações de êxtase ou espiritualismo nas reuniões) e erros de julgamento dos líderes das reuniões, a liderança daquela Associação decidiu interromper as reuniões, contrariando a vontade da comunidade adventista naquele lugar.

Ao se inteirar da situação, Ellen White escreveu àqueles líderes:

...em referência ao reavivamento em Healdsburg gostaria de dizer que não estou de acordo com o vosso tratamento desse assunto. Que houve fanáticos ali e que influenciaram a obra, não vou negar. Mas se no futuro agirdes da mesma forma como o fizestes neste caso, podeis ter certeza de uma coisa, condenareis a obra da chuva serôdia quando ela vier. Pois vereis naquele tempo maiores evidências de fanatismo. (Carta 76 1886).

Esta declaração surpreendente é crucial para o entendimento do reavivamento verdadeiro da Chuva Serôdia: ele terá elementos extremos de fanatismo e até maiores do que vemos hoje! E haverá o perigo de condenar esse derramamento do Espírito Santo pelo zelo de "proteger" a Igreja.

Segundo Ellen White o zelo desenfreado de condenar tudo que fuja da "tradição", normas e métodos estabelecidos e opiniões pessoais dos líderes pode até impedir o derramamento da Chuva Serôdia!

Qual NÃO deve ser nossa atitude quanto ao reavivamento verdadeiro que apresente elementos de fanatismo? Ela diz:

Homens podem se pronunciar contra isso [reavivamento] porque ele não se alinha com suas opiniões pessoais. O fanatismo virá como sempre vem quando Deus opera. A rede ajunta o bom e o mau, mas quem se atreverá em jogar tudo fora, somente porque alguns não são peixes bons? (Veja Mat. 13:24-30)

Quando for feito um esforço na obra de Deus, Satanás estará presente para ser notado, mas seria a obra dos ministros estender a mão e dizer: "Isso não deve continuar, pois não é obra de Deus"? (Ibid.)

E qual deve ser a atitude da liderança da IASD e dos seus membros quando houver extremos e excessos nos reavivamentos e na Chuva Serôdia? Sobre Healdsburg ela diz:

Então eram necessários homens de discernimento, de mentes calmas e equilibradas para agir em caso de perigo e indiscrição, a fim de ter uma influência a moldar a obra. Poderíes tê-lo feito. (Ibid.)

Veja que o papel da liderança é com "discernimento, calma e equilíbrio" agir para que a obra se mantenha livre de excessos mas, ao mesmo tempo, não devem interferir com a obra do Espírito Santo. A preocupação de Ellen White aqui é que, no zelo de 'super-proteger' a IASD da contrafacção carismática, caiamos no erro de condenar a obra do Espírito Santo como obra Satânica ou que impeçamos a chuva serôdia através deste zelo.

Qual o resultado de se condenar a obra do Espírito Santo como sendo do inimigo?

Temo que tenhais ofendido ao Espírito de Deus. Os frutos foram bons na obra em Healdsburg mas o espúrio entrou juntamente com o genuíno. (Ibid.)

O Senhor trabalhou em vosso meio mas Satanás, que está sempre ativo buscando oportunidades favoráveis, se intrometeu para adicionar fanatismo à obra do Senhor, para semear joio com a boa semente. Apegai-vos a tudo o que seja bom. Não tenhais espírito de Farisaísmo; não tenhais atitudes de superioridade ou auto-confiança. (Carta 21, 1886)

Deveríamos nos perguntar: É essa a atitude que temos visto em nós mesmos e na liderança da IASD? Será que temos caído em condenação por tentar super-controlar a obra do Espírito Santo?

Falando ainda de outro reavivamento em Battle Creek em 1893, ela diz:

Cumpre-nos ser muito cuidadosos de não ofender o Espírito de Deus, não declarando que o ministério de Seu Espírito Santo é uma espécie de fanatismo. (ME 1, p. 130)

Ellen White deixa claro que o reavivamento verdadeiro trará consigo elementos de fanatismo. Não que ele deva trazer, mas a obra de Deus sempre é acompanhada por contrafacções e paralelos satânicos. Em outro lugar ela explica que:

Há uma classe de pessoas sempre dispostas a escapar por alguma tangente, que desejam apreender qualquer coisa estranha, maravilhosa e nova; mas Deus quer que todos procedam calma e ponderadamente … Devemos guardar-nos de criar extremos, de animar os que tendem a estar ou no fogo, ou na água. (Testemunhos para Ministros, p. 227-228.)

Temos descoberto em nossa experiência que, se Satanás não consegue manter as almas no gelo da indiferença, ele tentará empurrá-las no fogo do fanatismo. Quando o Espírito do Senhor se manifesta entre Seu povo, o inimigo se aproveita da oportunidade também, buscando moldar a obra de Deus através de traços de carácter peculiares e não-santificados daqueles que estão unidos a esta obra. (Testimonies, vol. 5, p. 644).

Novamente aqui vemos a obra do Espírito Santo acompanhada por elementos fanáticos. O problema é lançar fora "o bebé com a água" só por que alguns escolhem fanatizar esses esforços. Note também que ela descreve muitos na igreja como estando no "gelo da indiferença":

*Por acaso essa expressão "gelo da indiferença" não define o culto formal e friamente solene que vemos em muitas igrejas hoje?

*É assim que o Espírito Santo se revela? Será que estamos mais propícios a receber o derramamento do Espírito nos mantendo nesse "gelo"?

*Por outro lado, será que meros "ornamentos" no culto (música) garantem o derramamento do Espírito?

Veja como a oposição a muitos destes reavivamentos cai na questão de métodos. Cito aqui a opinião de Ellen White sobre a necessidade de novos métodos e de discernimento para que não impeçamos a obra do Senhor. Aqueles que têm o zelo pela verdade devem ter uma atitude de humildade para saber discernir o que são heresias e erro espiritualista de meras divergências de opiniões pessoais ou metodologia:

Deus escolhe Seus mensageiros e lhes dá Sua mensagem; Ele diz: "Não os impeçais". Novos métodos devem ser introduzidos. O povo de Deus deve despertar para as necessidades dos tempos em que estão vivendo. (Reflectindo a Cristo, p. 242)

[Deus] abençoará a todos os que trabalharem no espírito que Ele derramar sobre a obra. A estes ele dará favor e sucesso. À medida que novos campos são abertos, novos métodos e novos planos devem surgir a partir de novas circunstâncias. (RH, 3 de Junho de 1902 par. 5)

…pois nem todas as mentes devem ser alcançadas pelos mesmos métodos. (Testimonies vol. 6, p. 116)

Note como esta afirmação acima é elucidativa na questão da evolução cultural e também musical no culto. Certamente Ellen White não advoga a ideia de que estilos musicais de uma época ou "tempo" devam ser compulsórios a outros tempos e épocas. Muito menos pretende ela impor métodos do passado a épocas futuras ou a diferentes lugares, como por exemplo, usar a língua portuguesa do século 19 para pregar o evangelho hoje. A mensagem precisa ser relevante aos tempos e música é parte deste processo. E ela adverte que "É delicado e perigoso...interferir com a obra de Deus." (MR 21, p. 147).

Aqui vão algumas conclusões para ponderação:

1. O Espírito Santo nunca se revela na confusão, ruído, falar em línguas estranhas, emocionalismo desvairado e espiritualismo descontrolado. Qualquer reavivamento na IASD que se baseia nesses devem ser rechaçados sumariamente como contrafacção do inimigo.

2. Cultos, cantores e grupos musicais ou ministérios de louvor adventistas que utilizam da música contemporânea e seus instrumentos (novos métodos) e que não fomentam o carismatismo não podem nem devem ser considerados como obra Satânica meramente por uma divergência de metodologia. Estes têm realizado uma obra de reavivamento genuíno.

3. O emocionalismo exagerado pode ser activado pela música? Sim. Mas as manifestações espiritualistas severas que acompanham o culto pentecostal como falar em línguas, desmaios, possessões e exorcismos necessitam de uma base teológica para se sustentarem, o que não existe na doutrina Adventista.

4. O papel das emoções no culto Adventista precisa ser novamente explorado na visão de Ellen White para que o repúdio dessas não leve ao culto formal e sem vida que ela chamou de “um mal”, ou que uma ênfase em sua preeminência crie o canteiro onde tendências carismáticas tomem raízes. Ela diz que "Cristo e este crucificado deveria tornar-se o tema de nossos pensamentos e despertar as mais profundas emoções de nossas almas". (Testimonies, vol. 2, p. 212). "... o plano da salvação será magnificado e reflexões do Calvário despertarão emoções ternas, sagradas e cheias de energia. Louvores a Deus e ao cordeiro estarão em seus corações e em seus lábios." (Ibid., p. 634).

5. Precisamos nos desvencilhar do medo e apreensão excessivos sobre o culto da Carne Santa que "congela" nosso culto. Não impeçamos o verdadeiro reavivamento por medo do fanatismo. Ellen White disse que "Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado". (Eventos Finais, p. 72).

6. A liderança e a Igreja precisam permitir que o Espírito Santo trabalhe livremente em nosso meio, permitindo que novos métodos sejam empregados no avanço da causa sem colocar travas ou exercer zelo exagerado na proteção do rebanho, condenando o que é obra de Deus como sendo do inimigo, como foi no caso de Healdsburg. Erros devem ser corrigidos com discernimento, sempre voltando-se à Bíblia e Espírito de Profecia, mas nunca combater extremismo com extremismo.

7. Diferenças de opinião sobre o que constitui reavivamento, como o foi no caso de Healdsburg ou estilo de culto e música não devem interferir com a obra do Espírito Santo. A adoração adventista precisa ter mais da actuação espontânea do Espírito. Ela diz que "Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos." (O Grande Conflito, p. 464).

8. No entanto, não impedir o Espírito Santo não significa necessariamente que podemos aceitar todo "vento de doutrina" que bate às nossas portas ou permitir que qualquer um assuma posição de liderança porque se acha "cheio do espírito". Devemos continuar a "provar os espíritos".

9. A IASD precisa seguir avante com cautela na questão da adoração e dos dons do Espírito. Não sejamos os primeiros a adotar a evolução natural da música sacra, nem os últimos a abandonar o que não é mais relevante hoje.

10. Finalmente, lembremos sempre que "É delicado e perigoso...interferir com a obra de Deus".

Maranata!~
André Reis
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*O artigo de George Rice é uma sequência a uma série de artigos sobre o carismatismo na IASD publicou pelo neto de Ellen White, Arthur White na Review and Herald entre 1972-73. É curioso o fato de que em sua série de artigos, Arthur White não trata do movimento da Carne Santa. Para ler o artigos, visite www.EllenWhite.com e busque "Charismatic Experiences in Early Seventh-day Adventist History."

25/10/10

SERÁ ERRADO TER UMA ÁRVORE DE NATAL NA IGREJA?

Aproxima-se o Natal, e os preparativos para o mesmo para muitos já começaram. Os momentos de festa objectivam, também, deixar-nos mais cheios de alegria, mas também de stress e gastos desnecessários. E entre nós cristãos, a cada fim de ano,surge sempre esta pergunta: “Será errado ter uma árvore de natal na igreja?”. Bom, desta vez, vou deixar que uma conselheira bem mais experiente que eu responda à pergunta.
Ellen G. White: “Deus muito Se alegraria se no Natal cada igreja tivesse uma árvore de Natal sobre a qual pendurar ofertas, grandes e pequenas, para essas casas de culto. Têm chegado a nós cartas com a interrogação: Devemos ter árvores de Natal? Não seria isto acompanhar o mundo? Respondemos: Podeis fazê-lo à semelhança do mundo, se tiverdes disposição para isto, ou podeis fazê-lo muito diferente. Não há particular pecado em seleccionar um fragrante pinheiro e pô-lo nas nossas igrejas, mas o pecado está no motivo que induz à acção e no uso que é feito dos presentes postos na árvore.
A árvore pode ser tão alta e os seus ramos tão vastos quanto o requeiram a ocasião; mas os seus galhos estejam carregados com o fruto de ouro e prata de vossa beneficência, e apresentai isto a Deus como vosso presente de Natal. Sejam as vossas doações santificadas pela oração”. Review and Herald, 11 de Dezembro de 1879.
“As festividades de Natal e Ano Novo podem e devem ser celebradas em favor dos necessitados. Deus é glorificado quando ajudamos os necessitados que têm família grande para sustentar”. Manuscrito 13, 1896.
Árvore de Natal com Ofertas Missionárias não é Pecado.
“Não devem os pais adoptar a posição de que uma árvore
de Natal posta na igreja para alegrar os alunos da Escola Sabatina seja pecado, pois pode ela ser uma grande bênção. Ponde-lhes diante do espírito objectos benevolentes. Em nenhum caso o mero divertimento deve ser o objectivo dessas reuniões. Conquanto possa haver alguns que transformarão essas reuniões em ocasiões de descuidada leviandade, e cujo espírito não recebeu as impressões divinas, outros espíritos e caracteres há para quem essas reuniões serão altamente benéficas. Estou plenamente convicta de que inocentes substitutos podem ser providos para muitas reuniões que desmoralizam”. Review and Herald, 9 de Dezembro de 1884.
Outras citações sobre o Natal:“A Bíblia não nos informa a data precisa do nascimento de Jesus. Se o Senhor tivesse considerado este conhecimento essencial para a nossa salvação, ele se teria pronunciado através dos Seus profetas e apóstolos, para que pudéssemos saber tudo a respeito do assunto. Mas o silêncio das Escrituras sobre este ponto dá-nos a evidência de que ele nos foi ocultado por razões as mais sábias.”
“Sendo que o 25 de Dezembro é observado em comemoração do nascimento de Cristo, e sendo que as crianças têm sido instruídas por preceito e exemplo que este foi indubitavelmente um dia de alegria e regozijo, ser-vos-á difícil passar por alto este período sem lhes dar alguma atenção. Ele pode ser utilizado para um bom propósito.”
“Temos o privilégio de afastar-nos dos costumes e práticas desta época degenerada; em vez de gastar meios meramente na satisfação do apetite, ou com ornamentos desnecessários ou artigos de vestuário, podemos tornar as festividades uma ocasião para honrar e glorificar a Deus. Cristo deve ser o objectivo supremo; mas da maneira em que o Natal tem sido observado, a glória é desviada d´Ele para o homem mortal, cujo carácter pecaminoso e defeituoso tornou necessário que Ele viesse ao nosso mundo. Jesus a Majestade do Céu, o nobre Rei do Céu, pôs de lado a Sua realeza, deixou o Seu trono de glória, a Sua alta posição, e veio ao nosso mundo para trazer ao homem caído, debilitado nas faculdades morais e corrompido pelo pecado, auxílio divino… Os pais deviam trazer essas coisas ao conhecimento de seus filhos e instruí-los mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, em suas obrigações para com Deus.”
Nota: Todas as citações acima colocadas são da pena de Ellen G. White, e encontram-se no livro Lar Adventista, às páginas 477 – 482.
Natal – Ocasião Para Honrar a Deus ( O Lar Adventista, pág. 477-478)
Prestou bem atenção no que ela diz sobre o Natal? Em suma ela crê que:
1. Não existe base bíblica para o comemorar;
2. A sua observância é popular e não bíblica;
3. Não há base histórica;
4. Mesmo assim (não tendo base bíblica ou histórica) o dia NÃO DEVE ser passado por alto, mas é uma ocasião para honrar a Deus.

22/10/10

Como Ler Ellen White - Capítulo 3 "Ellen White e a Bíblia" (George Knight)

Um dos pontos que mais geram desentendimentos entre alguns membros da Igreja Adventistas é como ler correctamente Ellen White. Para muitos, ela é autoridade final em questões de prática cristã e interpretação bíblica. Cito o exemplo de dois escritores adventistas da Austrália que chegaram a considerar Ellen White a maior "profetisa de todos os tempos."

Na questão de interpretação bíblica, Ellen White é considerada como palavra final. Ou seja, se ela interpretou certa passagem de certa maneira, então devemos ignorar todas as outras interpretações. Vejam que Ellen White nunca sequer se arrogou a autoridade máxima em interpretação bíblica. Se assim fosse, ela estaria acima da própria Bíblia, podendo dizer exactamente o que ela significa. Até mesmo o White Estate, os depositários dos seus escritos concluíram que nos seus escritos só 2% podem ser considerados exegese bíblica. Isso sem dúvida lança luz sobre a possibilidade de outras leituras sobre interpretação profética do Apocalipse e escatologia por exemplo.

Enfim, são questões que precisam ser abordadas a fim de evitar o extremismo tão frenético que ciclicamente se levanta. Abaixo apresentamos uma seleção do capítulo 3 do livro "Como Ler Ellen White" do Dr. George Knight, professor emérito da Andrews University .

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Capítulo 3 - Ellen White e a Bíblia (pág.26-27)

"Todo cristão, em consequência, deve tomar a Bíblia como regra perfeita de fé e de conduta. Deve orar com fervor para ser socorrido pelo Espírito Santo em seu estudo das Escrituras, na busca de toda verdade e de todos os seus deveres. Ele não tem a liberdade de dela se desviar para descobrir seus deveres através de um dom de qualquer tipo. Dizemos que a partir do momento em que ele age assim, o cristão coloca os dons em um lugar errado e toma uma posição extremamente perigosa. A Palavra deve ser colocada em primeiro lugar e a Igreja deve fixar-se nela, como regra de conduta e fonte de sabedoria, a fim de aprender o que é seu dever ‘em toda boa obra’. Mas se uma parte da Igreja se afasta para longe das verdades da Bíblia e torna-se fraca, doente, e o rebanho se dispersa e pareça necessário a Deus empregar os dons do Espírito para corrigir, fortalecer e curar os afastados, devemos fazê-lo. (Review and Herald, 21 Abril 1851)

(...) em 1868, James White advertiu aos crentes que eles devem ‘deixar os dons no lugar que lhes é devido na Igreja. Deus nunca os colocou em primeiro lugar, ao nos orientar de considerá-los como um guia no caminho da verdade, como via para chegar ao céu. É Sua Palavra que Ele exaltou. A lâmpada, cuja luz clareia a marcha em direção ao reino é formada do Antigo e Novo Testamento. Sigam o Antigo e o Novo Testamento. Mas se vocês se afastarem para longe das verdades bíblicas e se vocês estiverem em perigo, é possível que Deus, em um momento de Sua escolha, vos corrija (por intermédio dos dons) e vos conduza à Bíblia.’ ( Review and Herald, 25 de Fevereiro 1868).

"Assim, vemos que James White estava de acordo com sua esposa sobre o lugar de seu dom espiritual em relação à Bíblia. Esta posição reflete também o consenso dos outros responsáveis da Igreja adventista no seu começo. Seria difícil ser mais claro sobre este assunto.

Neste momento reconheçamos que se Ellen White, seu marido e os outros responsáveis adventistas cressem que seu dom de profecia estava subordinado à Bíblia, isto não significava que eles estimassem que sua inspiração fosse de qualidade inferior aos dos escritores bíblicos. Ao contrário, eles pensavam que a mesma fonte de autoridade que falava aos profetas da Bíblia se exprimia através dela.

Encontramos aqui um bom equilíbrio. Mesmo se os adventistas consideram sua inspiração de origem também divina como as dos autores bíblicos, eles não lhe atribuirão o mesmo lugar. Ellen White e seus companheiros adventistas sustentaram que sua autoridade era derivada da autoridade da Bíblia e não podia então lhe ser igual.

Infelizmente, alguns não prestam atenção aos limites que Ellen White colocou em seus próprios escritos. Tais pessoas colocam em primeiro lugar suas idéias de maneira errônea, além do limite das Escrituras, por meio de métodos de interpretação deficientes (que serão examinadas mais à frente). Suas ideias ‘novas’ e ‘progressistas’ contradizem às vezes não somente a Bíblia, mas ultrapassam também os limites estabelecidos por Ellen White, quanto ao uso de seus escritos. Nossa única segurança é ler Ellen White dentro do quadro bíblico. Devemos ter cuidado para não empregar seus escritos para salientar ensinos que não são claramente enunciados pelas Escrituras. Devemos também nos lembrar que o que é necessário para a salvação está já presente na Bíblia.

"... é necessário examinar ainda uma questão. Certos adventistas têm visto em Ellen White um comentarista infalível da Bíblia, no sentido de que deveríamos empregar seus escritos para estabelecer o sentido das Escrituras. Assim, um dos mais importantes escritores adventistas escreveu na Review and Herald em 1946, que ‘os escritos de Ellen White representavam um grande comentário das Escrituras’. Ele chegou a declarar que eles não eram comparáveis a outros comentários no sentido de que eles eram ‘comentários inspirados, suscitados pela ação do Espírito Santo e (que) isto lhe dava uma categoria particular, bem acima de qualquer outro comentário’. (Review and Herald, 9 de Junho 1946).

Mesmo que Ellen White tenha afirmado escrever sob o ponto de vista privilegiado da luz do Espírito Santo, ela não pretendeu que deveríamos tomar os seus escritos como a última palavra do significado das Escrituras. A. T. Jones, ao contrário, num artigo publicado em 1894 sobre o objetivo das obras de Ellen White, considera-os como um intérprete ‘infalível’ da Bíblia. Ele argumentou que o bom uso dos escritos de Ellen White, implicava em ‘estudar a Bíblia através deles’. Tal abordagem, dizia ele, faria de nós ‘grandes conhecedores das Escrituras’ (The Home Missionary Extra, dezembro 1894). A sugestão de Jones serviu de linha de conduta para muitos adventistas do séc. XX.

É essencial reconhecer que Ellen White rejeitou o emprego das suas obras como um comentário infalível. (...)"

"São combates teológicos que dividiram os principais pensadores adventistas durante cerca de três décadas.

O conflito girava em torno da compreensão suposta das passagens bíblicas relativas a essas duas questões. Segundo alguns dos leitores, num testemunho escrito aproximadamente em 1850, ela teria definido a lei, nas epístolas aos Gálatas, como a lei cerimonial. Para essas pessoas, era a prova irrefutável da identificação da lei. Mas a solução apontada conhecia uma dificuldade. O testemunho em questão tinha sido perdido e então a “prova” estava longe de ser conclusiva.

A resposta de Ellen White a esta crise teológica é instrutiva. No dia 24 de Outubro de 1888, ela disse aos delegados divididos na sessão da Conferência Geral de Minneapolis, que a perda do testemunho no qual ela tinha alegadamente resolvido a questão de maneira definitiva, por volta do ano 1850, era providencial. “Deus, afirmou ela, tem aqui uma intenção. Ele quer que façamos referência à Bíblia para obter o testemunho das Escrituras.” (1888 Materials, 153). Por outras palavras, ela estava mais interessada nas afirmações bíblicas sobre o assunto do que pelas suas. Mas os delegados dispunham do livro escrito por ela, Sketches From the Life of Paul (1883), que parecia fixar definitivamente a aprovação sobre a interpretação da lei cerimonial.

"Qual foi a reação de Ellen White ao emprego de seus escritos? No mesmo dia, antes que alguém colocasse em primeiro lugar o argumento tirado do Sketch, ela declarou aos delegados: “Não posso tomar posição por uns ou por outros (sobre a questão de Gálatas), antes de ter estudado a questão.” (1888 Materials, 153) Em resumo, ela rejeitou a abordagem dos que quiseram servir-se dela como uma exegeta infalível. A essência da sua resposta global está na sua declaração aos delegados: “Se vocês sondarem as Escrituras de joelhos, então, vocês conhecerão e serão capazes de responder a quem quer que vos pergunte a razão da fé que está em vocês.”(Idem, 152)

Ellen White manteve a mesma posição vinte anos mais tarde, por ocasião de uma controvérsia sobre a definição do “diário”, em Daniel 8. Nesta disputa, os que defendiam a antiga interpretação pretendiam que a nova derrubava a teologia adventista, em razão do fato de que uma declaração de Ellen White, nos Primeiros Escritos, sustentava a compreensão tradicional. O chefe da fila dos que defendiam a antiga interpretação afirmava que uma mudança em relação a posição estabelecida minava a autoridade de Ellen White. Ele era muito explícito no seu ponto de vista sobre as relações dos escritos de E.G.Wite e a Bíblia. “Deveríamos compreender tais expressões com a ajuda do Espírito de Profecia [manifestado nos escritos de Eleen White]. [...] É neste sentido que o dom de profecia nos foi concedido. [...] todos os pontos devem ser resolvidos” desta maneira. (S.N.Haskell à W.W.Prescott, 15 de Novembro 1907)

"Ellen White mostrou-se em desacordo com o argumento. Ela pediu que os seus escritos “não sejam empregues” para resolver o problema. “Peço aos pastores H., I.,J. e outros membros dirigentes, de não se servirem de nenhuma maneira das minhas obras para sustentar as suas ideias concernentes ao “diário”. [...] Não posso de maneira nenhuma admitir que os meus escritos sejam invocados como dando a solução do problema. [...] Não recebi nenhuma instrução sobre este ponto doutrinário.” (Mensagens Escolhidas vol. 1, 193)

Assim nos dois debates sobre o “diário” e sobre a lei em Gálatas, Ellen White tomou posição para que os seus escritos não sejam empregues para estabelecer o sentido da Bíblia, como se ela fosse uma comentarista infalível."

Os que querem fazer de Ellen White uma comentarista infalível da Bíblia vão de encontro aos seus próprios conselhos e lançam por terra praticamente as suas palavras. Eles fazem dela a luz maior para explicar a luz menor que seria a Bíblia. Robert W. Olson, diretor aposentado do White Estate* (Fundação White) explica bem as dificuldades inerentes a abordagem que consiste em se apoiar sobre um comentarista infalível, quando ele escreve que: “dar a um indivíduo um controlo absoluto sobre a interpretação da Bíblia consistiria, praticamente, a elevar esta pessoa acima dela. Seria um erro permitir, mesmo ao apóstolo Paulo, de exercer um controlo sobre a explicação de todos os outros autores bíblicos. Num outro caso parecido Paulo, e não a Bíblia inteira, representaria a autoridade final.” (One hundred and One Questions, p.41). a nossa única segurança é autorizar os autores da Bíblia a falar por eles mesmos. O mesmo acontece para Ellen White. Leia cada autor por sua própria mensagem, no seu contexto.

Olson aponta uma questão importante quando ele nota que “os escritos de Ellen White são geralmente de natureza homilética ou são orientados em direção à evangelização. Eles não são de natureza estritamente exegética.” (idem). Howard Marshall traz aqui uma ajuda para discernir um pouco mais esta ideia, quando ele ressalta que “a exegese, é o estudo da Bíblia [...] para determinar com precisão o que diversos autores têm procurado dizer a quem se destinava suas mensagens”, enquanto que “o comentário é o estudo da Bíblia para determinar o que ela nos quer dizer.”(Biblical Inspiration, p. 95,96)

"Podemos perguntar: “Como isto se aplica às relações de Ellen White com a Bíblia?” Propomos o seguinte comentário: Ellen White direccionava os seus leitores para a Bíblia para que eles estudassem e descobrissem o que seus autores tinham a dizer (exegese). Mas, além disso, ela tinha o cuidado de aplicar os princípios das Escrituras ao seu tempo e ao seu lugar (comentário). Nos dois casos ela serviu, como ela própria dizia, como "uma luz menor para levar homens e mulheres à luz maior"(Colporteur Ministry 125).

Ela não queria dizer que ela tinha um grau de inspiração menos importante que os dos escritores bíblicos, mas que a função dos seus escritos era de conduzir as pessoas à Bíblia.

Tendo examinado o importante conselho de não fazer de EW uma comentarista infalível do significado das Escrituras e tendo reconhecido que ela se manifestou "geralmente" na ordem da homília (sermão) mais do que na exegese, é importante notar que de tempos em tempos, ela se manifestou sobre a exegese de um texto. Devemos determinar quais comentários são de natureza exegética, lendo estes comentários relacionados ao contexto específico de passagens da Bíblia em questão." Olson foi muito feliz ao escrever: "Antes de afirmar que EW interpreta um texto para os seus leitores de um ponto de vista exegético, deve-se estar previamente seguro de como ela utiliza o texto dado." (One Hundred and One Questions, p. 42).

19/10/10

A LEI DADA PELA SEGUNDA VEZ

Logo após a rebelião, Moisés subiu novamente para o Monte Sinai. Moisés tinha quebrado as tábuas da aliança em pedaços ao pé da montanha. Depois que Moisés suplicou a Deus, o Senhor falou novamente a Moisés sobre a Lei:
Ex 34:1-2 "ENTÃO disse o SENHOR a Moisés: Lavra duas tábuas de pedra, como as primeiras; e eu escreverei nas tábuas as mesmas palavras que estavam nas primeiras tábuas, que tu quebraste. E prepara-te para amanhã, para que subas pela manhã ao monte Sinai, e ali põe-te diante de mim no cume do monte."

Assim, Moisés recebeu os Dez Mandamentos numa segunda ocasião:
Êxodo 34:1-4 "ENTÃO disse o SENHOR a Moisés: Lavra duas tábuas de pedra, como as primeiras; e eu escreverei nas tábuas as mesmas palavras que estavam nas primeiras tábuas, que tu quebraste...Então Moisés lavrou duas tábuas de pedra, como as primeiras; e levantando-se pela manhã de madrugada, subiu ao monte Sinai, como o SENHOR lhe tinha ordenado; e levou as duas tábuas de pedra nas suas mãos... 28 E esteve ali com o SENHOR quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras da aliança, os dez mandamentos. E aconteceu que, descendo Moisés do monte Sinai trazia as duas tábuas do testemunho em suas mãos, sim, quando desceu do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois que falara com ele."


" Moisés mostrando as tábuas da lei " por Rembrandt 1659. Museu Staatliche, Berlim. Os Dez Mandamentos são ilustrados como: gravados em letras de ouro, em pedras negras, e com um esplendor que vem da face de Moisés'. A palavra hebraica krn é traduzida como "brilhante", irradiando raios de luz. A Vulgata latina traduz o palavra krn como chifres. Isto levou os artistas medievais como Michelangelo a representar Moisés como tendo chifres de animais que saíram de sua testa.

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Tradição Judaica
De acordo com tradição Rabínica, foram colocadas as primeiras leis referentes a Deus à direita da tábua de pedra, e, à esquerda como a maioria assume, porque o hebraico é escrito da direita para a esquerda. Na tradição judaica, são colocadas as cinco ordens em ambos os lados da tábua.
Também é interessante a notar que na tradição judaica está o Primeiro Mandamento: "Eu sou o SENHOR teu Deus" em lugar do que normalmente é ensinado no catolicismo romano e tradições Cristãs, "Tu não terás outros deuses diante de mim ".

Também havia centenas de leis determinadas, divididas de três em três:
Leis morais (10 Mandamentos escritos pelo dedo de Deus),
Leis civis (Leis civis e judiciais),
Leis cerimoniais (Sacrifícios, Dias de Festas, etc.). ___________________________________
Sobre o governo Hebraico. . .
"Algumas nações colocam a soberania da Sua terra nas mãos de uma única regra (a monarquia), algumas nas mãos de um número pequeno de regras (oligarquia), e algumas nas mãos de pessoas (democracia). Moisés nosso Mestre nos ensinou a colocar a não colocar a nossa fé em nenhuma destas formas de governo. Ele nos ensinou a obedecer a Lei de Deus, para que somente Deus governe. De acordo com o Seu poder, Deus sempre ordenou que o Seu povo elevasse os olhos para Ele, porque n'Ele está todo o bem, e todo a provisão para o ser humano, e para cada um em particular, e n'Ele as pessoas encontram auxílio quando eles oram a Ele. Quando passam por sofrimentos, nada Lhe. Da Sua compreensão nenhum pensamento do coração do homem é oculto."
-Flávio Josefo,
Contra Apion, Volume Um.
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Quando Moisés entregou a Lei ao povo Hebreu, ele ensinou aos Israelitas que o Senhor esperava, que eles fossem pessoas santas, separadas da imoralidade pagã e da idolatria. Aqui foi estabelecido o Judaísmo. Deus determinou o sistema religioso centrado no Tabernáculo (o lugar onde o sangue era aspergido na arca), os sacrifícios, e o sacerdócio. Os Levitas eram a tribo sacerdotal, e Arão (o irmão de Moisés') foi o primeiro Sumo Sacerdote.
O Israel foi numerado e organizado para guerra. As 12 Tribos foram estabelecidas (os Filhos de Jacob) e foram designados os líderes para cada tribo.


Tradição Judaica

Por que a montanha santa era onde o Torah foi dado era chamado Sinai? É porque foi nesta montanha que Moisés (Heb. Mosheh) conheceu o Senhor. O Senhor apareceu a ele meio de uma sarça ardente que não se consumia. A palavra arbusto em hebraico é "sneh". De acordo com tradição judaica a palavra Sinai vem de 'sneh', e foi o nome dado à montanha por causa do sneh. Nesta montanha, o sneh, se queimou, mas não se consumiu, da mesma foi que o Torah iria iluminar resplendorosamente a muitos, e nunca se consumiria.
Exôdo 3:2 "E apareceu-lhe o anjo do SENHOR em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia."

A Oferta para o Tabernáculo
Ex 25:1-8 Então o SENHOR falou a Moisés e diz: " ENTÃO falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada. E esta é a oferta alçada que recebereis deles: ouro, e prata, e cobre, e azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e peles de texugos, e peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de texugos, e madeira de acácia, azeite para a luz, especiarias para o óleo da unção, e especiarias para o incenso, pedras de ônix, e pedras de engaste para o éfode e para o peitoral. E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. Conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus pertences, assim mesmo o fareis. "
(Veja também os Materiais Santos)
Deus estava chamando o povo a entregar os seus corações para Ele. Estas palavras ecoam nas palavras de Jesus Cristo:
Mt 10:8 " De graça recebestes, de graça dai".
Isto revelou que o Deus deles não estaria distante do seu povo como com todos os deuses dos gentios. O Deus que falou a Moisés era um Deus pessoal, imensamente interessado na vida do seu povo, sempre recebendo a sua adoração, e recebendo as ofertas de materiais em uma obra que proveria uma tenda para o Deus vivente.
Deus lhes pediu que fizessem este grande trabalho com toda a sua habilidade. De alguns, a oferta era de ouro, de outros simplesmente bronze . De um o linho fino do Egipto, enquanto de outro uma oferta de pelo de cabra. Um homem poderia ter prata enquanto outro, um pouco de óleo de oliva. Ele é um Deus cortês, e as ofertas deles exemplificavam um atributo que eles trariam a Ele. Realmente este tempo de dar espontaneamente, revelou o que estava em seus corações, da mesma maneira que a viúva nos dias de Jesus:
Marcos 12:43-44 "E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro; Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento."
Assim, o povo que estava pasmado, com terror na Presença de Deus, estava aprendendo que o Deus deles era agora o Seu marido, e realmente foi casado com o seu povo, e Ele tomaria o lugar dele no centro do acampamento, e daria a eles um padrão de adoração, pela qual eles poderiam estar em relacionamento com Ele.
Centenas de anos mais tarde, o Rei Salomão, estava pasmo com o pensamento de que Deus preparou uma maneira de se aproximar de Deus. Ele perguntou:
2 Crónicas 6:18 " Mas, na verdade, habitará Deus com os homens na terra? Eis que os céus, e o céu dos céus, não te podem conter, quanto menos esta casa que tenho edificado?"
Quando Deus disse a Moisés que eles estariam construindo um santuário para o Deus todo-poderoso, Ele não deixou que Moisés ou Arão ou o conselho dos setenta anciões inventassem um templo para que Ele manifestasse a Sua presença:
Êxodo 25:9 "Conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus pertences, assim mesmo o fareis."
Não houve nada da imaginação do homem. O povo de Deus poderia prover os materiais, mas o plano pertencia exclusivamente ao próprio Deus. O homem não poderia inventar uma maneira própria de se aproximar de um Deus santo. Não obstante, Deus na Sua graça estava disposto a proporcionar um local pelo qual o homem todo pecador, poderia aproximar-se de Deus, e poderia ter a garantia de que Deus estaria com ele, e em relacionamento com Ele, porque a Aliança de Deus garantia que Deus não pode falhar.
Vash'kanti - mikdash - li - v'assoo - b'tocham
" E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. " (possa estar neles).

11/10/10

20 ERROS ENSINADOS PELO ESPIRITISMO

1o.) O uso da Bíblia só segundo pareça conveniente, incoerentemente segmentando o seu conteúdo, usando e abusando de seus textos, sentenças e mesmo palavras isoladas, sem levar em conta O TEOR GLOBAL de seu ensino, mesmo desqualificando-a como um livro indigno de confiança quando suas palavras não pareçam convenientes, encontrando “contradições gritantes” em sua mensagem, o que torna o seu emprego pelos próprios espíritas como injustificável, já que é um livro que não serve para defender doutrinas (a não ser as espíritas, em segmentos seletos).

2o.) A visão distorcida da Divindade, negando que tenhamos um “Deus pessoal” e deixando de entender que Deus não é só AMOR, como também JUSTIÇA. Esse tipo de Deus “Saci Pererê” do espiritismo (que se apóia só sobre uma “perna”—a do amor), com a imagem do Deus bíblico condenada como injusto por causa de relatos do Velho Testamento que espíritas não conseguem entender à luz de sua contextualização cultural, histórica, e dentro do TEOR GLOBAL do ensino bíblico, impede-os de realmente entender que na cruz houve o encontro de AMOR e JUSTIÇA (Salmo 85:10).

3o.) A visão até ingênua de que o Novo Testamento é superior ao Velho no que tange aos atos divinos, por causa do muito "sangue derramado" da primeira parte das Escrituras, quando no Novo Testamento há até mais sangue derramado, como nos relato das fulminantes mortes de Ananias e Safira (Atos 5), o apedrejamento de Estêvão (Atos 7:54-50), a morte de Herodes, comido por vermes (Atos 12:20-23), e especialmente nas descrições detalhadas do castigo final aos ímpios em Apocalipse, especialmente 14:19, 20 (o lagar do castigo com sangue que se espalha por quase 300 km), com ainda a festança das aves sobre as carnes dos inimigos do povo de Deus (19:20, 21). Estas passagens mostram a severidade do castigo divino, pois Deus não é só amor, mas também justiça, como já destacado no 2o. tópico, acima.

4o.) A negação da Divindade de Cristo, colocando-O na categoria de um ser criado, em vez de ser Ele próprio o Criador de todas as coisas, como lemos em João 1:1-3 (“todas as coisas foram feitas por Ele [o Verbo que Se fez carne], e sem Ele nada do que foi feito se fez"), confirmado por Hebreus 1:2. Cristo tinha o título de “filho do homem” e “Filho de Deus” pois falava segundo duas perspectivas--como o próprio Deus feito carne, de modo muito além de nossa limitada compreensão, e como o submisso “Servo sofredor” que aceitou assumir a taça do sofrimento e dor humanos para pagar o preço do pecado. Assim, ninguém terá desculpas no Juízo de que Deus não pode Ser um justo juiz por desconhecer por experiência própria as lutas e sofrimento do homem nesta vida. Ele conhece, sim, as nossas dores, pois foi “ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53:5).

5o.) A noção de que Cristo veio trazer uma nova e revolucionária legislação, eliminando os 10 Mandamentos como normativos aos cristãos e trocando-os pela “lei áurea” de “amor a Deus” e “amor ao próximo”, quando em tal “lei áurea” Ele apenas repete o que Moisés já havia dito em Lev. 19:18 e Deu. 6:5, sintetizando a lei divina. Sempre, em todos os tempos, a lei de Deus teve como princípio subjacente o amor—a Deus e aos semelhantes, pelo que Cristo não apresentou nenhuma “novidade cristã” como pensam os espíritas e outros mais.

6o.) A negligência em dedicar o sétimo dia da lei divina—que tem os primeiros quatro mandamentos tratando do aspecto do “amor a Deus sobre todas as coisas” da “lei áurea”—ao Senhor, enquanto destaca só a segunda parte dessa “lei áurea”, do “amor ao próximo como a nós mesmos”, embora Jesus tenha atribuído peso idêntico a ambos os preceitos básicos de Sua lei, com prioridade inclusive ao “amor a Deus sobre todas as coisas” (Mat. 22:36-40 e 10:37). Sendo que o sábado é indicado como “sinal” entre Deus e o Seu povo (Êxo. 31:17 e Eze. 20:12, 20), não contando com tal sinal (ou “selo”, cf. Rom. 4:11), os espíritas não podem identificar-se como pertencendo ao povo de Deus, especialmente quando negligenciam cumprir outras ordenanças típicas da fé cristã.

7o.) A negação do conceito de “pecado”, ante a alegação de que os homens é que formulam as suas leis, com o que a idéia de “lei de Deus” não faz sentido, por serem as leis “restritivas” e prejudiciais à liberdade humana. A Bíblia, porém, ensina que “a lei do Senhor é perfeita e restaura a alma” (Sal. 19:7) e que “pecado é a transgressão da lei” (1 João 3:4). Tal como as leis de um país nos informam sobre o tipo de governo que o dirige, a lei de Deus é um transcrito do Seu caráter. Assim como “Deus é amor”, Sua lei será de amor. E como Deus é justo, Sua lei será a máxima expressão de justiça. Ademais, a genuína liberdade só existe no respeito à lei divina, pois os que vivem sob a escravidão do erro e da maldade assim se acham exatamente por desconsiderarem tal lei, daí sofrendo severas conseqüências. As leis de Deus visam ao nosso melhor bem, e não a nosso prejuízo.

8o.) A não-adoção de sacramentos cristãos típicos e claramente instituídos ou endossados por Jesus Cristo, como o batismo e a Santa Ceia, confirmados por Paulo como essenciais para a expressão da fé no que Cristo realizou por nós, dedicação e reconsagração de vida segundo o Novo Caminho indicado na Palavra de Deus que é assumido por aquele que crê.

9o.) A negação da existência de Satanás e demônios a seu serviço, o que torna a Jesus um mentiroso, pois Ele deu testemunho claro da existência de tal ser ao dizer: “Eu via Satanás, como raio, cair do céu” (Luc. 10:18), além dos muitos relatos bíblicos de Seus confrontos com demônios que expulsava de vitimados por seu domínio, bem como o relato de Sua tentação no deserto, relatada por diferentes evangelistas, quando confrontou o diabo e o derrotou à base do Sola Scriptura. O “está escrito” foi a grande arma de Cristo, não realizações sobrenaturais, de que Ele poderia tranqüilamente valer-Se (ver Mateus 4 e Lucas 4).

10o.) A negação do castigo eterno aos pecadores impenitentes, já que se prega uma idéia de evolução constante pela qual os indivíduos aprenderão com os erros de uma vida para corrigi-los numa próxima existência, assim evoluindo na sua jornada pelas várias vidas mediante a reencarnação, com o que os malfeitos se eliminam gradualmente. Jesus, porém, advertiu: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” (Mat. 7:13). E a linguagem de condenação eterna dos que forem até o fim sem se arrepender é claríssima em muitas passagens tanto do Velho quanto do Novo Testamento. O próprio Cristo anunciou que no final haverá a ressurreição da vida e a ressurreição da condenação, e que os que não aceitarem a oferta de Salvação propiciada por Deus Nele irão perecer, pois “quem crê e for batizado, será salvo; quem não crê, será condenado” (João 5:28, 29 e Mar. 16:16).

11o.) A tese de salvação universal, noção que não inspira ninguém a crescer espiritualmente, já que sempre se pode deixar para depois o devido preparo e progresso ético, moral, espiritual, sendo que no final todos terão o mesmo destino, mais cedo ou mais tarde chegando lá. Jesus não disse para ninguém conformar-se em ser um cristão “mais ou menos” e sim desafiou a todos: “Sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mat. 5:48).

12o.) A idéia de salvação dever-se às obras humanas, uma impossibilidade que contraria o TEOR GLOBAL do ensino bíblico, sobretudo diante da exposição clara, didática, insofismável de Paulo [o “codificador dos evangelhos”] quanto ao papel da graça de Deus como única fonte de salvação, sendo as obras mera demonstração da genuinidade da fé salvadora. Qualquer noção de que obras humanas, imperfeitas como sempre serão, “contem pontos” para a salvação é uma afronta ao Senhor e Salvador Jesus Cristo. É o mesmo que dizer-Lhe que o Seu supremo sacrifício expiatório foi incompleto, daí precisamos acrescentar algo de nossa própria experiência à experiência Dele, num impossível paralelo do humano e imperfeito com o divino e absolutamente perfeito.

13o.) O apego à experiência sobrenatural, o “ver” e o “sentir” como base da fé, quando Jesus louvou os que creram sem ver ou sentir: “Bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20:29). Muitos gostam de sentir-se “especiais”, “usados por Deus”, e espíritas convertidos ao evangelho de Jesus Cristo contam que uma das coisas que os atraíram a essa religião foi justamente a vaidade que lhes é incutida de terem dons de “mediunidade”, ou uma “missão a cumprir” entre os homens. Paulo acentuou, citando um profeta bíblico, que “o justo viverá pela fé” (Rom. 1:17, cf. Hab. 2:4).

14o.) A noção típica de todos os povos pagãos, do presente e do passado, de que o homem é um ser dualístico, formado por um corpo material e uma alma imortal, que prossegue viva e consciente na morte, quando o ensino bíblico é de que Deus criou o homem para viver como um ser físico, num paraíso físico, e que por conseqüência do pecado passou a experimentar a morte. A única forma de restaurar a vida é pela RESSURREIÇÃO DOS MORTOS, que representa a vitória sobre a morte e a sepultura, como diz Paulo em 1 Cor. 15:54, 55. Entre a morte e a ressurreição nada existe, pois os que morrem, como no sono, nada sabem do que se passa, não têm conhecimento de coisa alguma e adentram o mundo do silêncio (Ecl. 9:5, 6, 10; Sal. 6:5 e 115:17).

15o.) A noção de reencarnação, negando o claro ensino bíblico de que só mediante a ressurreição dos mortos, bem detalhadamente descrita em várias passagens, como Ezequiel 37, 1 Coríntios 15, 1 Tessalonicenses 4:13-16, é que alcançaremos a vida eterna, que é apresentada na Bíblia como um dom de Deus aos que se habilitarem a para sempre habitar nos lugares que Cristo prometeu preparar para os Seus fiéis, e que iriam ser ocupados quando Ele retornasse para vir buscar os Seus (ver Rom. 2:7; 2a. Tim. 1:10 e João 14:1-3).

16o.) A negação da volta de Cristo em glória e majestade, embora citem textos como Mateus 16:27 que fala claramente dessa volta, e muitos outros claros versos das Escrituras. E Sua volta é a única saída para tirar o homem do “aperreio” em que se acha, em decadência moral e espiritual clara e evidente, e não o progresso rumo a um róseo futuro, como indicado pelo espiritismo.

17o.) A própria idéia de que graças às contínuas reencarnações a humanidade só tem melhorado e só haverá de melhorar mais e mais no futuro, quando isso não só está inteiramente fora da realidade, com nega as profecias bíblicas, proferidas pelo próprio Cristo, que fala que os tempos que antecederiam a Sua volta literal e visível seriam uma repetição da maldade de Sodoma e Gomorra, ou dos dias anteriores ao dilúvio. Isso é confirmado por Paulo, Pedro e outros autores bíblicos.

18o.) A possibilidade de comunicação entre vivos e mortos, sendo que a proibição divina é clara a respeito, tanto em Deu. 18:9-11 como séculos depois confirmada em Isa. 8:19, 20. Sendo que não há uma “alma imortal” que tenha consciência após a morte do corpo, e o indivíduo na morte permanecerá como num sono inconsciente até a ressurreição, qualquer suposta comunicação entre vivos e mortos é claramente suspeita, e proibida por Deus que quis proteger o Seu povo de terríveis enganos satânicos nessa linha.

19o.) A noção de que o espiritismo moderno, desde o século XIX, seria a promessa do Cristo de que o Consolador seria enviado (João 16:7), quando o verso seguinte diz que tal Espírito teria a função de convencer o mundo “do pecado, e da justiça e do juízo”. E o vs. 13 declara que “quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir”. Mas os espíritas NEM CRÊEM em “pecado”, nem em “juízo”, pois o sentido é claramente o que se harmoniza com o TEOR GLOBAL do ensino bíblico, e não reinterpretações extrabíblicas criadas para ajustar-se a pressupostos realmente alheios ao ensino de Jesus Cristo e Seus apóstolos. Nem os sinceros servos de Deus passaram a ser convencidos da “verdade, da justiça e do juízo” só a partir de Allan Kardec.

20o.) A prática comum de espíritas não só se considerarem “superiores” por não terem profissionais da religião, como porem-se a julgar com generalizações aéticas os demais religiosos como exploradores do povo, por causa do sistema de dízimos e ofertas nas Igrejas, atribuindo indiscriminadamente rótulos negativos a seus pastores, além de também tratarem os evangélicos em especial como “bibliólatras”, “fundamentalistas”, “bitolados” e outros títulos dessa linha, esquecendo-se do mandamento do Cristo, "não julgueis para que não sejais julgados" (Mat. 7:1).

06/10/10

CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRINDADE

Ao crermos que Jesus é Deus, fazemos profissão de fé trinitária. E a doutrina da Trindade é verdadeira, não porque a possamos entender, mas porque é um facto da Revelação. E isto, para nós, os que cremos, é suficiente. Não conseguimos entender a origem do mal, o facto de Lúcifer ter-se tornado Satanás, a miraculosa operação do Espírito Santo e tantos outros assuntos. Mas constituem matéria da Revelação divina, e basta!
É infantilidade rejeitar a doutrina da Trindade sob a alegação de não existir este termo nas Escrituras. No livro divino também não se encontram palavras como Bíblia, Milénio, Teocracia e outras que igualmente não rejeitamos, porque o que se busca nas Escrituras são factos e não nomenclatura. Outro contra-senso é rejeitar a doutrina, porque nos parece mistério. Deus é mistério (Is. 45:15). Com Trindade ou sem ela, Deus é mistério. Cristo é mistério (Col. 1:26). Aceitemos com humildade a revelação das Escrituras sem precisarmos negar e distorcer as declarações límpidas e inequívocas da Bíblia relacionadas com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Seria loucura estabelecer diferença entre “segredo” e “mistério”, considerando o primeiro como algo ainda não conhecido e o último como coisa que não pode ser entendida. Um dos mais famosos dicionaristas do mundo, T. Barnhart, define deste modo: “Mistério: segredo, alguma coisa oculta ou desconhecida”. E também: “Segredo: alguma coisa secreta ou oculta; mistério.”
A Divindade Se constitui em TRÊS PESSOAS, todas eternas, todas iguais, todas divinas, permanecendo UMA em essência, em propósito, em acção. Melhor dito, a TRINDADE é o organismo da Divindade, é o meio pelo qual Se manifesta e existe em relação ao homem.
A negação da Trindade advém num primeiro tempo de um grande erro: ter criado o conceito de pessoas divinas como se tem o conceito de pessoas humanas.
“Em Teologia, como em qualquer outra ciência, há necessidade absoluta de alguns termos técnicos. Quando dizemos que há três pessoas distintas na Divindade, não queremos, com isso, dizer que cada uma delas é tão separada da outra, como um ser humano está separado de todos os demais. Embora se diga que Se amam, Se ouvem, orem uns aos outros, enviem uns aos outros, testifiquem uns dos outros, não são, no entanto, independentes entre si; porque, como já dissemos, a auto-existência e independência são propriedades, não das pessoas individuais, mas do Deus Triúno.” L. Boettner, The Trinity, p. 59.
Deixamos a seguinte citação:
“O Consolador que Cristo prometeu enviar depois de ascender ao Céu, é o Espírito em toda a plenitude da Divindade, tornando manifesto o poder da graça divina a todos quantos recebem e crêem em Cristo como um Salvador pessoal. Há três pessoas vivas pertencentes à Trindade celeste; em nome destes três grandes poderes - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - os que recebem a Cristo por fé viva são baptizados, e esses poderes cooperarão com os súbitos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo.” Special Testimonies, Série B, Nº 7, págs. 62 e 63.
Em segundo lugar, a negação da Trindade, vem da exploração dos textos que falam da subordinação do Filho ao Pai. Contudo Cristo – que é Deus – foi homem também. Daí o dizer-se que a Sua natureza é teantrópica (divina e humana). Esta subordinação não é de essência, mas de ordem e operação. Cada uma das Pessoas divinas tem a Sua esfera de actividade. “como se fora uma sociedade bem organizada”.
Outro factor da negação da doutrina é a pretensa ignorância, mas na verdade deliberada má fé de certos escritores arianos, supondo que cremos em três deuses. Por exemplo, no livro “Seja Deus Verdadeiro”, p. 97 lemos o seguinte sobre a doutrina da Trindade:
“Em resumo, a doutrina consiste em dizer-se que há três deuses em um.”
Esta é, quando muito, uma conclusão que os jeovistas (e todos os que não crêem na Trindade) querem extrair; nunca, porém, a crença cristã. Nunca isto foi escrito ou admitido por um cristão. Em tempo algum. É inteiramente gratuita a acusação de triteísmo que nos é feita, ao passo que nós podemos acusar os senhores jeovistas/etc de biteísmo. Ao afirmarem que Jeová é Deus Todo-poderoso e Cristo um deus poderoso, estão crendo em dois deuses! Um Deus maior gerando um deus menor: portanto dois deuses, não importa a categoria que procuram dar-lhes.
Na Divindade encontramos, por assim dizer, uma forma de Personalidade sui generis, sem termos de comparação, totalmente diferente da que se encontra no homem. A Revelação assegura que cada uma das Pessoas da Trindade possui in totó, numericamente, a mesma substância. Eis os textos: Col. 2:9 “Porque n´Ele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade”; João 14:11 “Crede-Me que Eu estou no Pai, e o Pai em mim”; João 10:30 “Eu e o Pai somos UM”. Mesmo estando na terra, encarnado, Jesus estava como Deus na terra e como Deus também no Céu. João 1:18 “O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer”. Jesus falava a Nicodemos, e empregava o tempo presente do verbo. Há traduções que consignam que João 3:13 “Ninguém subiu ao céu, senão Aquele que desceu do Céu, o Filho do homem que está no céu (Matos Soares, Figueiredo, Almeida Antiga e outras).
É verdade que pela razão jamais chegaremos à compreensão integral da Trindade, mas os que “andam por fé e não por visão à compreensão integral da Trindade, mas os que “andam por fé e não por visão” aceitam o que a Revelação apresenta.
Jesus Cristo é Deus porque as Escrituras expressamente O designam como Deus. Enumeremos os principais textos:
1) João 1:2
2) Mat. 1.23
3) Is. 9:6
4) Rom. 9:5
5) Luc. 23:40
6) João 20:28
7) Tito 2:13
8) Heb. 1:8
9) 1ª João 5:20
10) 2ª Pedro 1:1
11) João 1:18
12) Tito 1:3
13) João 10:33.
A Fórmula Baptismal
O mais citado texto trinitário é, sem dúvida, Mateus 28:19: “Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em NOME do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” Há a menção clara das três Pessoas da Divindade, porém a palavra “nome” na forma singular. Não diz: “baptizando-os nos nomes do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Também diz: “no nome do Pai, e no nome do Filho, e no nome do Espírito Santo”, para destacá-los como três Seres separados. Nada disso. Ao contrário, reúne os três dentro de um Nome único. Para os discípulos que ouviram a Grande Comissão, o único sentido que apreenderam foi o de que, dali por diante, Jeová passaria a ser conhecido pelo novo Nome: do Pai, do Filho, e do Espírito Santo.
Uma Saudação Paulina
Em 2ª Cor. 13:13 temos o registo da bênção apostólica para uso litúrgico nas igrejas, assim redigida: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo, seja com todos vós!” Não diz: “A graça, o amor, e a comunhão de Deus seja com todos vós”. As três Pessoas de Deus são reunidas e a elas se atribuem bênçãos redentoras.
Outros Apóstolos Mencionam a Trindade
Lemos em 1ª Pedro 1:2 “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo.” As três Pessoas surgem juntas em expressões de esperança cristã, porém a referência é a um só Deus.
Em Judas: “20 Mas vós, amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, 21 conservai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.”
Um texto Impugnado
Proclamam os jeovistas tratar-se de uma interpolação o que se lê na Versão Almeida antiga, em 1ª João 5:7 “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um.” Não necessitamos desse texto para provar o que se acha sobejamente revelado em outros passos. Diremos apenas que o texto impugnado é citado por antigos escritores, dentre eles Itácio, no século IV; Presciliano, noano 385 A.D., e Virgílio Tapsensis no século V, como autênticos
Outro texto Impugnado
Há versões em 1ª Tim. 3:16 que consignam “Deus foi manifestado em carne”. Uma nota à margem no “The Emphatic Diaglott” esclarece: “Quase todos os antigos manuscritos, e todas a versões dizem ´Aquele que foi manifestado´em lugar de ´Deus´ neste versículo, isto tem sido aprovado”. Não é exacto. Embora traduções e revisões recentes tenham aceite a versão “Aquele que”, não se segue que “quase todos os antigos manuscritos e todas as versões” a registem. A palavra “Deus” neste texto encontra-se em quatro dos poucos manuscritos unciais ainda existentes. Encontra-se em 260 dos manuscritos cursivos, e há 262. encontra-se em 30 exemplares dos apóstolos, nas Versões Harcleana Georgiana e Slavónica, e nos seguintes dos Santos Padres; no III século, Dionísio de Alexandria. No de Tarso, Gregório de Nissa (22 vezes), Crisóstomo (3 vezes). No V século: em Cirilo de Alexnadria (2 vezes), Teodureto de Chipre (4 vezes), Eutálio, e Macddónio. No VI século em Severo de Antioquia. No VIII século: em João Damasceno, Epifânio de Catana, Teodoro Studita, Osménio, Teofilacto, e Eutimio. Estes dados forma extraídos do “The Revision Revised” do erudito Burgon, que escreveu exaustivo trabalho sobre o assunto.
O “Plural de Majestade”
Os que se recusam a admitir uma união das três Pessoas na Trindade apela para uma fórmula cómoda denominada “plural de majestade”, diante do facto de o nome divino Elohim ser plural, e de passagens bíblicas em que Deus fala no plural, como “Façamos o homem”, “desçamos”, “vejamos”, “Eis que o homem é como um de nós”, “quem irá por nós?” Ora isto é invenção humana, pois as Escrituras não autorizam a invenção deste modus loquendi a que denominam “plural e majestade”. Atribui-se esta invenção a Gesénio que de uma feita apresentou esta ideia de que o plural era apenas a maneira de Deus se apresentar na Sua majestade senhorial, à moda dos monarcas antigos. Descobriu-se, no entanto, que tese de Gesénio era falsa, porquanto ficou provado que nenhum monarca se utilizou deste sistema. Faraó, nenhum monarca persa, e de nenhum outro reino antigo jamais falaram em nome seu e dos outros. Mas os jeovistas aceitam esta lenda. Em Gén. 41:44, por exemplo, diz Faraó: “Eu sou Faraó...” “tu estarás sobre a minha casa”. Nada de plural de majestade. A verdade é que quando a Bíblia usa o plural da primeira pessoa, quando devíamos esperar o singular, é que alguma realidade está em jogo. o plural envolve pluralidade de Pessoas na Divindade. O próprio Cristo empregou o plural. Em João 3:11 “Nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto, contudo não aceitais o nosso testemunho.” Ainda em Mateus 3:15, no baptismo: “Assim nos convém cumprir toda a justiça.” E nos versos seguintes ouve-se a voz do Pai, e se vê o Espírito Santo eram forma de pomba. As três pessoas Se manifestam. Se, como querem os jeovistas, se trata de plural de majestade, então Cristo é o mesmo Jeová, ou o Elohim, porque Eles também usaram o plural de majestade!
Mais um exemplo: “A que assemelharemos o reino de Deus? ou com que parábola o apresentaremos?” Mar. 4:30. Quando o apóstolo Paulo escreve: “...a tribulação que nos sobreveio na Ásia, acima das nossas forças” (2ª Cor. 1:8), ou “quisemos ir até vós...contudo Satanás nos barrou o caminho” (1^Tes. 2:18), estava associando consigo os companheiros de viagem, de tribulação e de trabalho. Por isso emprega o pronome “nós”. Não há por onde justificar o uso na antiguidade do pluralis majestatis, uso que, na verdade, não existia. O que há, de facto, é pluralidade de Pessoas.
E isto prova a existência da Trindade!

03/10/10

O ESPÍRITO SANTO E A OBEDIÊNCIA

LEITURA BÍBLICA: 1ª COR. 10:1-4; NEEMIAS 9:12-14.
E os guiaste de dia por uma coluna de nuvem, e de noite por uma coluna de fogo, para os alumiares no caminho por onde haviam de ir.
E sobre o monte de Sinai desceste, e falaste com eles desde os céus; e deste-lhes juízos rectos, e leis verdadeiras, estatutos e mandamentos bons.
E o teu santo sábado lhes fizeste conhecer; e preceitos, e estatutos, e lei lhes mandaste, pelo ministério de Moisés, teu servo.

Dois são os propósitos pelos quais devemos viver a plenitude do Espírito Santo:
1) Reflectir Jesus na nossa vida: 1 João 3:24
2) Receber poder para testemunhar: Actos 1:8.

Resumindo poderíamos dizer: Permitir que Jesus ministre aos outros por nosso intermédio.

A – Jesus e os Dez Mandamentos.
Jesus e a Lei de Deus são inseparáveis. Para dizer a verdade, foi Jesus, antes da Sua encarnação, quem entregou a Moisés os Dez Mandamentos. O Deus que comunicou os mandamentos, revelou-Se a Moisés como o “EU SOU” (Êxodo 3:14). Jesus reivindicou ser o “EU SOU” do Antigo Testamento: João 8:58.

Os textos lidos no inicio 1ª Cor. 10 e Neem. 9, eliminam qualquer dúvida de que foi Jesus que desceu na nuvem sobre o Monte Sinai e encontrou-SE com Moisés, para escrever o Decálogo com o Seu próprio dedo.

Jesus cumpriu na vida a Lei de Deus, afirmando categoricamente que o Seu propósito era cumprir os justos reclamos da lei, não destruí-la ou anulá-la (Mat. 5:17).

Existem dois tipos de obediência que os pretensos cristãos podem praticar. Uma que chamo obediência “externa”. Esta obediência é praticada quando o crente obedece à Lei de Deus simplesmente porque Deus disse para obedecer. Esse tipo de obediência não passa de legalismo, pois não vem do coração.

A segunda forma de obediência é a obediência “interna”. Essa obediência é praticada por um desejo interior e profundo que o crente tem de obedecer a Deus.

Obediência externa sem obediência de coração não é aceite por Deus
Salmo 51:16-17;
Porque te não comprazes em sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos.
Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.

Mateus 5:18;
Porque, em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.

No Antigo Testamento, Deus prometeu dar aos Seus filhos um “coração novo” e fazer com que eles andassem nos Seus estatutos. Ez. 36:26,27.
E vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo, e tirarei o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.
E porei dentro de vós o meu espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis.

Essa promessa cumpre-se na Nova Aliança, na qual Deus assegura:
”Na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei…” Heb. 8:10.

Paulo aos Coríntios foi mais concreto ao dizer: 2 Cor. 3:3.
Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
- O crente e cada igreja devem ser cartas de Cristo diante do mundo. O material no qual se escreve é o coração e o que se escreve é a Lei de Deus, que reflecte o carácter de Cristo.
- No tempo do apóstolo Paulo em geral escrevia-se em papiro com canetas de cana, a tinta era feita de um material pigmentado de preto. Mas não se trata de escrever em papiro, nem no coração, mas na mente, é preciso muito mais do que um homem inspirado, necessita-se directamente do Espírito do Deus Vivo.
- A lei de Deus manifesta-se em santidade, obediência e santificação. Ou seja de forma espontânea. Atinge não só o intelecto, mas a vontade e os sentimentos (Sal. 1:2)

B – O Baptismo Santo e a Lei de Deus.

Esta Lei é inscrita de novo por Deus. É o Espírito Santo que escreve a eterna Lei no coração do crente que é baptizado pelo baptismo do arrependimento e pelo baptismo do Espírito.

É a esta experiência que a Bíblia chama estar selados com o Espírito Santo
Mas, o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus,
O qual, também, nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações. 2 Cor. 1:21-22;
- Selou, “marcou” “autenticou”, o selo que Deus coloca nos homens e nas mulheres como reconhecimento que são filhos e filhas do Altíssimo, confirmados em Cristo e dedicados para seu serviço.
Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que primeiro esperámos em Cristo;
Em quem, também, vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa, Ef. 1:12-13.
Então como é que nós podemos saber que a Lei de Deus foi escrita no nosso coração? Como posso saber se tenho o selo do Espírito Santo?

Deixem-me dar alguns exemplos: todos nós temos televisão em casa. Estamos a assistir a um programa que tem como enredo o envolvimento de cenas de adultério (sétimo mandamento), linguagem obscena (terceiro mandamento), homicídio (sexto mandamento), engano e roubo (oitavo e nono mandamento).

Se faço vista grossa a essas cenas. Pergunto; está a Lei de Deus escrita no meu coração pelo Espírito Santo?

Se a Lei estivesse escrita no meu coração qual seria a minha atitude? Agrada-me esse programa?

Ou é isto atitude fanática? Mudou Deus com o tempo? Ou é Ele o mesmo ontem, hoje e eternamente?

As características que descrevem os habitantes de Sião preparados para se encontrar com Cristo na Segunda Vinda diz que esses crentes tapam “os ouvidos, para não ouvir falar de homicídio” e fecham “os olhos, para não ver o mal”: Isaías 33:15.
… o que tapa os seus ouvidos, para não ouvir falar de sangue, e fecha os seus olhos, para não ver o mal.
Os crentes que vivem sinceramente na esperança da Segunda Vinda deixaram o Espírito Santo escrever a Lei de Deus nos seus corações é por essa razão que vivem na esperança da volta do Senhor.

Hoje, quero concluir com uma citação da serva do Senhor:
C – Conclusão:
A Verdadeira Obediência.
“Toda a verdadeira obediência vem do coração. Do coração de Cristo também procedia a Sua obediência. E se consentirmos, Jesus se identificará como os nossos pensamentos e ideais, dirigirá o nosso coração e espírito em tanta conformidade com o Seu querer, que obedecendo-Lhe, não estaremos senão seguindo os nossos próprios impulsos. A vontade, refinada, santificada, encontrará o seu mais elevado deleite em fazer o Seu serviço. Quando conhecermos a Deus como nos é dado o privilégio de conhecer, a nossa vida será de contínua obediência. Mediante o apreço do carácter de Cristo, por meio da comunhão com Deus, o pecado se nos tornará aborrecível.” Desejado de Todas as Nações,

Quando isto acontece, passamos a reflectir o carácter de Jesus e a realizar as Suas obras. Passamos efectivamente a experimentar o que João diz: “E aquele que guarda os Seus mandamentos permanece em Deus, e Deus, nele. E nisso conhecemos que Ele permanece em nós, pelo Espírito que nos deu.” 1ª João 3:24.

O crente selado pelo Espírito Santo conhece verdadeiramente o Senhor, pois experimenta a Sua presença em cada momento da vida.

Quando o Senhor vier, não ouvirá as palavras: “Não vos conheço”, como foram dirigidas às virgens loucas que não levaram óleo extra – plenitude do Espírito Santo (Mateus 25:12).

Os que permitem que Cristo habite neles através do Espírito Santo são os que consumaram o seu casamento com Ele. Cristo “conhece” a sua verdadeira noiva.