30/06/13

Jesus Cristo: O único que pode oferecer liberdade

Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanece, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão (Gl.5.1)

Escrevemos esse artigo para celebrar nossa salvação, lembrando da cerimônia memorial de sua morte, a ceia. Nela, estamos em comunhão com nossos irmãos, relembrarmos o sacrifício de Cristo, de reavaliarmos nossas vidas, de nos arrependermos por nossa intensa maldade que não apenas nos assedia como nos seduz a abandonarmos as instruções do nosso Deus. É por isso que escrevemos esse post para celebrar nossa liberdade em Cristo Jesus, nosso acesso direto e pessoal a Deus. Hoje estamos aqui para nos colocarmos em sua presença em gratidão por tudo que ele já fez por nós, pelo que tem feito, e pela esperança que temos de que, conforme sua vontade ele continuará a fazer em nós e por nós.

Por isso, gostaria de convidar a você a celebrar nossa liberdade em Cristo, pois foi para a liberdade que Cristo nos libertou“.

A. Libertos da escravidão

A situação dos gálatas a quem Paulo escreve era bem perigosa, pois estavam se deixando levar (5.7, 8 ) por algum tipo de teologia (1.9) que acaba por corromper a vida do cristão liberto por Cristo (5.1, 13). Seja o retorno a submissão à lei (5.3) seja pela vida licenciosa (5.13, 16), Cristo nos chamou para liberdade. Não importa onde você estava antes de conhecer a Cristo, você foi convidado para a liberdade.

28/06/13

Jesus Cristo: O único que pode oferecer liberdade

Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanece, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão (Gl.5.1)

Escrevemos esse artigo para celebrar nossa salvação, lembrando da cerimônia memorial de sua morte, a ceia. Nela, estamos em comunhão com nossos irmãos, relembrarmos o sacrifício de Cristo, de reavaliarmos nossas vidas, de nos arrependermos por nossa intensa maldade que não apenas nos assedia como nos seduz a abandonarmos as instruções do nosso Deus. É por isso que escrevemos esse post para celebrar nossa liberdade em Cristo Jesus, nosso acesso direto e pessoal a Deus. Hoje estamos aqui para nos colocarmos em sua presença em gratidão por tudo que ele já fez por nós, pelo que tem feito, e pela esperança que temos de que, conforme sua vontade ele continuará a fazer em nós e por nós.

Por isso, gostaria de convidar a você a celebrar nossa liberdade em Cristo, pois foi para a liberdade que Cristo nos libertou“.

A. Libertos da escravidão

A situação dos gálatas a quem Paulo escreve era bem perigosa, pois estavam se deixando levar (5.7, 8 ) por algum tipo de teologia (1.9) que acaba por corromper a vida do cristão liberto por Cristo (5.1, 13). Seja o retorno a submissão à lei (5.3) seja pela vida licenciosa (5.13, 16), Cristo nos chamou para liberdade. Não importa onde você estava antes de conhecer a Cristo, você foi convidado para a liberdade.
No primeiro verso do quinto capítulo da sua carta aos gálatas, Paulo diz: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão“. A princípio, o que nos chama a atenção nesse verso é a aparente redundância que existe na frase: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou“. Mas, na verdade a linguagem aqui precisava ser forte, até mesmo repetitiva, pois Paulo intencionava ressaltar quão tolo seria ser liberto e voltar a submeter-se a uma nova espécie de escravidão. Guthrie chega a sugerir que, ser liberto e não desfrutar da liberdade oferecida seria uma ofensa Àquele que o teria liberto[1].
Evidentemente, era vontade de Deus que desfrutássemos de verdadeira liberdade com Ele, visto que teria enviado Seu Filho para oferecer completa liberdade aos que crêem Nele como o Salvador do Mundo (Jo.4.41-42).
É por essa razão que Paulo acresce: “Permanecei, pois firmes e não vos submetais novamente a jugo de escravidão“. A idéia é que os cristãos deveriam apegar-se à decisão de desfrutar dessa liberdade com intensidade, visto que, caso contrário, estariam deixando de continuar a obedecer à verdade (Gl.5.7). Talvez essa ordem fosse uma necessidade visto que falsos mestres estavam a assolar essa comunidade.
Mas, a que poderia o apóstolo referir-se ao “jugo de escravidão“? Pelo contexto, podemos perceber que isso faz referência à instrução deixada pelos judaizantes que procuravam justificar-se na lei (Gl.5.4). Ao que tudo indica, Paulo exorta seus leitores a rejeitar essa idéia e a desfrutarem da liberdade oferecida por Cristo (Gl.2.4), pela imposição da completa obediência do cerimonial judaico, o que de certa feita inclui a Lei.
Isso nos faz pensar que a Lei é má? De modo algum. Paulo mesmo já teria nos ensinado: “Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa” (Rm.7.16). Tiago também nos lembra que a lei é perfeita e que ela concede liberdade (Tg.1.25). O que então Paulo esta a ensinar?
Que aqueles que se justificam diante de Deus pelas obras da lei, decaíram da graça, de Cristo foram desligados (Gl.5.4), transformaram Jesus em algo desnecessário (Gl.5.2) e estão obrigados a cumpri-la por inteiro (Gl.5.3).
Essa conclusão é importante, visto que até mesmo os que são judeus por natureza precisam ser justificados pela fé, visto que ninguém será salvo por obras da lei (Gl.2.14, 15; cf. Rm.3.20, 28)

B. Libertos da licenciosidade

Pouco à frente, Paulo reforça: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor“. A forma como Paulo escreve (verbo no passado – aoristo grego) sugere que os gálatas não apenas conheciam essa tal liberdade, como dela já haviam desfrutado. Isso ainda reforça um pouco da mentalidade de Paulo sobre o posicionamento ilógico que os gálatas tinham tomado diante da situação.
Mas, Paulo relembra que liberdade e licenciosidade não são a mesma coisa: “porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne“. A impressão que alguém poderia ter ao ouvir da não necessidade de salvar-se diante de Deus por meio das obras da lei, ou da obediência irrestrita é que a vida poderia ser lavada de qualquer forma uma vez que o que se requer para ter vida com Deus é fé.
Nada mais longe da verdade! Paulo quer relembrar ao seus leitores que, muito embora a vida eterna não seja conquista por boas obras (Ef.2.8-9), ou por obras da lei (Rm.3.20), isso não significa que o cristão deve desobedecer as instruções morais de Deus. Muito pelo contrário, o desenvolvimento do relacionamento do cristão com Deus, depende do seu desenvolvimento espiritual e moral, sendo que um não vem sem o outro.
Na verdade é válido lembrar que antes de Cristo é que éramos licenciosos: “…entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais“. A licenciosidade na verdade é uma marca daqueles que ainda não conheceram a Cristo (Ef.4.17-19).
Por isso é que Paulo é enfático ao dizer fomos chamados para liberdade, o que inclui a vida moral acertada diante de Deus, pois não temos mais necessidade de vivermos entregues à devassidão.

C. Libertos para servir

Da mesma forma que fomos libertos do jugo da escravidão e da licenciosidade, fomos feitos homens livres para servirmos os nossos irmãos: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gl.5.13).
Aqui temos um daqueles paradoxos interessantes: Como alguém que é liberto é convidado a agir como servo de alguém? Isso eventualmente não soa como algo aprazível nem desejável. Entretanto, o que percebemos aqui é que a atitude daquele que é salvo, não é mais buscar satisfazer-se, mas que agora, ele está liberto do seu egoísmo e pode de modo espontâneo prestar serviço aos seus irmãos em Cristo.
O cristão deve fazer isso por intermédio do amor de Deus que flui em sua vida. Ou seja, reflexo do seu serviço é o seu amor.

[1] GUTHRIE, Donald, Gálatas: Introdução e Comentário, pp.163

27/06/13

Quem seria Jesus Cristo segundo as profecias de Isaías?

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. (Isaías 9.6)
A. Cristo seria humano
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. (Isaías 9.6)
Esta doutrina extraída do texto identifica o aspecto humano do Messias. Podemos sistematizar esta doutrina da seguinte forma:
1. Um menino nos nasceu
Em primeiro lugar, o menino sobre quem Isaías profetiza é o Messias, como o Targum interpreta. Muitos judeus afirmam que esta profecia se referia a Ezequias, o que é um erro, pois Ezequias não poderia ser apresentado como uma criança recém-nascida pois já possuía cerca de 12 anos de idade quando esta profecia foi proferida e cerca de 29 anos quanto Senaqueribe se levantou com seu exército contra ele, como observa Aben Ezra. Tampouco, como afirma John Gill, Ezequias não pode ser considerado o filho referido nesta passagem de maneira tão peculiar e incomum.
Em segundo lugar, continua Gill, nem se pode dizer que Ezequias era a grande luz que brilhou sobre os habitantes da Galileia, nem que seu nascimento foi de alegria tão grande como o nascimento do filho mencionado no texto, nem pode ser dito que o aumento do seu governo e a paz não teve fim (Is 9.7), vendo que o governo de Ezequias só contemplava as tribos de Benjamim e Judá, e seu reinado foi de vinte e nove anos, em grande parte com aflição, opressão e guerra.
Em terceiro lugar, O filho retratado aqui e ainda no verso 7 do mesmo capítulo está em pleno acordo com o Messias e lhe é aplicado mesmo entre judeus. Esta profecia já cumprida respeita a humanidade, encarnação e nascimento que, mesmo usando tempos verbais no passado (“nasceu” e “deu”), se refere a um evento futuro. Isto foi dito cerca de 700 anos antes da vinda de Cristo, mas para Deus um dia é como mil anos e o uso do tempo passado não desqualifica pois a visão profética não é de cunho pessoal do profeta; antes, vem de Deus para ele e assim foi descrito.
2. Um filho se nos deu
Não é só um menino. É um filho. Mesmo sendo seu Filho, seu próprio Filho, seu único Filho, seu amado Filho, Deus não O censurou, antes O enviou (Gl 4.4), nos deu (Jo 3.16). Como disse o apóstolo João, “porque Deus amou o mundo de tal maneira que nos deu seu Filho” para que por meio dele, única e exclusivamente pela graça e por meio da fé em Jesus, o homem alcançasse a vida eterna. Graças a Deus por nos ter dado seu filho. Não foi qualquer menino que nasceu, foi o Filho de Deus quem nos foi dado por meio de um nascimento virginal. E tamanho amor da parte de Deus por nós em nos dar seu Filho é incomparável, indescritível, imutável e irreversível.
B. Cristo seria Rei
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. (Isaías 9.6)
Esta doutrina se refere ao governo de Cristo e serve como ligação entre o aspecto humano e o aspecto divino de Jesus. Em primeiro lugar, este governo possui um aspecto geral e um aspecto particular. O aspecto particular se refere ao governo de Cristo em seu reino, constituído pelos santos, eleitos de Deus, salvos por sua vida, ministério, morte e ressurreição. Digo vida porque o trabalho de Jesus em adquirir redenção para nós não se iniciou quando foi capturado, preso e levado ao Sumo Sacerdote onde foi escarnecido. Pelo contrário, começou desde seu nascimento e sua vida perfeita, sem pecado (Hb 4.15), possibilitou tão grande salvação. O aspecto geral se refere ao governo abrangente de Cristo que indica que ele tem poder para governar e sustentar todas as coisas. Ele é o Deus criador (Jo 1.1-3) e sustenta todas as coisas com seu poder (Hb 1.3). Ele tem poder para criar e para sustentar e nada foge ao seu controle.
Em segundo lugar, o governo não somente está sobre os ombros de Cristo como ele também sustenta este governo. Cristo tem direitos incontestáveis de governo e não há dúvida de que ele governa com sabedoria e que os frutos de seu governo são evidentes. Seu governo será de paz (v.7) e esta não terá fim. Ele tem poder para suportar e sustentar o governo e não é vulnerável às dificuldades como foi Moisés. Para o povo judeu, ninguém foi superior a Moisés, mas diversas vezes vemos Moisés reclamar do fardo que lhe é dado diante de Deus. Cristo, pelo contrário, “quando ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca” (Is 53.7). Cristo suportou a cruz diante da alegria que lhe estava proposta (Hb 12.2). Moisés, diante da alegria que lhe estava proposta de levar o povo a uma terra abençoada que mana leite e mel, se queixa a Deus pelo fardo que lhe foi dado (Nm 11.11,14). Cristo, ao contrário, se compadece de nossas fraquezas (Hb 4.15).
C. Cristo seria divino
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. (Isaías 9.6)
Existe um caráter progressivo na profecia descrita nesta texto, com uma conclusão perfeita exaltando a magnitude do Messias. Ela começa falando do nascimento de um menino. Em seguida, segue dizendo que não é só um menino, mas sim um filho nos será dado. Não somente um filho, como se fosse qualquer filho, mas O Filho, qualificando o menino como alguém realmente especial, o único Filho de Deus. Não seria um menino como todos os filhos dos homens. Em seguida, sobre este filho, o texto nos diz que ele será rei e governará e será poderoso para sustentar seu governo e isso pode-se entender através da expressão “sobre seus ombros” dando a entender que o Messias tem poder para sustentar tal governo. Além disso, Ele não usará do medo, crueldade, desonestidade, injustiça, aflição e perseguição para governar pois seu governo será de paz e será firmado em justiça para sempre (v.7).
Para aqueles que questionam que este “um filho” é realmente “o filho”, é nítido que o texto não poderia estar se referindo a qualquer filho, haja vista o caráter eterno do reinado. No verso 7, como continuidade da profecia do verso 6, lemos que “do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre.” Será um governo eterno e sem fim e isso não pode ser contemplado por nenhum homem, pois todos os homens morrem, sem excepção alguma. Essa característica do reino de Cristo é conclusiva e eliminatória. Ela é conclusiva no sentido que define o reinado como divino devido à sua eternidade e eliminatório pois todos os homens morrem, o reinando finda e é transferido para outro herdeiro.
Para entender melhor esta doutrina sobre as características divinas de Jesus, é importante analisar em que aspectos esses nomes aqui atribuídos também se relacionam a Deus de forma especial e única, colocando Deus Pai e Deus Filho, Jesus Cristo, no mesmo patamar de igualdade em termos de divindade:
Em primeiro lugar, Isaías diz algo mais sobre este menino, Filho e Rei. Ele nos diz como ele será chamado de uma forma especial e diferenciada dos outros meninos, filhos e reis. Entramos aqui na esfera da divindade deste menino, deste Filho e deste Rei. O seu nome também será chamado, Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz. O seu “nome”, não como um nome qualquer, mas como um nome de alguém que possui uma posição de honra. Por isso também é apropriada a tradução de “se chamará” como “será proclamado” dando força à posição de honra do seu nome.
Em segundo lugar, eis as formas como ele será chamado ou proclamado:
1. Maravilhoso, Conselheiro (ou Maravilhoso Conselheiro).
Alguns comentários fazem referência a Maravilhoso e Conselheiro como uma atribuição única, ou seja, Maravilhoso Conselheiro. O Targum, por exemplo, comenta no sentido de “maravilhoso em conselho” o que está em perfeito acordo com Isaías 28.29. Neste caso, comparando Isaías 9.6 com Isaías 28.29, vemos que o profeta classifica o Messias no capítulo 9 verso 6 da mesma maneira que classifica o Deus Jeová no capítulo 28 verso 29, nivelando Jesus, o Messias, e Deus Jeová, o Deus Pai, no mesmo patamar. Deus Jeová é maravilhoso em conselho, ou maravilhoso conselheiro, e assim também é Jesus, o Messias, sem qualquer distinção neste aspecto. E este é um aspecto interessante pois ninguém jamais deu conselhos a Deus como também não encontramos, no Novo Testamento, ninguém aconselhando a Jesus.
Cristo, Deus Filho, e Jeová, Deus Pai, estavam juntos no princípio e por eles foram criadas todas as coisas (Jo 1.1-3). Eles, em conselho, decidiram criar o homem (Gn 1.26) como também estavam juntos em questões da providência (Gn 11.7). Além disso, este título de Maravilhoso Conselheiro também se aplica no relacionamento entre Cristo e seu povo, os crentes em todas as nações. A função de Maravilhoso Conselheiro está em harmonia com sua função sacerdotal e sendo nosso Sumo Sacerdote, Cristo olha para nossas fraquezas, se compadece delas e nos orienta sempre que precisamos. Por isso, diz o autor de Hebreus, que devemos chegar com confiança ao trono da graça (onde Jesus, o Rei está) para que possamos ser orientados por Jesus, o Sumo Sacerdote, e achar graça e misericórdia em momento oportuno (Hb 4.15,16) através de seu maravilhoso conselho. Observe os dois ofícios de Jesus operando em harmonia como profetizado em Zacarias 6.13.
2. Deus Forte
Esta atribuição é chave na confirmação da divindade do Messias, divindade tal como a do Deus Jeová, qualitativamente. A palavra hebraica usada aqui é אל (lê-se ‘el) que é atribuída a Deus Jeová no Antigo Testamento dezenas de vezes.
 
Por exemplo, quando Abraão sai para libertar Ló e retorna, Melquisedeque, rei de Salém, vai ao encontro dele e o abençoa dizendo: “E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo(אל), o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo(אל), que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo” (Gn 14.19,20). A palavra usada por Melquisedeque aqui se referindo ao Deus Altíssimo é a mesma palavra usada por Isaías para dizer que o Messias, Jesus, é Deus Forte. E isso tem grande significado pois classifica o Messias da mesma forma que Jeová é classificado: Deus Altíssimo. Na perspectiva do profeta na há distinção e na perspectiva do Espírito de Deus, que guiou o profeta, também não há distinção. E isso é teologicamente conclusivo porque nenhum profeta das Escrituras produziu sua própria profecia através de sua própria observação e racionalização, como disse o apóstolo em 2 Pedro 1.20,21, “(…) nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”. Como embaixadores de Deus os profetas transmitiram fielmente o que Deus lhes havia ordenado para transmitir. E, como disse o apóstolo, foram “inspirados pelo Espírito Santo” e isso se aplica ao texto em questão. Para o Espírito de Deus, o Deus Filho e tão Deus quando Jeová, Deus Pai; o Espírito chama o Filho de Deus Forte, Deus Altíssimo.
 
Em outra ocasião, no Salmo 22, um salmo tipicamente messiânico, no verso 1 lemos: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Estas foram uma das frases de Jesus na cruz. O que está acontecendo aqui? Jesus se volta para Deus, o Pai, carregando o fardo dos pecados daqueles que Deus Pai o deu, e diz: “Deus meu, porque me desamparaste”? E quando Isaías usa o mesmo termo para se referir ao Messias, ele está dizendo que o Messias, o Filho, é tão Deus Altíssimo quanto Jeová, o Pai. O Espírito de Deus, por meio de Isaías, atribuiu ao Messias em Isaías 9.6 o mesmo nome que Jesus chamaria o Deus Pai (e chamou) enquanto agonizava na cruz antes de morrer.
 
Além desses dois exemplos, vários textos podem ser relatados usando a mesma palavra se referindo ao Deus Jeová, mostrando que a forma que Isaías usa para qualificar o Messias como Deus é a mesma forma que vários outros autores usaram para qualificar o Deus Jeová, e o livro de Salmos é rico no uso desta palavra:
“Porque tu não és um Deus(אל) que tenha prazer na iniqüidade, nem contigo habitará o mal.” Salmos 5.4
“Diz em seu coração: Deus(אל) esqueceu-se, cobriu o seu rosto, e nunca isto verá. Levanta-te, SENHOR. O Deus(אל), levanta a tua mão; não te esqueças dos humildes.” Salmos 10.11,12
“Guarda-me, ó Deus(אל), porque em ti confio.” Salmos 16.1
“A voz do SENHOR ouve-se sobre as suas águas; o Deus(אל)da glória troveja; o SENHOR está sobre as muitas águas.” Salmos 29.3
“Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me redimiste, SENHOR Deus(אל) da verdade.” Salmos 31.5
Deste modo, por mais que na mente de alguns pensadores, tal equivalência não exista, para uma mente judaica do Antigo Testamento, para o Espírito de Deus e para as Escrituras como um todo, tal equivalência é tão clara quanto o sol do meio-dia.
3. Pai da Eternidade
O texto em Hebraico não traz consigo a palavra “Pai”. Literalmente, a tradução deveria ser “Eterno”. Este atributo reforça o anterior; lhe da mais vigor, apesar do anterior ser suficiente. Assim como Deus Jeová, Jesus também é eterno. Não houve um ponto na história em que foi criado. Novamente, Cristo não passou a existir depois de sua manifestação em carne. Somente algo que já existe pode ser manifestado e Cristo é tão eterno como Deus Jeová. Tanto Deus Jeová (o Pai), quanto Jesus (o Filho) e o Espírito são eternos e não há início para nenhum deles. Sempre existiram. Esta não é uma questão fácil para aqueles que ainda estão mortos em seus delitos e pecados porque na verdade é uma questão de fé e este tipo de fé, que leva o homem a olhar para Deus e crer que ele existe, crer em seu Filho, não é inerente ao próprio homem. Antes, ela possui um autor e um consumador, como diz o autor de Hebreus: “Jesus, o autor e consumador da nossa fé.” A fé salvadora possui um autor e um consumador. Ela não nasce com o homem e portanto não é inerente ao próprio homem nem pode ser desenvolvida pelo homem natural.
O texto também nos diz que Jesus é Pai. Jesus é Pai da Eternidade, mas não é Deus, o Pai, em pessoa. Este ponto demanda esclarecimento. O filho é como o Pai, em termos de divindade, mas não é o Pai como pessoa. Seu o Filho fosse o Pai, isso geraria um sério problema teológico com as palavras de Jesus na crucificação pois Ele clama pelo Deus Pai como se estivesse sozinho ali no Gólgota, e estava. Dizer que Cristo é o Deus Pai seria o mesmo que dizer que Deus Pai foi crucificado com Cristo, o que é um absurdo e as Escrituras nos dizem que foi Cristo quem foi crucificado e não Deus, o Pai (Fp 2.8). Cristo clama pelo Pai (Mt 26.46, Mc 15.34), logo o Pai não pode estar com Cristo ali. Só existe um pai na divindade. Cristo e o Pai são um (Jo 10.30), mas mesmo assim são distintos. São um em termos de divindade, mas são pessoas diferentes com atribuições diferentes dentro da mesma divindade. Cristo, durante sua vida terrena, várias vezes chamou pelo Pai, orou com ele, é nosso advogado, nosso Sumo-sacerdote e intercede a Deus Pai por nós.
O auto de Hebreus nos diz que Cristo é a expressão exata do ser de Deus (Hb 1.3) e como disse William Hendriksen com indiscutível clareza, “o Filho é a perfeita representação do ser de Deus, isto é, Deus imprimiu em seu Filho a forma divina de seu ser. A palavra traduzida como “expressão exata” refere-se a moedas cunhadas que levam a imagem de um soberano ou presidente. Refere-se a uma reprodução precisa do original. O Filho, então, é completamente o mesmo em seu ser como o Pai. No entanto, ainda que uma impressão seja o mesmo que o tipo que faz a impressão, ambos existem separadamente. O Filho, que tem “a mesma marca” da natureza de Deus, não é o Pai, mas procede do Pai e tem uma existência separada. Mas, aquele que vê o Filho, vê o Pai, como Jesus explicou a Felipe (Jo 14.9).”
 
4. Príncipe da paz
Um governo de paz, este é um dos aspectos do governo de Cristo. Como diz Isaías no verso 7, “do aumento deste principado e da paz não haverá fim”. Um governo eterno e de paz eterna. Ele é chamado de Príncipe em outras partes das Escrituras como em Atos 3.15, “e matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas”, se referindo a Jesus. Príncipe da vida porque é autor da vida. Algumas traduções trazem Atos 3.15 como “Autor da vida”. Ser príncipe se refere não somente a uma posição de governo e poder, como também à posição de autor. Príncipe da paz, autor da Paz. Príncipe da vida, autor da vida. À parte de Jesus, não há vida, pois ele é a vida (Jo 14.6). À parte de Cristo, homens, mulheres e crianças estão mortos, como disse alguém certa vez, “os homens nascem mortos”.
 
Cristo é Príncipe da paz em dois sentidos. O primeiro e mais importante é que ele sela paz entre o homem pecador e Deus. As Escrituras nos dizem que do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens (Rm 1.18) como também nos diz que a inclinação da carne é inimizade contra Deus (Rm 8.5). Nós, que um dia andávamos segundo o curso deste mundo, fazendo a vontade da carne e andando em desobediência plena e contínua diante de Deus (Ef 2.1-3), hoje temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1)! Cristo é nossa paz (Ef 2.14)!
 
Em segundo lugar, Cristo é o Príncipe da paz pois ele remove a barreira de inimizade entre judeus e gentios. Paulo diz aos Efésios que eles, gentios, andavam longe, mas em Cristo Jesus, chegaram perto; e isso também se aplica a nós. Não há mais barreira de separação e em Cristo não há judeu nem grego (Ef 2.14, Gl 3.28). Ambos encerrados na mesma graça salvadora, no mesmo Evangelho, pertencentes ao mesmo Senhor, possuindo um só Espírito, participantes de uma só fé e um só batismo (Ef 4.4,5). Ele é a nossa paz (Ef 2.14)! Não há mais lei cerimonial para perdão e purificação de pecados restringida a um único povo e nação. Na plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho e por meio dele a salvação e purificação de pecados alcança judeus e gentios, não porque Cristo anula a lei cerimonial (como diz o apóstolo em Rm 3.31, “anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei”), pelo contrário, Cristo cumpre a lei cerimonial de forma perfeita e final, de uma vez por todas, alcançando para judeus e gentios, para todos aqueles que crêem, eterna redenção, fazendo de todos os crentes, independente de raça, cultura ou nação, um só povo. Ele é capaz de fazer um descendente de Ismael e um descendente de Isaque amigos e irmãos. Ele faz com que Pedro se achegue a Cornélio, um gentio. E é Pedro quem, nesta ocasião, reconhece “que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo. A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo (este é o Senhor de todos)” (At 10.34-36). Deus selou a paz conosco por meio de Cristo, que é capaz de trazer para dentro do mesmo aprisco, judeus e gentios. Cristo é o verdadeiro Príncipe da paz e isto é diariamente provado por todos aqueles que participam do seu reino, a saber, todos aqueles que crêem no seu nome.
 
MATERIAL ADAPTADO DO ARTIGO: Um menino nos nasceu, Cristo, Deus Forte de autoria de Marcelo Castro.

26/06/13

Quem é Jesus Cristo na opinião dos anjos?

Há um texto nas Escrituras que me chama muito a atenção que é Lucas 2, onde vemos alguns acontecimentos referentes ao nascimento de Jesus Cristo. Em Lc 2.8-9 temos uma declaração interessante: “Havia pastores que estavam nos campos próximos e durante a noite tomavam conta dos seus rebanhos. Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor resplandeceu ao redor deles e ficaram aterrorizados.” Talvez um dos grandes indicativos de que Jesus não tenha nascido no dia 25 de Dezembro esteja neste verso, por que pastores estavam durante a noite cuidando de suas ovelhas, o que sugere que não era inverno nessa região. Ou seja, certamente não era 25 de Dezembro.
Mas, mais importante do que essa referência à época em que eles poderiam estar ali, há um fato acontecendo que marca esta narrativa: um anjo do Senhor aparece a esses pastores durante a noite e lhes dá um recado ( Lc 2.10): “Mas o anjo lhes disse: Não tenham medo. Estou trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo.”
Havia uma novidade acontecendo ali. Perto deles ou num campo próximo como dizem as Escrituras, algum fenómeno diferente estava acontecendo e era uma notícia boa e uma notícia nova. Essa mensagem era de grande alegria para todo o povo, conforme diz em Lc 2.11: “Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é o Cristo, o Senhor.” Diante desta afirmação, considerando Jesus Cristo como aquele que está nascendo ou acabara de nascer ou nasceria a pouco tempo a partir deste recado, quem nós podemos entender que é Jesus Cristo? Considerando que Jesus Cristo é a figura central desse feriado familiar, quem é este bebé na visão desse anjo?
 
1. Ele é o Cristo
Lc 2.11; Sl 105.15; 1Sm 26.9; Is 45.1; Jo 1.41; Jo 1.45; Gn 3.15; Dt 18.15; 2 Sm 7.12-17; Is.9.6; Lc.1.68-70; Mt 2.2; Mt 2.4
 
Eu chamo a sua atenção para o fato de que o texto diz que “Ele é o Cristo”. Normalmente olhamos para um texto como este: “hoje vos nasceu na cidade de Davi” e entendemos isso como parte de uma

Quem foi Jesus Cristo na opinião de Justino Mártir?

Justino veio de uma família não judaica de língua grega que vivia em Flávia Neápolis (Siquém) em Samaria (GRANT, Robert M. Greek Apologists of the Second Century. SCM, 1988), 50; MARTIR, Justino, 1 Apology 1.1; IN:ROBERTS, Alexander, DONALDSON, James, Ante-Nicene Fathers, VOL 1, pp.163). Ele escreveu sobre como procurou a verdade, dedicando-se a uma sucessão de escolas filosóficas: o estoicismo, o aristotelismo, pitagorismo e platonismo. (Dialogue, pp.195). Em toda sua busca, Justino não tinha se mostrado satisfeito, até que encontrou um homem idoso que caminhava na praia em Éfeso que demonstrou algumas falhas no sistema platônico que adotava.
Esse homem apresentou como o Antigo Testamento, escritos dos antigos profetas que vieram antes dos filósofos, apontava a vinda do Messias, mas isso ainda não o havia convencido. O que realmente impactou a vida de Justino foi a coragem dos mártires, que preferiam morrer a negar sua fé (Second Apology, 12.2; pp.192). Em suas palavras, Justino atestou que seu “espírito foi imediatamente posto no fogo e uma afeição pelos profetas e para aqueles que são amigos de Cristo” tomou conta do seu coração, e concluiu: “descobri que a única filosofia segura e útil” era a de Cristo. Isso aconteceu em cerca de 130 dC. Ainda vestindo sua roupagem filosófica, Justino dedicou sua vida a defesa do cristianismo ortodoxo contra seus adversários filosóficos.

Justino usava extensivamente a alegoria em seus escritos, mas era a alegoria dos rabinos palestinos ao invés de a alegoria Alexandrina de Filo. Dado que Justino nasceu em Samaria, isso não é realmente surpreendente. Para ele, a chave para se entender o Antigo Testamento era Cristo e sua interpretação cristocêntrica significava que o significado dos escritores originais foi considerado secundário.
É importante demonstrar esses dois aspectos da visão de Justino, pois muitos dos seus leitores mais tardios têm a tendência de não tê-lo em credibilidade em função de sua linguagem filosófica e/ou de sua visão interpretativa. Entretanto, devemos dizer que alguém com a formação de Justino, escrevendo contra adversário filosóficos, era de se esperar que usasse não apenas da filosofia, mas da mitologia que a cercava para defender a verdade cristã. É verdade que em alguns casos, as analogias e comparações de Justino não são adequadas, mas como um exemplo antigo de apologética da fé cristã.
A maioria dos estudiosos concorda que Justino foi prolixo, confuso, incoerente e muitas vezes não convincente em sua argumentação. No entanto, ele é uma figura importante na história da Igreja. Para ele, o cristianismo era, do ponto de vista teórico, a verdadeira filosofia, e, do ponto de vista da prática, uma nova lei de uma santa vida e morte. Justino argumenta o primeiro ponto de vista abertamente em suas Apologias, e o segundo em seu Diálogo com Trifo. Sobre a fé cristã, Justino escreveu:
“Nossas doutrinas são claramente mais sublimes do que qualquer ensinamento humano nesse aspecto: o Cristo que apareceu para nós seres humanos se tornou o ser racional completo, corpo e razão e alma. O que quer que os advogados ou filósofos tenham dito com propriedade, foi articulado mediante a descoberta e a reflexão relativa a algum aspecto do Logos. Entretanto, uma vez que eles não conheciam o Logos— que é Cristo — em sua totalidade, eles frequentemente se contradiziam” (Second Apology, 10, pp.191)
Sobre Cristo, a visão de Justino é claramente perpetrada pela visão neotestamentária de que Cristo é de fato Deus, e Justino se refere diretamente a esse fato cerca de 20x em toda sua obra. Segundo Justino, os cristãos adoram apenas a Deus, e defende que Jesus deva ser incluído nessa adoração, afinal é Deus feito homem e único Filho de Deus (First Apology, 17,4, pp.170). Ele atesta que Cristo é o Verbo de Deus e por isso é Deus mesmo (First Apology, 63, pp.184)
No Diálogo com Trifão, Justino afirma que Jesus Cristo é chamado de Deus e Senhor dos Exércitos (36, pp.212), que sempre foi Deus, mesmo antes da criação de todas as coisas (56, pp.223), a verdadeira palavra de sabedoria, o Deus gerado do Pai (61, pp.227) que merece ser adorado como Deus e Cristo (58, pp.225). Em sua primeira defesa da fé, Justino claramente atesta:
“Nós vamos provar que nós o adoramos racionalmente, pois aprendemos que ele é o verdadeiro Filho de Deus, Ele mesmo, que detém o segundo lugar, e o Espírito o terceiro. Por isso, eles nos acusam de loucura, dizendo que nós atribuímos a um homem crucificado o segundo lugar em reação ao Deus eterno e imutável, Criador de todas as coisas, mas eles ignoram o mistério que ai está” (First Apology, 13.5)
Esse cristão antigo também demonstra claramente ter conhecimento do evangelho segundo apresentado pelas escrituras, o que sugere mais uma vez que a expansão do cristianismo ocorreu rapidamente pelo mundo antigo e que é mais uma vez impossível que essa propagação se deva a uma invenção tardia da pessoa de Cristo.
Entretanto, à medida que nos aproximamos dos escritores cristãos, mais percebemos o peso do evangelho em sua cosmovisão e o fato de é impossível para eles considerar sobre a pessoa de Cristo sem vê-lo como Deus, Senhor e Salvador. Para os críticos, isso é evidência de que os cristãos antigos não estavam preocupados com sua historicidade, entretanto, o que os críticos não entendem é que não é possível separar historicidade de veracidade. A verdade sobre Cristo não o isenta da historicidade, na bem da verdade, Jesus Cristo é historicamente o que é verdadeiramente para os cristãos. Ou seja, a representação de Cristo como Deus e Senhor é diretamente relacionada com sua existência terrena e humana, de tal modo que são inseparáveis.

Quem é Jesus Cristo na opinião de Policarpo (59-155dC)?

Policarpo é lembrado influente Pai Apostólico e bispo de Esmina no segundo século, que morreu martirizado nas mãos do Império Romano aos oitenta e seis anos (MarPol.9.3), segundo o antigo documento cristão chamado O Martírio de Policarpo. Irineu afirma que o teria ouvido falar quando era ainda criança e o descreve do seguinte modo:
“Eu tenho mias vívida do que ocorreu naquela época do que dos eventos recentes (na medida em que as experiências da infância, acompanhando o crescimento da alma, se tornam incorporadas com ela), de modo que eu consigo descrever o local onde o abençoado Policarpo costumava sentar-se e ensinava – também sua saída e sua entrada – seu modo de vida geral e aparência pessoal, juntamente com os discursos que ele fez ao povo e também de como ele fala de sua relação familiar com João, e com o resto das pessoas que tinham visto o Senhor, e como se lembrava das palavras deles” (Irineu, Fragments of lost Works of Irinaeus, cp.2; IN: ROBERTS, Alexander, DONALDSON, James, Ante-Nicene Fathers, VOL 1, pp.568)

Tertuliano, defendendo a credencial de representante dos apóstolos e consequentemente sua autoridade, também afirma que Policarpo fora discípulo de João (Tertuliano, Presciption against heretics, 32.2; IN: ROBERTS, Alexander, DONALDSON, James, Ante-Nicene Fathers, VOL 2, pp.258) confirmando a semente apostólica carregada por Policarpo. Inácio de Antioquia, que também fala sobre Policarpo, o apresenta como o bispo de Esmirna (InMag.15.1; InPol.1.1) a quem chama de amado (InEf.21.1) e grandemente abençoado (InPol.7.2).
No livro O Martírio de Policarpo diversos adjetivos lhe são conferidos: abençoado (1.1; 19.1; 21.1; 22.1; 22.3); admirável (5.1; 16.2); cristão confesso (10.1; 12.1); ilustre professor (19.1); mártir por causa do evangelho (19.1) e claramente convicto das verdades do evangelho. Na história desse documento, Policarpo é convidado a abandonar a Cristo, caso contrário seria executado. Ele responde que não poderia blasfemar contra seu Salvador e Rei a quem servia a oitenta e seis anos, e mantém sua postura como verdadeiro Cristão. O procônsul vendo sua “obstinação” lhe apresenta o poder que tem de soltar as feras sobre ele ou de coloca-lo a ser queimado. Entretanto, Policarpo não hesita e a essa proposta responde:
“Você me ameaça com o fogo que queima por algumas horas e depois de pouco tempo é extinguido, mas não conhece o julgamento futuro, o castigo eterno, reservado para os maus. Mas, o que o impede? Faça o que quer fazer” (11.2)
Policarpo foi sempre lembrado como um exemplo de cristão fiel e, como discípulo pessoal de João, também é considerado como fonte adequada para se buscar informações sobre quem Jesus Cristo é. Por isso, vamos observar a única carta conhecida sob seu nome conhecida como a epístola de Policarpo aos filipenses, e veremos que a visão de Policarpo sobre Jesus Cristo é claramente endossada pelas escrituras.
Em sua carta, Policarpo se refere diretamente a Jesus como Cristo 15 vezes (1.1 x2; 2, 3; 2.1; 3.3; 5.2, 3; 6.2; 7.1; 8.1; 12.2 x3; 14.1), embora tenha o costume de referir-se a Ele como Jesus Cristo. Policarpo também se refere com frequência a Cristo como Senhor(1.1,2 ;2.1; 6.2; 12.2) e o considera como Salvador (1.1). Provavelmente Policarpo está lidando não apenas com a incredulidade, mas com a heresia avançando a igreja de tal modo que se põe a responder questões diretamente relacionadas com a doutrina de Cristo, observe:
“Por que aquele que não confessa que Jesus Cristo tenha vindo em carne é o anticristo; e ainda, o que não confessa o testemunho da cruz, pertence ao Diabo, e ainda, os que pervertem os oráculos do Senhor de acordo com sua própria cobiça, e diz que não há nem ressurreição nem julgamento, esse é o primogênito de Satanás” (7.1)
Com essas palavras, ele convida os cristãos a se abster da vaidade de muitos e dos seus falsos ensinamento e os convida a retornar a palavra que lhes foi entregue desde o princípio. Nos chama a atenção o fato de que ele cita integralmente o texto de 1Jo.2.22, que fala sobre a verdadeira humanidade de Cristo, mas também apresenta outros problemas relacionados à Sua pessoa e mensagem, afinal, negar sua morte na cruz é um claro indicativo de pertencimento ao Diabo.
Para Policarpo a morte de Cristo é um fato importante par a verdadeira fé cristã de tal modo que aqueles que negam sua morte, ou se mantém incrédulos à sua veracidade, serão cobrados pelo sangue de Cristo (2.1). Com essas palavras Policarpo ensina, de certo modo, que todos os seres humanos são culpados pela morte de Cristo e que aqueles que não receberem tal dádiva serão condenados por isso.
Outro aspecto importante para Policarpo é a verdade de que Cristo ressuscitou, e como vimos, ele parece lutar contra aqueles que atestam não haver ressurreição nem julgamento, mas ele a esses, e a todos os cristãos, que o Cristo que morreu na cruz (7.1; 2.1) ressuscitou verdadeiramente (1.2; 2.1) e virá julgar a todos (2.1; 6.2). Ele é o Mediador entre Deus e os homens (1.3) glorificado e assentado à direita do Pai (2.1), também chamado de perfeito (sem mácula 8.1), eterno sumo-sacerdote (12.2) e verdadeiro Filho de Deus, a quem os diáconos devem servir sem mácula (5.2).
Dentre todas as descrições a respeito de Cristo que Policarpo apresenta, apenas uma vez ele alude a Jesus Cristo como Senhor e Deus:
“E se nós suplicamos ao Senhor para nos perdoar, também nós devemos perdoar, pois estamos diante dos olhos do nosso Deus e Senhor, e porque todos devemos comparecer no tribunal de Cristo, e cada um deve prestar contas de si mesmo” (6.2)
Mais uma vez, vemos um testemunho antigo em extrema consonância com o relato das escrituras, o que sugere que a conexão apostólica de transmissão das verdades de Cristo, continuou firme. Como um relato cristão, Policarpo nos oferece mais um local distante dos acontecimentos da palestina, que afirma exatamente o que aqueles que estiveram lá afirmaram.

24/06/13

O que o ensino de Jesus testemunha a seu respeito? (1/3)

O CONCEITO da Bíblia é claro. Não apenas é o Todo-poderoso Deus, Jeová, uma personalidade à parte de Jesus, mas Ele é sempre superior. Jesus sempre é apresentado como pessoa à parte e menor, um humilde servo de Deus. É por isso que a Bíblia diz claramente que “a cabeça do Cristo é Deus” assim como “a cabeça de todo homem é o Cristo”. (1 Coríntios 11:3) E é por isso que o próprio Jesus disse: “O Pai é maior do que eu.” — João 14:28. O fato é que Jesus não é Deus e nunca afirmou ser. - Deve-se crer na Trindade, pp.20.
Em muitas ocasiões Jesus ensinou seus discípulos, seguidores e até mesmo numerosas multidões e não era incomum que as pessoas admirassem seu ensino. Algumas vezes no seu ministério vemos o elogio das pessoas ao que Cristo ensina dizendo que seu ensino não é como dos escribas ou fariseus, pois seu ensino tem autoridade.
Temos consciência de que o ensino de Jesus Cristo é fundamental para o cristão e que as suas palavras tem autoridade sobre nós. Mas, encontramos nos ensinos de Cristo algo que demonstre sua divindade? Tenha em mente que Jesus quando ensinava, equiparava suas palavras com as palavras de Jeová.
Em uma dessas ocasiões em que o ensino de Cristo é elogiado com um ensino com autoridade, Jesus equipara suas palavras com as palavras de Jeová. No conhecido Sermão da Montanha Jesus faz isso algumas vezes:
Ouvistes que se disse aos dos tempos antigos: ‘Não deves assassinar; mas quem cometer um assassínio terá de prestar contas ao tribunal de justiça.’ No entanto, digo-vos que todo aquele que continuar furioso com seu irmão terá de prestar contas ao tribunal de justiça; mas, quem se dirigir a seu irmão com uma palavra imprópria de desprezo terá de prestar contas ao Supremo Tribunal; ao passo que quem disser: ‘Tolo desprezível!’, estará sujeito à Geena ardente
Nessa ocasião, Jesus está citando as escrituras quando diz ouvistes o que se disse aos dos tempos antigos e corrige o modo como eles entenderam as escrituras por afirmar no entanto digo-vos. Infelizmente aqui a TNM deixou de fora um termo importantíssimo: “Eu”. O texto não está simplesmente colocando a opinião de Cristo, mas demonstrando a autoridade de Cristo: Ouvistes o que foi dito e Eu vos digo. Nessa expressão, repetida algumas vezes mais no mesmo capítulo, Jesus equipara suas Palavras com as de Jeová.
No passado Jeová havia dado ao povo a Lei e os seus mandamentos, mas Jesus é quem apresenta um novo mandamento: “Eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo.13.34). A ideia de amar ao próximo já era bem conhecida nas Escrituras Hebraicas, mas Cristo apresenta um novo mandamento e complementa as palavras de Jeová, pois na Lei as pessoas deveriam amar seu próximo como a si mesmo, mas os seguidores de Cristo deveriam amá-los como Ele mesmo amado.  Devemos lembrar também que nesse assunto, a Lei dizia para amar o próximo, ao passo que Jesus manda amar até mesmo o inimigo. A qualidade do amor exigido por Cristo a seus seguidores, não apenas se equipara com as Palavras de Jeová, mas as completa.
Jeová sempre atestou que sua palavra é para sempre e que ela jamais seria terminada, observe:
*  Para sempre, ó Jeová, Tua palavra está posta nos céus.  - Salmos 119.89
* Quanto às tuas prescrições, há muito sei que as estabeleceste para sempre. – Salmos 119.152
* Secou-se a erva verde, murchou a flor; mas, quanto à palavra de nosso Deus, ela durará para sempre – Isaías 40.8
Entretanto, Jesus revogou para suas palavras a mesma autoridade:
"...pois, deveras, eu vos digo que antes passariam o céu e a terra, do que passaria uma só letra menor ou uma só partícula duma letra da Lei sem que tudo se cumprisse – Mateus 5.18
Céu e terra passarão, mas as minhas palavras de modo algum passarão –Mateus 24.35
Ao fazer isso, claramente Jesus equipara as suas palavras com a de Jeová, e sabemos por fato que a palavra de mais ninguém tem a mesma autoridade que a palavra de Jeová, apenas Cristo, com quem Ele é um (Jo.10.30). Mas, também lemos nas escrituras que apenas Jeová é verdadeiro Juiz:
* Deus é justo Juiz, E Deus lança verberações cada dia – Salmos 7.11
* Pois Deus é o juiz. A este ele rebaixa e aquele exalta – Salmos 75.7
* Entretanto, nos seus ensinos Jesus também reafirmou ter tal autoridade:
Quem me desconsiderar e não receber as minhas declarações, tem quem o julgue. A palavra que eu tenho falado é que o julgará no último dia - João 12.48
Ao realizar todas essas ações, fica evidente que Jesus não apenas se equipara a Jeová, mas como é divino e seus ensinos testemunham exatamente isso.
Por outras palavras, com os Seu ensinos Jesus afirma ser Deus.