28/09/10

O PECADO E AS SUAS NUANCES

É muito importante que tenhamos uma compreensão adequada do pecado. Muitos erros modernos a respeito da salvação não podem ser sustentados por aqueles que pensam logicamente, se tiverem uma concepção apropriada do pecado.
I. A NATUREZA DO PECADO
O pecado é uma coisa com cabeça de hidra. Ele apresenta diferentes fases. Um tratamento adequado do pecado deve jogar com estas diferentes fases:
1. O PECADO COMO UM ACTO.
Em 1 João 3:4 temos a definição do pecado como um ato. É um transgredir, ou um ir contrário à Lei de Deus.
2. O PECADO COMO UM ESTADO.
Muita gente há que não pode ou não quer ver que o pecado vai mais fundo que um ato manifesto. Um pouco de reflexão mostrará que os nossos actos não são senão expressões dos nossos seres interiores. A pecaminosidade íntima, então, deve preceder os actos manifestos do pecado. As seguintes provas escriturística mostram não só que o homem é pecaminoso na conduta como que ele existe num estado pecaminoso – uma falta de conformidade com Deus na mente e no coração:
(1) As palavras hebraica e grega traduzidas por "pecado" aplicam-se tanto a disposições e estados como a actos.
(2) O pecado tanto pode consistir de omissão em fazer a coisa justa como de comissão em fazer a coisa errada.
"Ao que se sabe fazer o bem e o não faz, ao tal é pecado" (Tiago 4:17).
(3) O mal se atribui a pensamentos e afectos.
Génesis 6:5; Jeremias 17:9; Mateus 5:22,26; Hebreus 3:12.
(4) O estado da alma que dá expansão a actos manifestos de pecados é chamado pecado, expressamente.
Romanos 7:8,11,13,14,17,20.
(5) Alude-se ao pecado como um princípio reinante na vida.
Romanos 6:21.
3. O PECADO COMO UM PRINCÍPIO.
O pecado como princípio, é rebelião contra Deus. É recusar fazer a vontade d´Ele que tem todo o direito de exigir obediência de nós.
4. O PECADO EM ESSÊNCIA.
"Podemos seguir o Dr. E. G. Robinson em dizer que, enquanto o pecado como um estado versus de Deus, como um princípio de oposição a Deus e como um ato é transgressão da Lei de Deus, a sua essência é sempre e em toda a parte egoísmo" (Strong, Systematic Theology, pág. 295).
O pecado pode ser descrito como uma árvore de vontade própria, tendo duas raízes mestras: uma é um "não" para Deus e Seus mandamentos, a outra é um "sim" para o Eu e interesses do Eu. Esta árvore é capaz de dar qualquer espécie de fruto no catálogo dos pecados. O egoísmo está sempre manifesto no pecador na elevação de "algum afecto ou desejo inferiores acima da consideração por Deus e Sua Lei" (Strong). Não importa a forma que o pecado tome; acha-se sempre ter o egoísmo por sua raiz. O pecado pode tomar as formas de avareza, orgulho, vaidade, ambição, sensualidade, ciúme, ou mesmo o amor de outrem, em cujo caso outros são amados porque são tidos como estando de algum modo ligado ao Eu ou contribuindo para o Eu. O pecador pode buscar a verdade, mas sempre por fins interesseiros, egoísticos. Ele pode dar seus bens para alimentar o pobre, ou mesmo o seu corpo para ser queimado, mas só por meio de um desejo egoísta de gratificação carnal ou honra ou recompensa. O pecado, como egoísmo, tem quatro partes: "(1) Vontade própria, em vez de submissão; (2) ambição, em vez de benevolência; (3) justiça própria, em vez de humildade e reverência; (4) auto-suficiência, em vez de fé" (Harris).
Para prova do facto que o pecado é essencialmente egoísmo, insistimos nas seguintes considerações:
(1) Na apostasia dos últimos dias está dito que "homens serão amante de si mesmos" e também "amantes dos prazeres antes que amantes de Deus" ( 2 Timóteo 3:2,4).
(2) Quando se revelar "o homem do pecado", ele será o que "se exaltará contra tudo o que se chama Deus" ( 2 Timóteo 2:4).
(3) A essência da Lei de Deus é amar a Deus supremamente e aos outros como a si mesmo.
O oposto disso, o supremo amor de si mesmo, deve ser a essência do pecado. Mateus 22:37-39.
(4) A apostasia de Satã consistiu na preferência de si mesmo e de sua ambição egoística a Deus e Sua vontade.
Isaías 14:12-15; Ezequiel 28:12-18.
(5) O pecado de Adão e Eva no jardim surgiu de uma preferência de si mesmo e de sua autogratificação a Deus e Sua vontade.
Eva comeu do fruto proibido porque ela pensou que isso daria a sabedoria almejada. Adão participou do fruto porque ele preferiu sua esposa a Deus. E a razão porque ele preferiu sua esposa a Deus é que ele concebeu sua esposa como contribuindo mais do que Deus para a sua autogratificação.
(6) A morte de Abel por Caim foi incitada pelo ciúme, o qual é uma forma de egoísmo.
(7) O egoísmo é a causa da impenitência do pecado.
Deus mandou que todos os homens se arrependam em toda a parte. Recusam os homens fazer isso porque preferem seus próprios caminhos à vontade de Deus.
Vemos, então, que o pecado não é meramente um resultado do desenvolvimento imperfeito do homem: é uma perversidade da vontade e da disposição. O homem nunca a sobrepujará enquanto ele estiver na carne. A regeneração põe um entrave sobre ela, mas não a destrói. Nem o pecado é mero resultado da união do Espírito com o corpo: o espírito mesmo é pecaminoso e seria apenas tão pecaminoso fora do corpo como no corpo se deixado no seu estado natural. Satanás não tem corpo e contudo é supremamente pecaminoso. Nem o pecado é mera finitude. Os anjos eleitos no céu são finitos e contudo estão sem pecado. Os santos glorificados ainda serão finitos e no entanto não terão pecado.
II. A UNIVERSALIDADE DO PECADO NA FAMÍLIA HUMANA
Todos os homens, salvos por única excepção o Deus – homem, Cristo Jesus nosso Senhor, são pecaminosos por natureza e expressam essa pecaminosidade interior em transgressão deliberada tão cedo atinjam a idade de responsabilidade. Este fato está provado:
1. A NECESSIDADE UNIVERSAL DE ARREPENDIMENTO, FÉ E REGENERAÇÃO.
Lucas 13:3; João 8:24; Atos 16:30-31; Hebreus 11:6; João 3:3,18.
2. DECLARAÇÕES CLARA DA ESCRITURA.
1 Reis 8:46; Salmos 143:2; Provérbios 20:9; Eclesiastes 7:20; Romanos 3:10, 23; Gálatas 3:22.
III. A EXTENSÃO DO PECADO NO SER HUMANO
As Escrituras ensinam que a extensão do pecado no ser humano é total. Isto é o significado de depravação total.
1. A DEPRAVAÇÃO TOTAL CONSIDERADA NEGATIVAMENTE.
A depravação é um assunto muito mal entendido. Por essa razão precisamos de entender que a depravação total não quer dizer:
(1) Que o homem por natureza está inteiramente privado de consciência.
Até mesmo o pagão tem consciência. Romanos 2:15.
(2) Que o homem por natureza está destituído de todas aquelas qualidades que são louváveis segundo os padrões humanos.
Jesus reconheceu a presença de tais qualidades num certo homem rico (Marcos 10:21).
(3) Que todo homem está disposto por natureza para toda forma de pecado.
Isto é impossível, porquanto algumas formas de pecado excluem outras. "O pecado de sovinice pode excluir o pecado de ostentação; o de orgulho pode excluir o de sensualidade" (Strong).
(4) Que os homens são por natureza incapazes de se comprometer em actos que são extremamente conformes com a Lei de Deus.
Romanos 2:14.
(5) Que os homens são tão corruptos como podiam ser.
Eles podem piorar e pioram. 2 Timóteo 3:13.
Esta depravação total não quer dizer que a depravação é total no seu grau. Ela tem que ver com a extensão somente.
2. A DEPRAVAÇÃO TOTAL CONSIDERADA POSITIVAMENTE.
A depravação total quer dizer que o pecado permeou cada faculdade do ser humano assim como uma gota de veneno permeia cada molécula de um corpo de água. O pecado urdiu cada faculdade no homem e assim ele polui todo ato seu.
(1) Prova de depravação total.
A. O homem está depravado na Mente. Génesis 6:5.
B. No coração. Jeremias 17:9.
C. Nos afectos, de maneira que o homem é oposto a Deus. João 3:19; Romanos 8:7.
D. Na consciência. Tito 1:15; Hebreus 10:22.
E. Na palavra. Salmos 58:3; Jeremias 8:6; Romanos 3:13.
F. Depravado da cabeça aos pés. Salmos 1:5,6; Isaías 1:6.
G. Depravado ao nascer. Salmos 51:5; 58:3.
(2) O efeito da depravação total.
A. Nenhum resquício de Bem Fica no Homem por Natureza. Romanos 7:18.
B. Portanto, o Homem, por Natureza, não pode sujeitar-se à Lei de Deus ou Agradar a Deus. Romanos 8:7,8.
C. O homem, por Natureza, está Espiritualmente Morto. Romanos 5:12; Colossenses 2:16; 1 João 3:14.
D. Logo, Ele não pode Compreender as Coisas Espirituais. 1 Coríntios 2:14.
E. Daí, Ele não pode, até que se vivifique pelo Espírito de Deus, voltar do Pecado a Deus em Piedoso Arrependimento e Fé. Jeremias 13:23; João 6:44,65; 12:39,40.
A base da depravação e da inabilidade espiritual jaz no coração. Ele é enganoso e irremediavelmente perverso (Jeremias 17:9). Do coração vêem as saídas da vida (Provérbios 4:23). Ninguém pode tirar uma coisa limpa de uma contaminada (Jó 14:4). Daí, nem a santidade nem a fé podem proceder do coração natural. As boas coisas procedem de um bom coração e as más de um coração mau (Mateus 7:17,18; Lucas 6:45).

21/09/10

A HISTÓRIA DA REDENÇÃO CONTADA PELAS 7 FESTAS DE ISRAEL

O livro bíblico de Levítico (Capítulo 23) esboça de maneira sucinta e cronológica as sete festas solenes instituídas por Deus. Cada festa com o seu significado soma a outra para contar de forma universal e profética o plano de Deus para salvar o ser humano.
Dessa forma, além de um significado contextual para o povo que a celebrava no Antigo Testamento, elas passam a assumir um significado mais abrangente na história tipificando alguns aspectos da obra salvífica de Jesus.
Sem detalhar as festas no seu plano histórico, vamos planificar seus cumprimentos proféticos no amplo contexto da história da salvação.

As primeiras quatro festas estão relacionadas com a primeira vinda de Cristo, e as três últimas com a segunda vinda do nosso Senhor.
São elas: Páscoa - Pães Asmos - Primícias - Pentecostes - Trombetas - Dia da Expiação - Tabernáculos. (Para fácil memorização, note que as quatro primeiras começam com a letra "P", e duas das três últimas começam com a letra "T")
1 - Páscoa (Lev. 23:4 e 5): Festa instituída quando o povo de Israel foi libertado da escravidão do Egito (Ex. 12). Um cordeiro era morto no dia quatorze do primeiro mês (Abib) do calendário hebraico.
Cumpriu-se de forma precisa numa sexta-feira ao pôr-do-sol quando Cristo foi morto como um cordeiro (I Cor. 5:7; I Ped. 1:18 e 19).
2 - Pães Asmos (Lev. 23:6 a 8): No dia seguinte à Páscoa (15 de Abib) começava um período de sete dias onde o povo deveria comer pão sem fermento e oferecer oferta queimada ao Senhor. No verso sete o texto diz que no primeiro dia, ou seja, o dia seguinte a Páscoa, o povo não poderia trabalhar.
Essa festa se cumpriu a partir do dia seguinte à morte de Cristo, quando em Lucas 23:54 a 56 diz que as mulheres na sexta-feira de Páscoa embalsamaram o corpo de Jesus e então no Sábado (dia seguinte) descansaram. Começa então o período de consagração daqueles que eram povo de Deus, na esperança da ressurreição de Cristo, que morreu sem pecado, tipificado pelo pão sem fermento (Fermento representa o pecado, leia Mat. 16:6).
3- Primícias (Lev. 23:9 a 14): Acontecia no dia imediato à festa dos pães asmos (16 de Abib) e festejava o início da colheita. Sem entrarmos em detalhes sobre sua contagem, que divergia entre os Fariseus e Saduceus, vamos esboçar seu significado profético no plano de redenção. Jesus morreu literalmente no dia 15 do primeiro mês (Páscoa) e ressuscitou no dia 16, "como primícias dos que dormem" (I Cor. 15:20). Assim como o povo dedicava ao Senhor os primeiros frutos da colheita, Jesus dedica ao Pai os primeiros frutos da salvação, quando na Sua morte muitos ressuscitaram (Mat. 27:51 a53) e depois foram levados ao Céu com Ele.
4- Pentecostes ou Festa das Semanas (Lev. 23:15 a 22): Parece haver uma ligação desta festa com as anteriores, como sendo uma continuação (v. 15 e 16). Essa festa comemorava o fim da colheita, uma espécie de segunda festa das primícias.
O Pentecostes cumpriu-se cronologicamente em tempo exato (Atos 2:1) e com a descida do Espírito Santo, os seguidores de Deus entregaram "quase três mil pessoas" (Atos 2:41) como frutos da grande colheita desde a morte e ressurreição de Jesus.
Depois da Festa do Pentecostes havia um intervalo até a próxima festa. Assim acontece na história, temos um grande intervalo desde o Pentecostes até a retomado dos cumprimentos proféticos prefigurados pela festa.
5 - Trombetas (Lev. 23:24 e 25): No primeiro dia do sétimo mês era tocada a trombeta para anunciar o primeiro dia do ano civil, ou ano novo. A trombeta também alertava ao povo da proximidade do Dia da Expiação, que era dia de juízo onde se exigia preparação e solenidade. A Festa das Trombetas era um dia de descanso e consagração, representado pelas ofertas queimadas oferecidas a Deus neste dia.
Seu cumprimento profético se deu, no anúncio da proximidade do grande Dia da Expiação, claramente estampado na Primeira Mensagem Angélica: "Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo" (Apoc. 14:7).
6- Dia da Expiação (Lev. 23:26 a 32): Acontecia no décimo dia do sétimo mês. O Santuário era purificado das transgressões daqueles que um dia sacrificaram um cordeiro e tiveram seus pecados transferidos simbolicamente através do sangue do animal que era aspergido no tabernáculo.
Segundo a profecia de Daniel 8:14, no dia 22 de outubro de 1844 teve início esse grande dia, quando Jesus passou literalmente para o Lugar Santíssimo do Santuário celestial para julgar aqueles que aceitaram um dia o sacrifício de Cristo na cruz como cordeiro de Deus (Heb. 9:23 a 28).
7- Tabernáculos (Lev. 23:33 a 44): No décimo quinto dia acontecia a última festa do ano religioso, a Festa dos Tabernáculos. Os israelitas, em memória ao tempo em que eram errantes no deserto e viviam em tendas, deviam voltar a morar em barracas durante sete dias. Ao contrário da contrição da festa anterior, havia muito júbilo e alegria nesta ocasião. O juízo havia passado e o perdão dos pecados estava garantido.
Era uma festa de colheita também (uvas e azeitonas, ver William L. Coleman, Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos, 268 e 269), e havia um espírito de gratidão por tudo que o Senhor havia feito durante o ano.
Seu cumprimento está no futuro, depois do término do Dia da Expiação, na ocasião da volta de Cristo.
Ele virá para fazer a colheita final (Apoc. 14:14 a 16) e seremos levados ao Céu com Ele. Note a descrição deste dia por Ellen G. White: "Todos nós entramos na nuvem, e estivemos sete dias ascendendo para o mar de vidro". Primeiros Escritos, pág. 16.
Será um dia de muito louvor e gratidão pelo perdão dos pecados (concluído na festa anterior - O Grande Dia da Expiação) e seguirá por sete dias até recebermos de Jesus as coroas da vitória (ver Primeiros Escritos, 16 e 17).
A Bíblia também relaciona essa festa com a restauração final do povo de Deus: "Todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrar a Festa dos Tabernáculos" (Zac. 14:16).
Conclusão: As sete festas de Israel contam de forma universal e cronológica, a história da salvação desde a morte de Cristo na cruz, como cordeiro pascoal, até Sua segunda vinda de forma gloriosa.
Apesar de não celebrarmos hoje essas comemorações como Israel no Antigo Testamento fazia, podemos estudá-las e aprender muitas lições de vida cristã. Sobretudo, não devemos nos esquecer que estamos vivendo no contexto do Dia da Expiação e Cristo está hoje no Santo dos Santos fazendo o juízo investigativo antes de retornar a essa Terra.
É hora de reflexão, contrição e expectativa do glorioso dia que nos aguarda.

13/09/10

A CRIAÇÃO EM 6 DIAS OU EM 42.000 ANOS?

O livro “Seja Deus Verdadeiro” – título que não casa com o conteúdo contraditório – traz às páginas 174 e 175 o dogma da cosmogonia jeovista, segundo a qual o nosso mundo foi criado em 42.000 anos, ou seis dias de 7 mil anos cada um. Desta forma, o sétimo dia, o “descanso” de Deus, segundo eles , ainda está transcorrendo, acha-se em pleno exercício, pois, tendo começado em Gén. 2:2, está agora completando 6.000 anos. E os últimos 1.000 anos deste “descanso” começarão logo com o Armagedom, iniciando-se o reino milenar de Cristo, com Satanás amarrado, etc. imaginação não lhes falta.
Em que base assenta esta fantasia? Simplesmente no facto de ter Deus cessado a Criação no “sétimo dia”. E, num rasgo de genialidade, concluem: este “sétimo” leva-nos à conclusão de que cada “dia” deve ter durado “sete mil” anos! Não é sensacional! Procuram buscar reforço para esta mirabolante interpretação no argumento de que em Gén. 2:4, por exemplo, a palavra “dia” significa mais do que um período de 24 horas.
Vamos esclarecer este absurdo. O “argumento” é por demais velho e poluído, de tão usado pelos evolucionistas e modernistas religiosos de todos os matizes. É a velhíssima história da palavra yom (dia) ter no hebraico um sentido elástico. Concordamos. No entanto, vamos estudar o assunto em profundidade.
Antes, porém, de prosseguirmos, convém dizer que a hipótese jeovista, do “dia” criativo com duração de sete milénios, não veio assim como uma revelação indiscutível, líquida, intocável. Surgiu como coisa admissível, razoável. Só há alguns anos a seita a admitiu como dogma.
Leio no livro “Criação”, da autoria de Rutherford, edição de 1923 (quando o nome da seita ainda era “Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia) à página 27, o seguinte: “Desde que o Senhor dividiu os períodos da Criação em sete, É RAZOÁVEL admitir que este fossem de igual duração.”
Ora, isto não é evidência, nem prova. É uma afirmação inteiramente livre, temerária e fantasiosa, sem o apoio de um “Assim diz o Senhor”. Perguntamos honestamente: Que relação podem ter os sete períodos, com a sua hipotética duração? Que identidade lógica pode haver? Com tal método, pode-se afirmar livremente que o “dia” tanto pode ter 7 mil anos, como sete milhões de anos sem que se incorra em incoerência! Notemos, sobretudo, a insegurança contida na expressão: “É Razoável…”.
Num outro livro publicado ainda apela Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia, em 1943, denominado “A Verdade Vos Tornará Livres” voltam ao assunto à página 58, com estas palavra tíbias e incertas: “Por conseguinte, este grande dia de descanso do Criador para com a terra PARECE SER de cerca de sete mil anos de duração. Sendo de tal duração este sétimo dia, É RAZOÁVEL concluir que os seis dias de trabalho precedentes eram cada qual da mesma duração.”
Também aqui o “Juiz” (Rutherford), inseguro e vago, sem convicção e sem certeza, usa as expressões “parece ser “ e “é razoável concluir” – que lhe tiram toda a autoridade de “doutrina”.
Feitos estes reparos, passemos directo ao assunto:
1. Em primeiro lugar, e para abrir a nossa argumentação, convém denunciar a incoerência hermenêutica em tomar um numeral ordinal (sétimo) para o transformar em cardinal (sete). Isto esboroa todo o princípio estabelecido e consagrado em exegese. Isto, na terra do bom senso e da lógica, destrói a pretensão jeovista.
2. Quem invoca as línguas originais da Bíblia em abono de uma tese terá que arcar com todas as implicações válidas e comprovados que elas encerram. Um estudo imparcial e acurado dos manuscritos hebraicos revela este facto surpreendente: em todos os casos em que a palavra yom (dia) é acompanhada de um numeral ordinal, o sentido é infalivelmente o de um dia de 24 horas. É só verificar os textos sagrados. Ver-se-á que este é o sentido quando a Bíblia diz “ o segundo yom da festa”, “o terceiro yom da jornada”, “o décimo sétimo yom do mês”, e assim por diante. Ora, esta regra aplica-se aos versículos da Criação, nos quais se verifica a existência do numeral ordinal junto destes períodos de tempo. Lemos: por exemplo, “o primeiro dia” (Gén. 1:5), “o segundo dia” (v.8), “o terceiro yom” (v.13), “o sexto yom” (v.31), e assim por diante. Isto prova, sem sombra de dúvida, que, neste registo, os dias eram solares, de 24 horas, e nunca longos períodos de tempo, ou 7.000 anos.
3. Num assunto como este, não é de desprezar o testemunho dos grandes lexicógrafos hebraicos, entre os quais apontamos Buhl, Koening, Brown, Driver e Briggs, todos unânimes em afirmar que os dias mencionados em Génesis 1 são dia de 24 horas.
August Dillmann, na sua festejada obra “Die Génesis”, tem estas palavras sobre a Criação: “As razões desenvolvidas por escritores antigos e modernos no esforço de interpretarem estes dias como longos períodos de temos são inconsistentes.”
Outro estudioso desinteressado de apologia sobre o assunto, John Skinner, no seu conhecido trado “International Critical Commentary”, Vol. 1, página 21, na secção Génesis, diz: “As interpretações de yom como significado aeon – recurso favorito dos que querem harmonizar a ciência com a Revelação – opõem-se ao sentido claro da passagem e não tem nenhum abono do emprego gramatical do hebraico”.
Portanto não há porque inventar-se um prolongamento de tempo indefinido ou mesmo de 7.000 anos, quando o “dia” é inequivocamente solar!
4. Os últimos três dias da Criação foram, inquestionavelmente, controlados pelo Sol, que surgiu no quarto dia. Pois bem, estes últimos dias são referidos, no texto, exactamente nos mesmos termos dos dias anteriores. E o Sol só pode demarcar dias de 24 horas. Nunca uma extensão de 7.000 anos.
5. A própria redacção da narrativa, no original, indica um espaço limitado de tempo, a rapidez da Criação, a momentaneidade dos factos. Senão vejamos:
a) No caso da luz, por exemplo, há um fortíssimo imperativo do verbo hebraico hayah (ser, tornar-se). “Faça-se a luz!” Este “faça-se” não contempla delongas. “E a luz se fez”. Também nesta última frase, é obrigatório sentido de instantaneidade, e não de uma demora de 7.000 anos. Não teria cabimento a luz demorar tão longo tempo para se fazer, para surgir, para brilhar. Onde fica o pode de Deus? O relato indica que houve execução imediata segundo a ordem do Senhor.
b) Outro exemplo do forte imperativo hebraico ocorre em relação ao terceiro dia. Lemos em Génesis 1:11: “Produza a terra a relva…!” No original está literalmente “Terra, nasça, renovos!” Da`sha, significa: faça brotar agora! E o registo indica que imediatamente a terra produziu. E as plantas yatsá (saíram).
c) O mesmo ocorre no versículo 20. “Povoem-se as águas de enxames…” No original está: “Água, enxameia enxames!” De novo o vigoroso imperativo hebraico aí está para desmentir o castelo de cartas dos jeovistas, evolucionistas e modernistas!!! E o que mais admira é eles que tanto alardeiam basear-se nas línguas originais da Bíblia, coando mosquitos aqui e ali, engulam sapos tão volumosos e indigestos como este!
d) O fraseado hebraico de Génesis 1 é confirmado, de modo inequívoco, em Salmo 33:9, onde referindo-se à Criação, se lê: “Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou e tudo passou a existir”. Esta linguagem é totalmente inadequada para longos períodos de tempo, pois o que ela diz é que tudo se concretizou imediatamente.
A conclusão é fatal: os dias da Criação foram dias solares.
e) Diz a Bíblia, na sua linguagem cristalina, que houve “tarde” e “manhã” em cada dia da Criação. No hebraico, manhã é a parte clara do dia propriamente dito, ao passo que a “tarde” é a parte escura, nocturna. Se num único dia houve tarde e manhã, então, a hipótese jeovista levar-nos-ia fatalmente a admitir que essas 24 horas tiveram uma extensão ininterrupta correspondente a um tempo longuíssimo de 7.000 anos, sendo 3.500 anos de parte clara, e 3.500 de uma noite interminável. Isto não tem sentido. Imagine-se o Sol com a sua intensidade durante um espaço de 3.500 anos! Teria queimado tudo. Ou então, se começou pelas 3.500 noites, o mundo vegetal teria perecido na escuridão.
Afirmar, por outro lado, que os 7.000 anos do “dia” da Criação não eram um só período, mas compunham-se de dois milhões d quinhentos e vinte mil dias literais, complica ainda mais a questão, e não honra a inteligência dos jeovistas!
6. o facto de as plantas, a relva, a forragem terem surgido no terceiro dia, e continuaram a viver nos dias subsequentes da Criação, sendo de alimento para os animais, comprova que este dias eram de sem dúvida dias solares. Primeiro porque no dia imediato surgiu o Sol; segundo porque os animais criados no quinto e sexto dias precisavam de vegetação para sobreviverem.
7. O homem foi criado no sexto dia, dia que na concepção dos jeovistas teve a duração de 7.000 anos. Pediríamos que os amigos nos esclarecessem estes pontos:
1º) Se Adão nasceu no sexto dia, e viveu 930 anos segundo a Bíblia, viveu-os dentro do período dos 7.000 anos que durou o “dia”, o sexto? Se foi assim, como pode a Bíblia relatar factos da vida de Adão depois do Sábado (sétimo dia), e anos posteriores?
2º) Se o “sábado da Criação”, o sétimo dia dela ainda está em pleno decorrer, segundo a ideia jeovista, pois ainda faltam mais de mil anos para terminar, então logicamente Adão ainda está a viver. Onde estará ele? Porque razão a Bíblia diz que ele viveu depois do sábado. Se o “sábado” não acabou, os acontecimentos posteriores ainda não se deram, nem a queda, nem nasceram os filhos de Adão, nem se formou a humanidade! Porque razão a Bíblia diz que ele viveu depois do sábado. Se o “sábado” não acabou, os acontecimentos posteriores ainda não se deram, nem a queda, nem nasceram os filhos de Adão, nem se formo a humanidade!
8. No mesmo livro “Seja Deus Verdadeiro”, há um capítulo intitulado “Por que a Evolução Não Pode Ser Verdadeira”, que bem demonstra a insegurança das afirmações doutrinárias das “testemunhas”. Ali fazem pesada carga contra o evolucionismo. Combatem a chamada “selecção natural das espécies”, e dizem que todas as raças provieram de um casal original. E para justificarem a argumentação neste ponto, na página 81, escrevem textualmente: “A Geologia mostra que as formas complexas de vida apareceram subitamente numa grande variedade de famílias, como seria o caso da Criação”. Se confessam que as formas de vida surgiram subitamente na Criação, então como harmonizar esta declaração com a outra declaração de que cada “dia” da Criação teve a duração de 7.000 anos? Isto em bom português chama-se contradição!
9. Outra questão importante. O mandamento do sábado, que subtilmente a ele ser refere como um dia solar de 24 horas, reporta-se à Criação. “Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo descansou.” Não tem lógica, seria mesmo absurdo guardar um dia de 24 horas como memorial de seis dias de 7.000 anos. Notemos especialmente que em Lev. 23:32 se diz que o sábado devia ser guardado “duma tarde a outra tarde”. E ali se emprega a mesma palavra hebraica usada em Génesis 1 para “tarde” em cada dia da Criação.
Conclui-se que a teoria sem cabimento da Criação em 42.000 anos é mais uma fantasia entre as tantas outras que constituem a dogmática ou engenharia religiosa desta seita.
“Pela fé entendemos que foi o universo formado pela Palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aprecem.” Hebreus 11.3.
Graças a Deus que é assim!

10/09/10

RAZÕES PARA OBSERVAR O SÁBADO

Introdução: Vamos tratar de um assunto relevante, o Sábado. Um estudo cuidadoso a este respeito, tanto do ponto de vista doutrinário como histórico deixará bem claro que o dever do homem de guardar o Sábado permanece enquanto ele existir sobre a terra.
A palavra “Sábado” vem do hebraico “shabath”, significa: desistir, cessar, acabar, pausa, interromper, donde vem a idéia de descanso. Logo depois que se completou a grande obra da criação, foi instituído o Sábado (Gn. 2:1-3), e, por causa da sua origem divina, é dia que se deve santificar perpetuamente.

I- A INSTITUIÇÃO DO SÁBADO – GÊNESIS 2:1-3
O Sábado foi instituído no fim da Criação. No fim da semana da Criação, quando os três reinos (mineral, vegetal e animal), tinham saído com absoluta perfeição da mão do Criador, Deus estabeleceu o Sábado. A observância do Sábado não era desconhecida antes da entrega da lei no Sinai, como supõem muitos cristãos. Ela não é uma instituição privativa dos judeus. O Sábado é uma instituição que existe desde a Criação.
O Sábado foi abençoado e santificado por Deus. Após haver concluído todo o trabalho da criação, Deus descansou no sétimo dia e lhe conferiu a benção e a santificação, dois atributos que nenhum outro dia da semana possui. O Criador descansou não porque estivesse cansado, mas para dar exemplo ao homem criado (Is. 40:28). Deus o separou dos demais dias para nele o homem também santificar o Seu nome. Santo ou santificado quer dizer: separado para o fim do que é santo.

II- O SÁBADO NO ANTIGO TESTAMENTO

O Sábado foi observado por Abraão, o pai da fé (Gn. 26:5). Tanto no Antigo como no Novo Testamento, a experiência de Abraão é apresentada como grande exemplo de justiça pela fé em Cristo (Gl. 3:6-14). Abraão obedeceu, porém, às leis de Deus. A observância do Sábado não era uma experiência legalista para ele. Constituía uma benção, pois era um ato de fé no seu Criador.
O Sábado foi observado antes de ser dada a lei no Monte Sinai (Êx. 16:4,5,16-30). Os israelitas foram lembrados do Sábado antes da entrega dos Dez Mandamentos no Sinai. Eles deviam colher uma porção dobrada de maná no sexto dia, a fim de santificar o Sábado do sétimo dia. O período de escravidão no Egito (400 anos) interrompera a prática de sua observância religiosa. Depois do Êxodo, o Senhor reapresentou o Sábado. Note atentamente as palavras “prova” e “lei” no verso 4. Elas indicam claramente a existência da lei e do Sábado como prova de lealdade antes do Sinai.
A observância do Sábado foi incluída no quarto mandamento da Lei de Deus (Êx. 20:8-11). Quando Deus entregou Sua lei na forma escrita, incluiu o Sábado como o dia de repouso. Entre os dez mandamentos só no quarto pode-se identificar o Criador do Universo. É o centro da Lei e sinal entre Deus e o Seu povo (Êx. 31:12-17; Ez. 20:12,20). Entre os Dez Mandamentos, o 4º é o mais citado pelos escritores sagrados, demonstrando isto que Deus teve o cuidado de sempre lembrar ao homem o seu dever de santificá-lo.

III- CRISTO E O SÁBADO
1 - O Sábado foi observado por Jesus em seu ministério terreno (Lc. 4:14-16,31): A visita de Jesus à sinagoga da cidade em que Ele residiu ocorreu no fim de uma série de pregações e ensinos aos sábados. Em regra, tanto a presença de Jesus como a de Paulo, numa sinagoga, indicam a observância do Sábado. O “costume” (gr. Nomos: observância conforme a lei) de Jesus era freqüentar, regularmente, a sinagoga aos sábados, enfatiza o escritor Lucas.

2 - O Sábado, e todos os demais mandamentos, foram defendidos por Jesus (Mt. 5:17-20): Jesus respondeu as acusações farisaicas de que estava destruindo a lei e os profetas (as duas partes mais importantes do Antigo Testamento), dizendo que não veio para abolir a Lei ou os Profetas. Ele não veio para abolir, mas para cumprir. Cumprir não significa apenas levar a efeito as predições, mas a realização da intenção da Lei e dos profetas. Dessa forma ele reafirma que num só “i” (iota: letra menor do alfabeto grego) nem um só “til” (um pequeno acento que formava parte de uma letra hebraica) passariam, mas que a lei toda iria ser cumprida.

3 - Jesus reafirmou a verdadeira instituição do Sábado (Mc. 2:23-28): Os rabis haviam publicado, no Talmude, uma lista de 39 grandes trabalhos proibidos no Sábado. Cada um desses trabalhos se dividia em outros menores, que também eram proibidos. Colher, debulhar e joeirar faziam parte dessa lista. Foi por isso que os fariseus acusaram a Jesus de não reprimir Seus discípulos. Então Jesus disse: “O Sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do Sábado.” O Sábado foi estabelecido para ser uma bênção, benefício, não um fardo. Por esta razão, Jesus, que instituiu o Sábado, não o cobriu de muitas ordens negativas e positivas. Ele expôs um princípio que todo indivíduo deve interpretar por si mesmo. O preceito positivo de Cristo para a observância do sábado é o seguinte: “é lícito fazer bem aos sábados” (Mt. 12:12). A ocasião em que Ele proferiu estas palavras foi durante a cura, no Sábado, do homem da mão ressequida.

IV- OS APÓSTOLOS E O SÁBADO
1 - O Sábado foi observado pelos seguidores de Jesus após sua morte (Lc. 23:54-56): “Preparação” é a palavra judaica para Sexta-feira. Nessa época do ano, o Sábado começava, aproximadamente, às 18 horas. As mulheres prepararam as especiarias e ungüentos, substâncias aromáticas usadas para ungir o corpo dos mortos, antes do Sábado, enquanto esperavam uma primeira oportunidade para uma visita ao túmulo. Porém, “no Sábado repousaram conforme o mandamento”. Como Mateus relata que a primeira visita deu-se ao pôr-do-sol no dia de Sábado (Mt. 28:1), entende-se que o verdadeiro Sábado bíblico é o período de vinte e quatro horas do pôr-do-sol da Sexta- feira ao pôr-do-sol do Sábado (Lv. 23:32; Ne. 13:19; Mc. 1:21).

2 - O Sábado foi observado pelos Apóstolos em Antioquia (Atos 13:14,15; 42-44): Essas reuniões de Sábado ocorreram durante um período de dez anos (cerca de 45 a 55 d.C.). Por que Lucas relatou todas essas reuniões que os apóstolos realizaram no Sábado, sem dizer uma só palavra sobre alguma mudança com relação ao Sábado? Por certo, se houvesse algum conselho inspirado para prestar culto noutro dia, ou para não prestar culto em dia algum, Lucas teria mencionado isso.

3 - O Sábado era observado mesmo onde não havia Igreja (Atos 16:12-15): Em Filipos, Paulo e seus auxiliares guardaram o Sábado “junto do rio”. Eles não foram lá porque o lugar era conveniente para se encontrarem com judeu; e, sim, porque nesse local lhes “pareceu haver um lugar de oração”. O relato demonstra que os apóstolos observaram o Sábado como dia de oração e testemunho.

4 - O Sábado foi também observado em Tessalônica e Corinto (Atos 17:1,2; 18:1,4,11): Alguns cristãos crêem que Paulo ia às sinagogas no dia de Sábado só porque podia encontrar ali uma assistência de judeus dispostos a ouvir o evangelho. Sem dúvida, Paulo usava as sinagogas como centro evangelístico; mas ele guardava o Sábado, quer fosse a sinagoga, quer não.

V- TIRANDO DÚVIDAS SOBRE O SÁBADO
1 - Diferença entre o Sábado moral e os Sábados cerimoniais (Ez. 20:12,20; Os. 2:11): As Escrituras Sagradas fazem referência clara a dois sábados. A saber: o Sábado moral e o Sábado cerimonial. Um é o Sábado do sétimo dia da semana. O outro ocorria em datas fixas do ano, como se fosse um feriado nacional, visto que em hebraico não existe um termo para a expressão “feriado”, pois a própria palavra “shabath” significa cessar, pausa (veja Êx. 5:4,5, onde se usa a mesma palavra no original), denotando, portanto, um descanso religioso (como os que temos no Brasil). Assim é que, em forma ampla, “shabath” assinalava certos dias de festa instituídos por quando se exigia a pausa do trabalho, mas que necessariamente não caíam no dia da semana cognominado Sábado (Lv. 16:29-31). Esses Sábados cerimoniais eram em número de sete. Eles tinham uma finalidade: “Eram sombras das coisas futuras” (Hb. 10:1).

Esses festivais sabáticos eram os seguintes:
Páscoa – 15º dia do primeiro mês;
Festa dos Pães Asmos – 21º dia do primeiro mês;
Festa das Primícias (Pentecostes) – 6º dia do terceiro mês;
Memória da Jubilação (Festa das Trombetas) – 1º dia do sétimo mês;
Dia da Expiação – 10º dia do sétimo mês;
1º Dia da Festa dos Tabernáculos – 15º dia do sétimo mês;
Último Dia da Festa dos Tabernáculos – 22º dia do sétimo mês.
2 - O Sábado que foi abolido por Deus (Cl. 2:14-17): Como já dissemos anteriormente, todos aqueles sábados cerimoniais apontavam para um futuro, ou seja para Cristo, sendo dessa forma cravados na cruz do calvário, uma vez que já tinham cumprido o seu propósito profético.

3 - A instituição do Domingo como dia de guarda (Dn. 7:25): Na primeira parte do quarto século, Constantino, o imperador romano, se tornou cristão. Ele ainda era pagão quando decretou que os escritórios do governo, cortes e as oficinas dos artesãos deveriam fechar no primeiro dia da semana, "o venerável dia do Sol", como era chamado. E foi naquele mesmo século que o Concílio de Laodicéia (321 d.C.) expressou a preferência pelo domingo. Uma vez que muitos cristãos tinham sido adoradores do Sol antes de sua conversão ao cristianismo (os adoradores do Sol guardavam o primeiro dia da semana há séculos), tornar o domingo um costume cristão seria uma vantagem para a igreja.

Assim, por vários séculos, ambos os dias foram observados lado a lado. De fato, essa prática paralela continuou até o século VI com o verdadeiro sábado sendo observado em muitas áreas do mundo cristão. Mas com o paganismo se infiltrando na igreja, sob a influência tanto da popularidade como da perseguição, o domingo foi enfatizado cada vez mais, e o sábado cada vez menos. Os escritos dos pais da igreja primitiva nos contam a história. Eles traçaram o caminho da apostasia. Eles registraram as práticas da igreja primitiva. Nenhum escritor eclesiástico dos primeiros três séculos atribuiu a origem da observância do domingo a Cristo nem aos apóstolos.

- Augusto Neander, um dos principais historiadores da era cristã, escreveu: “O festival do domingo, como todos os outros festivais, era apenas uma ordenança humana, e estava longe da intenção dos apóstolos estabelecer um mandamento divino a esse respeito. Não era intenção deles nem da igreja apostólica primitiva transferir as leis do sábado para o Domingo”
(A História da Religião e da Igreja Cristã, pág. 186).

Bibliografia
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13 - COMENTÁRIO bíblico Broadman. 3ª Ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1987. v. 8 a 12.
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28 - GONZALEZ, Lourenço. Assim Diz o Senhor. 4ª Ed. São Paulo: ADOS, 1990.
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32 - LIMA, Delcyr de Souza. Êxodo II: capítulos 20-40. Rio de Janeiro: JUERP, 1994.
33 - MCALISTER, Roberto. As Dimensões da Fé Cristã. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Carisma. 1982.
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40 - PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. 12ª Ed. São Paulo: Vida. 1987.
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51 - THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. 3ª Ed. São Paulo: IBR. 1994.
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53 - VIRKLER, Henry A. Hermenêutica, Princípios e Processos de Interpretação Bíblica. São Paulo: Vida. 1987.

09/09/10

“ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO”

Nos manuscritos originais, como no texto de Lucas 23:43: “Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.”, não havia pontuação como hoje. Nem tinha o “que”, partícula que complica o entendimento do texto. Os textos eram escritos sem pontuação e geralmente com as palavras todas ligadas, assim (já transliterado): “kaieipenautôamensoilegosemeronmetemoueseentôparadeisô.” Em português: “Edisseaaeleemverdadeatidigohojeestaráscomigonoparaíso”. Separando-se as palavras: “E disse a ele em verdade a ti digo hoje estarás comigo no paraíso”.
O entendimento do texto depende do lugar em que colocarmos a pontuação, especialmente m relação ao advérbio de tempo “hoje”. Vejamos as duas possibilidades de pontuação:
1. “E disse a ele: Em verdade a ti digo, hoje estarás comigo no paraíso.” Por essa maneira de pontuar, colocando-se a vírgula antes de “hoje”, o texto quer dizer que foi prometido ao ladrão arrependido que naquela mesma Sexta-feira ele estaria com Jesus no paraíso. Essa tradução, porém, vai contra os ensinos da própria Bíblia quanto ao momento da recompensa, que, para os justos, será na ocasião da segunda vinda de Cristo (Mt. 25:31-34; 1ª Tes. 4:16) e, para os ímpios, após o Milénio (Ap. 20:5,7-9), e não quando se morre.
2. “E disse a ele: Em verdade a ti digo hoje, estarás comigo no paraíso.” Essa maneira de traduzir, combinando o advérbio de tempo “hoje” com o verbo “digo”, está de acordo com outras expressões bíblicas similares como, por exemplo, “Eu te ordeno hoje (ver Êx. 34:11; Dt. 4:40, etc.). além dessa concordância gramatical, essa maneira de traduzir o texto está de acordo com o ensino bíblico de que a recompensa para os justos será dada na segunda vinda de Cristo, e para os ímpios, após o Milénio, e não por ocasião da morte (como visto no parágrafo anterior). Traduzindo assim o texto, a promessa ao ladrão arrependido teria sido de que ele estaria no paraíso quando Jesus “viesse no Seu reino” (Lucas 23:42) e não ao morrer naquela Sexta-feira da crucificação.
A opção, na primeira maneira de traduzir o texto, apresenta um problema: teria Jesus mentido ao ladrão arrependido, visto que Ele não foi ao paraíso naquela Sexta-feira? No Domingo pela manhã, Jesus disse a Maria Madalena: “Não Me detenhas, porque ainda não subi para Meu Pai” (João 20:17). Ora, se Jesus, no domingo de madrugada, não tinha ainda ido ap paraíso, como teria estado nesse lugar, na Sexta-feira, com o ladrão arrependido? O Novo Testamento é claro em dizer que Jesus é Deus, e “é impossível que Deus minta” (Heb. 6:18).
A opção, no segundo modo de se traduzir o texto, está de acordo com outras expressões bíblicas, nas quais aparece o advérbio de tempo “hoje” com verbos similares a “digo”, como “ordeno”, “falo”; está de acordo com o ensino bíblico de que a recompensa não é dada quando se morre, mas por ocasião da segunda vinda de Cristo (para os justos) e após o Milénio (para os ímpios); além de estar de acordo com o próprio pedido do ladrão: “Lembra-Te de mim quando entrares no Teu reino” (Lc. 23:42).
Com a promessa feita ao ladrão, Jesus estava a dizer-lhe: “Estou a dizer-te hoje, agora: Morre tranquilo! Descansa confiando no que te estou a dizer hoje: Vais estar comigo no paraíso.”
Essa mesma promessa pertence a todo aquele que enfrenta o “vale da sombra da morte”. Um dia Jesus virá e ressuscitará todo aquele que fez d´Ele o seu Salvador e morreu confiando n´Ele, que é a “ressurreição e a vida” (João 22:25). Não é uma doce e confortadora promessa?

Ozeas C. Moura
Doutorado em Teologia Bíblica

01/09/10

O QUE SE PODE DIZER SOBRE OS ANJOS?

É compreensivel que haja uma escala ascendente da vida, desde o homem subindo para Deus, tanto como há uma escala descendente da vida, do homem para baixo. Uma contemplação da vastidão e da maravilha deste universo pode bem levantar a pergunta: É o homem a única criatura que "tem uma mente apreciar e contemplar este favor de Deus" e para louvá-Lo por isso? Sem a Bíblia seriamos deixados em cega conjetura, mais, nela, temos clara revelação de uma ordem de seres acima do homem, de ordens e graus existentes e ascendentes, chamados anjos.
I. A NATUREZA DOS ANJOS
1. SÃO SERES CRIADOS.
No Salmos 148:1-5 os anjos estão entre as entidades exortadas a louvarem o Senhor na base que "Ele mandou e eles foram criados". Que os anjos foram seres criados está bem provado em Colossenses 1:16, que diz: "Porque n´Ele foram criados todas as coisas, nos céus e sobre a terra, visíveis e invisíveis, quer sejam tronos ou domínios ou principalidades ou potestades".
2. ELES SÃO ESPIRITOS PUROS.
Não queremos dizer aqui que todos os anjos são sem pecado; porque, como veremos mais tarde, alguns são maus. O que queremos dizer é que a natureza dos anjos é espírito não misturado com materialidade. Os anjos não possuem corpos como parte do seu ser, mesmo que ainda assumam corpos para a execução de certos propósitos de Deus, como em Génesis 19. Afirmamos que os anjos são espíritos puros porque, em Hebreus 1:14, são chamados espíritos. O homem não é nunca designado assim. Cristo disse que "um espírito não tem carne e ossos" (Lucas 24:39).
3. ELES CONSTITUEM UMA ORDEM DE CRIATURAS MAIS ELEVADAS QUE O HOMEM.
Do homem se diz que ele foi feito "um pouco menor do que os anjos" (Hebreus 2:7). Dos anjos se diz serem maiores do que o homem em poder (2 Pedro 2:11). O seu poder superior está implicado também em Mateus 26:53; 28:2; 2 Tessalonicenses 1:7. Contudo, os anjos são servos ministrantes dos crentes (Hebreus 1:14) e pelos crentes serão julgados (1 Coríntios 6:3). Este último fato parecia indicar que o homem, ainda que agora inferior em natureza aos anjos será depois, no seu estado glorificado, como um troféu da graça redentora de Deus, exaltado com Cristo bem acima dos anjos (Efésios 1:20,21; Filipenses 2:6-9).
4. ELES NÃO TÊM SEXO.
Mateus 22:30 declara-se que os anjos não casam, o que os prova sem sexo. "Filhos de Deus" em Génesis 6:2 não são anjos, mas descendentes de Sete: os verdadeiros adoradores de Deus, como diferençados dos descendentes de Caim.
5. ELES SÃO IMORTAIS.
Judas 6 declara que os anjos não podem morrer, o que significa que eles não podem cessar de existir.
II. CLASSES DE ANJOS
Os anjos consistem em anjos eleitos e anjos decaídos. As seguintes passagens aludem a estas duas classes e as seguintes:
"Conjuro-te diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo e dos anjos eleitos que, sem prejuízo algum guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade" (1 Timóteo 5:21).
"Deus não poupou os anjos quando eles pecaram, mas os lançou no inferno, entregou-os às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo" (2 Pedro 2:4).
"Mas aos anjos que não guardaram sua principalidade, mas deixaram sua própria habitação, reservou debaixo da escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia" (Judas 6).
Os anjos eleitos são aqueles a quem Deus escolheu para conservar em santidade. Os outros, permitiu que caíssem, e para eles não se proveu nenhuma redenção. Não será difícil de compreender que Deus terá usado de toda a misericórdia e tempo para que estes reconsiderassem e, se arrependessem de tão grande mal.
III. ORGANIZAÇÃO, ORDENS E GRAUS ENTRE OS ANJOS
Em Judas 9 temos Miguel mencionado como um arcanjo. Vide Também 1 Tessalonicenses 4:16. "Arcanjo" significa o chefe dos anjos. Gabriel também parece ocupar um lugar relativamente alto entre os anjos. Vide Daniel 8:16; 9:16,21; Lucas 1:19.
A menção de tronos, domínios, principalidades e potestades entre as coisas invisíveis, em Colossenses 1:16, implica graus e organização entre os anjos. E em Efésios 1:21 e 3:10 temos a menção de regime, autoridade, potestade e domínio nos lugares celestiais. Das ordens nomeadas em Colossenses 1:16, E. C. Dargan, no seu comentário, representa "tronos" como "sendo o mais elevado, próximo a Deus e assim chamados, tanto por estarem perto de Deus e sustentarem o trono de Deus como por sentarem eles mesmos sobre tronos aproximando-se mais perto de Deus em glória e dignidade; depois "domínios", ou senhorios, aqueles que exercem poder ou senhorio sobre os inferiores ou homens; depois "principalidades", ou "principados", os de dignidade principesca; finalmente, "potestades", ou autoridades, aqueles que exercem poder ou autoridade sobre a ordem angélica mais baixa, logo acima do homem".
Consideramos mais satisfatório observar os "querubins" de Génesis, Êxodo e Ezequiel, com os quais identificaríamos também os "serafins" de Isaias e as criaturas viventes do Apocalipse, não como seres atuais senão como aparências simbólicas, ilustrando verdades da atividade e do governo divino. As criaturas viventes do Apocalipse parece simbolizarem o louvor da criação inferior de Deus por causa deles serem "livrados do cativeiro da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus" (Romanos 8:21). Os vinte e quatro anciãos associados às criaturas viventes parecem representar a humanidade redimida. E bom é notar que as criaturas viventes não se incluem entre aqueles redimidos para Deus. Essas, como representativas da criação inferior dando louvor a Deus, cumprem o Salmos 145:10, que diz: "Todas as Tuas obras Te louvarão, ó Senhor".
IV. OS ANJOS NÃO SÃO PARA SEREM LOUVADOS
"E quando ouvi e vi, prostrei-me ante os pés do anjo que me mostrava estas coisas, para o adorar: e ele disse-me: "Olha não faças tal, porque eu sou conservo teu e de teus irmãos os profetas e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus" (Apoc. 22:8,9).
Isto está também condenado em Colossenses 2:18.
V. O EMPREGO DOS ANJOS
1. DE ANJOS SANTOS.
(1) Eles louvam ao Senhor e cumprem os Seus mandamentos.
Salmos 103:20; 148:2.
(2) Eles regozijam-se com a salvação dos homens.
Lucas 15:7,10
(3) Eles ministram aos herdeiros da salvação.
Hebreus 1:14; 1 Reis 19:5-8; Daniel 6:22; Salmos 34:7; 91:11,12; Atos 12:8-11.
(4) Eles são mensageiros de Deus aos homens.
Génesis 19:1-13; Números 23:25; Mateus 1:20; 2:13,19,20; Lucas 1:11-13-19; Atos 8:26; 10:3-6; 27:23,24.
(5) Eles executam o propósito de Deus.
2 Samuel 24:16; 2 Reis 19:25; 2 Crónicas 32:21; Salmos 35:5,6; Mateus 13:41,42; 13:49,50; 24:31; Atos 12:23; Apocalipse 7:1,2; 9:15; 15:1.
(6) Eles deram a Lei.
Atos 7:53; Gálatas 3:19; Hebreus 2:2.
(7) Eles ministraram a Cristo.
Mateus 4:11; Lucas 22:43.
(8) Eles acompanharão Cristo na Sua segunda vinda.
Mateus 25:31,32; 2 Tessalonicenses 1:7,8.
(9) Eles estão presentes nos cultos da igreja.
1 Coríntios 11:10.
(10) Eles têm grande interesse na verdade divina e aprendem por meio da igreja.
1 Pedro 1:12; Efésios 3:10.
Não há nada supra para mostrar que há uma intervenção constante de anjos entre Deus e o homem. Eles não foram constituídos mediadores entre Deus e o homem. A sua intervenção é ocasional e excepcional; a sua atividade está sujeita à ordem e permissão de Deus.
Mas é evidente que o crente comum não tem ligado importância suficiente ao ministério dos anjos. Todavia, a noção de um anjo da guarda especial para cada individuo não encontra fundamento na Escritura. Diz J. P. Boyce:
"Guiados por fábulas rabínicas e guiados pelas ideias peculiares da filosofia oriental, alguns têm concebido que sobre cada pessoa nesta vida um anjo vigia para guardá-la e protegê-la do mal. Esta teoria de anjo da guarda tem sido sustentada de várias formas. Uns confinaram sua presença aos bons; outros a estenderam também aos ímpios; alguns supuseram dois em vez de um anjo, – um bom e outro mau. Do mesmo modo a teoria tem sido sustentada de anjos da guarda sobre nações; uns limitando-a a boas nações, outros estendendo-a a todas. Que tais ideias existiam entre os judeus e que prevaleceram também entre os cristãos primitivos, pode admitir-se; mas autoridade escriturística para elas falta" (Abstract of Systematic Theology, pág. 179).
Há, realmente, apenas duas passagens que sugerem mesmo esta doutrina de um anjo da guarda para cada individuo, que são Mateus 18:10 e Atos 12:15. Sobre Mateus 18:10 diz John A. Broadus: "Não há garantia suficiente aqui para a noção popular de "anjos da guarda", um anjo especialmente designado para cada individuo; diz-se simplesmente, de crentes como uma classe, que há anjos que são seus anjos, mas nada há aqui ou noutro lugar que mostre ter um anjo o cargo especial de um crente". (Commentary on Mathew).
Em Atos 12:15 diz H. B. Hackett: "Foi crença comum entre os judeus, diz Lightfoot, que cada individuo tem um anjo da guarda e que este anjo pode assumir uma aparência visível semelhante à da pessoa cujo destino lhe é cometido. Esta idéia aparece aqui, não como uma doutrina das Escrituras senão como uma opinião popular que não é afirmada nem negada" (Comentary on Acts). Sobre esta passagem Broadus também diz: "Os discípulos que estavam orando por Pedro durante sua prisão, quando a menina insistiu em que Pedro estava à porta, saltaram logo a conclusão que Pedro fora executado e o que se dizia ser ele era "seu anjo" (Atos 12:15), segundo a noção que o anjo da guarda de um homem estava apto a aparecer com a sua forma e sua voz aos amigos logo após sua morte; mas as ideias desses discípulos estavam erróneas em muitos pontos e não são autoridade para nós a menos que inspirada".
Encerramos o assunto com mais este comento de Broadus: "Não pode ser positivamente assegurado que a ideia de anjos da guarda seja um erro, mas não há passagem que prove ser verdadeira e as passagens que podiam meramente ser entendidas dessa maneira não bastam como base de uma doutrina".
2. DOS ANJOS MAUS.
A obra dos anjos maus será considerada mais extensivamente no próximo capítulo, o qual trata de Satanás, seu regente e guia. Basta dizer aqui que os espíritos ou anjos maus combatem contra Deus e Seus santos. Vê-se isto em Efésios 6:12 e na possessão demoníaca nos primeiros tempos do Novo Testamento.
Quanto à possessão demoníaca, precisa de ser dito que o que se regista é claríssimo e decisivo para admitir-se uma simples acomodação da parte de Cristo e dos apóstolos às noções populares mas erróneas dos judeus. É muito provável, contudo, que a possessão demoníaca foi mais comum no tempo do ministério terreno de Cristo do que agora. Isso podemos ver segundo o arquivo, que era mais prevalecente no princípio do que nos últimos tempos do Novo Testamento, ainda que não fosse inteiramente ausente nos últimos tempos do Novo Testamento (Atos 16:16-18); e provavelmente não é ausente hoje. Alguns médicos hoje crêem que algumas experiências e acções dos loucos são melhor explicadas pela suposição de a mente do paciente estar sob o controle de um poder estranho. J. P. Boyce dá uma boa razão da maior prevalência de possessão demoníaca nos tempos do ministério terreno de Cristo: "A grande batalha estava para se ferir entre Cristo e Satanás e liberdade incomum foi sem dúvida concedida ao Diabo e seus ajudantes".