Como os cristãos devem tratar aqueles que são diferentes? Como devemos tratar aqueles que não acreditam como nós?
Aqui está um enigma, muito antigo que tem sido discutido por séculos e ainda é complicado tentar desvendar: Irmãos e irmãs, não tenho nenhum, mas o pai do homem é filho do meu pai. Quem é esse homem?
É um quebra-cabeças lógico baseado nas complexidades das relações humanas. (Não vou dizer-lhe a resposta, mas posso dizer-vos que a resposta não é o que você primeiro supôs!)
Aqui está um enigma muito mais fácil sobre os relacionamentos: Se duas pessoas têm o mesmo pai, o que isso faz delas uma para a outra?
Você não tem que pensar sobre isso por muito tempo. Pessoas com o mesmo pai são irmãos e irmãs.
Deus é Pai de todos
A Bíblia repetidamente descreve Deus como nosso Pai. Jesus o chamou “Pai nosso, que estás nos céus” (Mateus 6:9). Cada um de nós tem um pai humano, é claro. Mas Deus, como Criador e Sustentador de toda a humanidade, é nosso “um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos” (Efésios 4:6).
Então, se cada pessoa no planeta, com a nossa infinita gama de tons de pele e características, diversamente vestidos, falando milhares de línguas diferentes, tem Deus como Pai, então o que isso nos torna um relação ao outro?
Irmãos e irmãs, é claro.
Um homem de pele escura na África vestindo um dashiki é meu irmão. Uma mulher vestida de quimono japonês em grossas sandálias de madeira é minha irmã. Uma Inuit vivendo em uma casa de neve no norte do Canadá faz parte da família também.
Eu tenho cerca de 6000 milhões de irmãos! E, embora nem todos nos conhecemos um ao outro, nosso Pai celeste conhece cada um de nós pelo nome.
Uma família problemática
No entanto, nós só precisamos prestar atenção ao noticiário da noite para saber que não temos agido com muita fraternidade uns para com os outros.
Olhemos as guerras em toda a terra, muitos lutaram sob a bandeira de Deus ou de outros a quem chamam deus. Observemos quão abusivos, egoístas e cruéis alguns de nós são para com os outros.
Se somos uma família, somos uma família altamente disfuncional!
No entanto, segundo as Escrituras, todos nós somos descendentes do mesmo homem e mulher, os quais também foram esculpidos e receberam a vida do próprio Deus. “De um só homem”, Paulo disse: “fez todas as raças dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra” (Atos 17:26). Gostando ou não, somos uma família.
Não muito tempo atrás, duas famílias jovens com filhos pequenos estavam em seus lugares no avião, no aeroporto em Washington, DC, esperando os outros passageiros embarcarem. Os dois homens, que eram irmãos, estavam discutindo um artigo que tinham lido sobre qual seria o assento mais seguro no avião em caso de acidente. Um observou ao outro, “Parece que neste vôo estamos sentados ao lado do motor.”
Poucos minutos depois, um agente do FBI entrou no avião e retirou um dos irmãos e sua esposa, e depois o resto dos membros da família foram retirados. Eventualmente, todos os passageiros foram obrigados a sair do avião. No decorrer do interrogatório, a família entendeu porque foram a causa do vôo atrasado. Todos eles tinham uma pele marrom-dourada, os homens usavam grandes barbas pretas e o cabelo das mulheres estava coberto com lenços. Um passageiro ouvindo-os falar dos motores do avião, suspeitou deles e tinha passado uma nota para a hospedeira de bordo dizendo que eles poderiam ser terroristas!
Quando souberam que tinham sido retirados do avião, as autoridades ficaram envergonhadas. Um dos irmãos era um médico respeitado, o outro era advogado. Apesar de serem muçulmanos, eles haviam nascido e crescido nos Estados Unidos e falavam Inglês sem sotaque. A viagem tinha sido interrompida, não
por causa de quem eles eram, mas porque alguém achou pela aparência que eram diferentes.
por causa de quem eles eram, mas porque alguém achou pela aparência que eram diferentes.
Diferenças como raça, religião e etnia interferem frequentemente na fraternidade humana. Tiramos conclusões precipitadas sobre os outros com base em sua aparência, na língua que falam, ou nos seus contextos culturais.
Felizmente, a Paternidade de Deus não depende sobre se gostamos ou não uns dos outros. “Ó Senhor, tu és nosso Pai”, escreve Isaías. “Nós somos o barro, tu és o oleiro, todos nós somos a obra das tuas mãos” (Isaías 64:8). Se estamos em forma e cor diferente um do outro é devido a marca da arte do oleiro mestre.
Jesus não esperava que os filhos de Seu Pai nesta terra de repente começariam a viver como uma família feliz por causa de seu ministério de amor. Ele previu que, até que Ele voltasse para a terra, alguns membros da família estariam permanentemente engajados em “guerras e rumores de guerras” (Mateus 24:6).
Mas Ele nos deixou uma maneira de experimentar apenas uma amostra do que Deus originalmente tinha em mente para nós, antes do pecado entrar no mundo. Desde que Jesus esteve aqui, aqueles de nós que reconhecem que Deus é nosso Pai, se reúnem para praticar serem gentis e amorosos irmãos e irmãs.
A família da igreja
A nossa reunião de família é chamada “igreja”, e é constituída por todos aqueles que amam Jesus. Onde dois ou três irmãos se reúnem, Jesus promete se reunir com eles (veja Mateus 18:20). Jesus representou a igreja como um refúgio longe da competição, do estresse e da violência do mundo, um lugar onde nós tratamos uns aos outros com o tipo de amor altruísta, que caracterizou sua vida. Jesus considerou isto tão importante que Ele adicionou um novo mandamento aos dez na Escritura: “Um novo mandamento eu vos dou”, ele disse. “que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós” (João 13:34). O próprio Jesus convoca esse encontro, pois assim como Deus é nosso Pai, assim o Filho de Deus, Jesus, é nosso irmão mais velho (Hebreus 2:11). Na igreja ideal, nós tratamos uns aos outros com respeito, não importando a nossa posição na vida. Porque somos todos iguais aos olhos de Deus, as diferenças étnicas, raciais e de gênero desaparecem. “Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:28). A igreja, como um corpo humano, tem muitas partes, mas essas partes não precisam ficar com ciúmes umas das outras, porque cada uma tem sua própria função (1 Coríntios 12:20-22).
Toda semana, no sábado do sétimo dia, a congregação da qual eu sou uma peça se reúne para adorar. Nós gostamos de estudar a Bíblia e a música sacra, mas para mim a coisa mais importante que acontece em nossa igreja tem lugar entre os grupos de pessoas que se encontram no saguão e nos corredores, orando umas pelas outras e trocando algumas palavras de encorajamento e conforto. Apertos de mão e abraços, amizades profundas, partilhando juntos momentos felizes, como um casamento ou um novo bebê, e tristes como funerais, uma igreja, no seu melhor, é um reflexo do amor de Jesus.
Talvez você já tenha ido a uma igreja que não o tenha impressionado com a sua bondade, e me desculpe se essa foi sua experiência. Isso não deve nos surpreender, porém, até mesmo os melhores cristãos são humanos. Mesmo na igreja cristã primitiva, houveram discussões sobre poder, classe social, etnia e pontos de doutrina.
Ser igreja não é apenas doutrinas. A nossa compreensão do Deus infinito nunca será completa (1 Cor 13:9); mas bons relacionamentos onde falamos as verdades de Deus de forma amorosa e as demonstramos em nossas vidas (Efésios 4:15), nos identificam como uma igreja. “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos”, disse Jesus, “se vocês se amarem uns aos outros” (João 13:35). A chave para ser um cristão feliz é encontrar-se com a família de Deus.
Texto escrito por Loren Seibold, publicado na revista Signs of The Times edição Outubro/2010.
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