Os sinceros cristãos que militam hoje sob as mais diversas
bandeiras denominacionais, ainda que não descobriram a verdade sobre a Lei de
Deus em seu esplendor magno, admitem e crêem que ela findou na cruz,
estribando-se para isso em Colossenses 2:14 – “Havendo riscado a cédula que era
contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e
atirou do meio de nós, cravando-a na cruz.”
Por outro lado, há também os que ensinam que a Lei durou até
a posteridade que é Cristo (Gálatas 3:16). E outros, mais afoitos, afirmam que
o fim da Lei se deu com o advento de João Batista, e para tanto citam: “A lei e
os profetas duraram até João” – Lucas 16:16. Deduzimos daí, lamentavelmente,
que os adeptos da abolição da Lei de Deus sequer chegam a um acordo mútuo, uma
unidade. Se houve três abolições intercaladas no tempo, qual deve basear-se o
crente para firmar sua fé?
A coluna basilar para uns é que foi até João, para outros
findou com Jesus. Como é isso? Afinal, quando foi exatamente que a Lei de Deus
foi “abolida”, ou “cessou de vigorar”? Porque a premissa lógica é que, “se
durou até João, já estava abolida e nada mais teria Jesus que abolir”.
Novamente lembramos, quando quiser descobrir a verdade que o
versículo bíblico quer ensinar, não o isole do contexto, nem se sirva dele
separadamente, para não comprometer-se a um grande engano. Porque se ensinam
que depois de João não houve mais profetas, é uma heresia tal ensinamento e
este verso jamais financiou tal afirmativa. Por exemplo:
• Atos 2:17 e 18 – “E nos últimos dias acontecerá diz o
Senhor, que do Meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e
vossas filhas profetizarão… e também sobre os Meus servos… e profetizarão.”
• Atos 19:6 – “E impondo-lhes as mãos… profetizaram.”
• Atos 21:9 e 10 – “E tinha este quatro filhas donzelas, que
profetizavam. E demorando-nos ali… chegou da Judeia um profeta por nome Agabo.”
• I Coríntios 14:29 e 32 – “E falem dois ou três profetas… E
os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.”
Pela leitura destes textos do Novo Testamento, fica
comprovado que depois de João Batista houve profetas, efetivamente. Quanto à
existência e permanência da Lei de Deus após João é uma evidente afirmação.
Veja: depois de Lucas registrar – “A lei e os profetas duraram até João…”, um
moço rico procurou a Jesus com as palavras, conhecidas: “… Mestre, que farei eu
de bom, para alcançar a vida eterna?” (Mateus 19:16). Resposta de Jesus: “Se
queres entrar na vida, guarda os mandamentos” (Mateus 19:17).
Estas palavras são do Mestre e ninguém pode negar que estes
mandamentos são do Decálogo, porque Jesus definiu dizendo para o jovem: “Não
matarás; não cometerás adultério; não furtarás; não dirás falso testemunho;
honra teu pai e tua mãe” (Mateus 19:18 e 19).
→ Aqui entram cristãos com o dedo apontado, afirmando que
Jesus cancelou o Sábado porque não o repetiu para o moço rico guardar.
Ξ Então nós respondemos: Se por Jesus ter omitido –
“Lembra-te do Sábado para o santificar”, Jesus o cancelou, então o Mestre fez
pior, ao omitir a proibição daquilo que é repulsivo para Ele próprio e para Seu
Pai, que é a idolatria, admitindo a negação do próprio Deus. Porque Jesus
também não recitou para o moço – “Não terás outros deuses diante de Mim; não
farás para ti imagens de esculturas.”
→ Agora perguntamos: Por essas omissões tais cristãos
deixaram de adorar a Deus? Terão ídolos? Lógico que não! Então porque aceitar
uma declaração e negar a outra? É coisa seria entrar na vida eterna, e a
condição foi estipulada e estabelecida por Cristo: obediência aos Dez
Mandamentos. Se a Lei foi abolida, ou vigorou até João Batista apenas, porque
ordenaria Cristo a obediência a esta Lei “abolida”? E têm mais: como poderia
estabelecer a guarda dela como norma para entrar na vida eterna, já que Ele
“veio para mudar ou abolir”? Considere isso.
Antes de prosseguir, deixe-nos dizer-lhe por que Cristo
citou apenas parte dos Dez Mandamentos para o jovem. Jesus estava diante de um
israelita guardador do Sábado, como os demais judeus. Para eles este mandamento
era o de maior valor, porque eram desamorosos e avarentos. Eram de fato
extremosos na guarda do Sábado, porém falhavam abertamente noutros pontos; por
isso Jesus focalizou apenas o que negligenciavam. Quanto ao Sábado, estavam
certos, é o dia de guarda, não precisaria relembrar-lhes.
Jesus referindo-se aos doutores da Lei, disse: “Observai
pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com
as suas obras , porque dizem e não praticam” (Mateus 23:3). Ora, o Mestre sabia
que os ensinamentos dos sacerdotes concernentes com à Sua Lei eram certos,
apenas praticavam errado, ou seja, guardavam a letra.
Então, como entender o versículo de Lucas 16:16 que
menciona: “A Lei e os profetas duraram até João”? Volte ao texto; leia-o.
Verifique com cuidado e bastante atenção como está grifada a palavra “duraram”.
Observou? Está grifada no texto, isto é, escrita com as letras de forma
diferente das demais, um pouco inclinadas. O que isso quer disser? É para
chamar a atenção que o tradutor não encontrou no original grego esta palavra,
apenas a empregou por considerar a melhor para complementar o sentido do verso.
Todas as palavras grifadas, encontradas na Bíblia, não constam do original.
Ξ Agora, leia Mateus 11:13: “Porque todos os profetas e a
lei profetizaram até João.” – Agora sim, está clara e explícita a verdade que
Jesus queria ensinar.
A “lei e os profetas” formam uma expressão que designa os
ensinos do Antigo Testamento (João 1:45), incluindo o Pentateuco e os escritos
de todos os profetas, porque “os escritos do Antigo Testamento constituíam o
primeiro guia do homem para a salvação. Estes escritos eram tudo que os homens
tinham em matéria de revelação. O evangelho veio, não para abolir os escritos
antigos, mas para suplementá-los, reforçá-los e confirmá-los.
O evangelho veio, não para ser colocado no lugar do Antigo
Testamento, mas em acréscimo a ele.” (Subtilezas do Erro, pág. 97, A. B.
Christianini – CPB)
Logo, quis o Mestre dizer que até João Batista todas as
Escrituras dos profetas, referentes à Sua primeira vinda contidas nos livros do
Antigo Testamento, com o Seu advento, batismo e ministério, enfim as profecias
referentes a Sua vinda encontraram cumprimento in-loco.
Até João Batista, a lei e os profetas (escritos do Antigo
Testamento) indicavam, através da palavra escrita, dos símbolos e do sistema
sacrifical (sombras de Jesus), o tempo em que o reino de Deus seria anunciado,
e, de fato, com a pregação do reino, novo tempo raiava. O próprio João Batista
afirmava: “… arrependei-vos porque é chegado o Reino dos Céus…” (Mateus 3:2).
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