27/05/12

Pregação de Cristo aos “espíritos em prisão”

Quais são os significados destas citações de Pedro sobre Jesus, em 1 Pedro 3:18 b – 20? Entre as várias interpretações, está a de que Noé foi incumbido por Cristo de pregar aos ímpios da sua época. Outra afirma que Cristo, entre a Sua morte e ressurreição, pregou aos mortos ímpios pré-diluvianos. Afinal, qual interpretação tem base bíblica?

Nesse texto, a parte que traz dificuldade de interpretação é: “Pois também Cristo…, morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão” (I Pe 3:18-19).

Entre as várias interpretações, uma é comum aos católicos e evangélicos: Cristo, entre a Sua morte e ressurreição, teria ido ao Hades pregar a espíritos. Para os que crêem na imortalidade da alma, o Hades seria um lugar intermediário para onde supostamente vão os espíritos desincorporados. Essa interpretação não tem base bíblica pelas seguintes razões:

1. Com a morte, encerra-se o tempo de preparação para a salvação. O passo seguinte após a morte é o juízo: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo…” (Hb 9:27). O tempo de preparo para a vida eterna é “hoje” e “agora”: ‘Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 3:7,8); “Porque Ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2Co 6:2).

2. Os mortos não podem ouvir a pregação do evangelho; tão pouco podem aceitar, pois tornaram-se em pó: “… até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3:19). Como consequência disto, quem morreu não têm consciência: “Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios” (SI 146:4); “Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem à região do silêncio” (Sl 115:17); “… os mortos não sabem coisa nenhuma…; a sua memória jaz no esquecimento…; porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Ec 9:5,10).

A própria Bíblia e o contexto de 1 Pedro 3:18-21 nos ajudam a entender o texto em questão:

1. Jesus foi “vivificado no espírito” (1 Pe 3:18). Pelo original grego, podemos também traduzir essa frase como: ”Vivificado pelo Espírito” Ou seja, o Espírito Santo participou na ressurreição de Cristo (ver Rm 8:11).

2. “No qual também foi e pregou aos espíritos em prisão.” A expressão “no qual” se refere ao Espírito Santo, mencionado na parte final de 1 Pe 3:18. Então, Jesus, através do Espírito Santo, pregou a esses “espíritos em prisão”. No entanto, o elemento humano usado pelo Espírito Santo foi Noé (ver IPe 3:20). A menção a esse patriarca fornece a pista para se saber em que tempo foi feita essa pregação.

3. A pregação se deu, não no período entre a morte e a ressurreição de Cristo, mas “nos dias de Noé” (3:20), isto é, no tempo anterior ao Dilúvio, “enquanto se preparava a arca” (3:20).

4. Quem seriam esses “espíritos” aos quais foi feita a pregação? O próprio contexto nos esclarece: foram os “desobedientes nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca” (3:20). Ou seja, a pregação foi feita aos antediluvianos, e não a espíritos desincorporados no Hades. A parte final de 3:20 nos esclarece que “poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos” A palavra “pessoas” aqui, é psychai (psychê significa “alma, vida, pessoa, criatura”). Então, vê-se que os oito “espíritos” que foram salvos são as oito pessoas da família de Noé (ele, a esposa, três filhos e três noras).

5. E qual seria a “prisão” mencionada em 1 Pedro 3:19? A Bíblia nos diz que a prisão é o pecado: “Tira a minha alma do cárcere, para que eu dê graças ao Teu nome…” (Sl 142:7); “Quanto ao perverso, as suas iniquidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido” (Pv 5:22). É digno de nota que um dos atos do Messias seria ”tirar da prisão o cativo e do cárcere, os que jazem em trevas” (Is 42:7). E isso foi feito por Jesus, para todos aqueles que O aceitaram como Salvador. Portanto, podemos concluir dizendo que o texto de 1 Pedro 3:18-20 afirma que Jesus, através da atuação do Espírito Santo em Noé, pregou aos antediluvianos, mas somente oito deles (Noé e sua
família) aceitaram a pregação e foram salvos.

Está você aproveitando o dia de hoje, o presente momento, para entregar sua vida ao Senhor Jesus, para que esteja a salvo quando vier o dilúvio de fogo? Não se esqueça de que “hoje” é o dia da salvação, ”agora” é o momento oportuno.

Por Ozeas C. Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira.
Blog Sétimo Dia

16/05/12

Qual é o significado “inferno” no Salmo 9:17?

Infelizmente, os tradutores colocaram a palavra “inferno” na Bíblia em vez de conservar os termos originais ou traduzi-los da forma correta. A palavra inferno é latim (inferi) e significa inferior, que vai para baixo. O termo foi distorcido pela filosofia greco-romana e não faz parte do pensamento bíblico judaico.

Se a Bíblia original não foi escrita em latim, por que colocar um termo desses que gera mais confusão do que esclarecimento? Não questiono o lindo e sério trabalho dos tradutores, e sim a precisão deles. Queiramos ou não, somos influenciados por nossos pressupostos e isso, com certeza, interferiu na tradução dos termos hebraicos e gregos para “inferno”.

Deixando isso de lado, vamos entender o Salmo 9:17. Veja como ele é apresentado na versão Almeida, Revista e Atualizada:

“Os perversos serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus.” Salmos 9:17.

A palavra hebraica no texto é “sheol” e refere-se ao “mundo dos mortos”, “sepultura”, etc. Mas, JAMAIS é empregue na Bíblia com o sentido de lago de fogo (outros termos sim, mas, referindo-se ao fogo que castigará e consumirá os pecadores não arrependidos DEPOIS do milénio – ver Apocalipse 20).
Isto permite compreender a razão de outras versões traduzirem o termo “sheol” de outras maneiras:

“Eles acabarão no mundo dos mortos; para lá irão todos os que rejeitam a Deus”. Salmo 9:17 (BLH – Bíblia Na Linguagem de Hoje)

“Os ímpios serão trasladados ao sheol, todas as nações que se olvidam de Deus”. Salmo 9:17 (RVA – Versão Reina Valera, Espanhola.)

“Os mais volverão ao sepulcro; todos os gentios que se olvidam de Deus” Salmos 9:17, (SEV – Las 1569 Sagradas Escrituras).

A Nova Versão Internacional (NVI) traduz assim o termo:
“Voltem os ímpios ao pó, todas as nações que se esquecem de Deus!”
Desta forma, o Salmo 9:17, assim como outros versos, deve ser traduzido por “sepultura” (forma literal), “mundo dos mortos” (forma figurada), “pó”, etc., pois tanto num lugar como noutro os mortos estão inconscientes (Eclesiastes 9:5, 6, 10; Salmo 6:5) e ambas as expressões são equivalentes.

Todos, bons e maus, vão para sepulcro depois da morte. No entanto, a diferença está no fato de que os ímpios ficarão neste lugar (sepultura), em estado de inconsciência “para todo o sempre”, após o seu castigo (que varia em intensidade e duração – ver Lucas 12:47, 48), enquanto os justos serão ressuscitados para a vida eterna (ver 1 Coríntios 15:23, 51-54; 1 Tessalonicenses 4:13-16).
Escrito por Leandro Quadros
Um abraço e conte comigo sempre.

13/05/12

O Número 7 em Génesis 1:1 e Génesis 2:1-3

Génesis 1:1 - No princípio criou Deus os céus e a terra.
Dos números que carregam um significado simbólico no uso bíblico, sete é o mais importante. Ele é usado para significar integralidade ou totalidade. Subjacente a todos esses usos do número sete está a semana de sete dias, o que, de acordo com Gênesis 1:1 - 2:03 e Êxodo 20:11, pertence à estrutura divina da criação. Deus completou sua obra de criação em sete dias (Gn 2:2), e sete dias constituem um ciclo completo de tempo.1

1 Ryken, L., Wilhoit, J., Longman, T., Duriez, C., Penney, D., & Reid, DG (2000). Dicionário de imagens bíblicas (ed electrónico.) (774). Downers Grove, IL: InterVarsity Press

Leia agora algumas curiosidades interessantes:
1. Este versículo contém 7 palavras.
2. O número total de letras em hebraico é 28, ou 7 x 4
3. A frase se divide em duas partes iguais: as 3 primeiras palavras: "No-princípio, criou Deus", contém 14 letras. As 4 palavras restantes também contém 14 letras.
4. A segunda metade da frase divide novamente em duas partes iguais: As 2 palavras para "os céus" contém 7 letras, e as 2 palavras para "e-a-terra" contêm 7 letras.
5. O três substantivos, "Deus" os "céus" e a "terra" têm juntos 14 letras.
6. O valor numérico dos três nomes é 777, ou 7 x 111.
7. O valor numérico do verbo, "criado", é de 203, ou 7 X 29.
8. A palavra do meio (2 letras) e a anterior (5 letras), juntas têm 7 letras.
9. A palavra do meio e a que vem depois dela, juntas têm 7 letras.

Ainda mais notáveis são os numéricos, que estabelecem as letras individuais de modo que não podem ser alterados. Hebraico é chamada de uma linguagem sintética, isto é, o significado a ser expresso é indicado em grande parte pelo uso de prefixos e sufixos. Em alguns casos a mudança do prefixo pode inverter completamente o significado da frase inteira. É, portanto, mais importante que a primeira e a última letra das palavras sejam protegidas contra qualquer alteração. Agora veja como a estrutura numérica faz isso.

Mais uma curiosidade: o 7 em Génesis 2:1-3
1 ASSIM os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados.
2 E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.
3 E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera.
Que dia é o sétimo dia?

03/05/12

Quem é o Novo Israel?

O Conceito de Israel no Novo Testamento
O material abaixo foi extraído de outro artigo do Dr. Bacchiocchi mais completo e profundo sobre a campanha do “Deixados Para Trás”, abaixo anunciado. Trata em maior detalhe sobre um importante aspecto nessa discussão, o papel de Israel nas profecias. Contudo, eis algumas reflexões sobre esta questão do papel de Israel nas profecias:

Avaliação do Ponto de Vista dos “Dois Povos”

É o conceito de uma distinção radical entre o plano de Deus para Israel e para a Igreja um ensino bíblico válido ou um pressuposto infundado? Acaso o ponto de vista neotestamentário para a Igreja é o de um povo diferente e separado do povo do “Israel natural”? A resposta é abundantemente clara. O Novo Testamento considera a Igreja, não como uma “intercalação” temporária, mas como continuação do verdadeiro Israel de Deus. Para verificar esta última posição, breve alusão será feita a algumas sigificativas declarações de Cristo, Pedro e Paulo.

O Ajuntamento do Verdadeiro Israel por Cristo

Ao chamar e ordenar doze discípulos como Seus apóstolos, Cristo manifestou a intenção de reunir o remanescente messiânico das doze tribos de Israel num novo organismo, chamado a Igreja (Mat. 16:18-19). Este não é um organismo independente designado a repor Israel temporariamente mas um rebanho que reúne tanto as “ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mat. 10:6; cf. 15:24; Atos 1:8) como as ovelhas perdidas do mundo gentílico.

Referindo-se à profecia de Isaías com respeito à reunião dos gentios, Cristo anunciou: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a Mim Me convém conduzi-las; elas ouvirão a Minha voz; então haverá um rebanho e um pastor” (João 10:16; cf. Isa. 56:6-8). Como pastor messiânico, Cristo veio reunir o remanescente de Israel e gentios, não em dois rebanhos separados, mas num só rebanho.

Quando elogiando a fé do centurião, Jesus disse: “Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus. Ao passo que os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas”. (Mat. 8:11-12). É digno de nota que Cristo não promete o Reino de Deus a uma futura geração de judeus, como alguns dispensacionalistas mantêm, mas a crentes de todas as nações, “do Oriente e do Ocidente”.

Uma Realidade Presente

O reino messiânico prometido no Velho Testamento é visto por Cristo não como um evento futuro envolvendo a restauração territorial e política de Israel, mas como uma realidade presente que raiou mediante Seu ministério vitorioso sobre o pecado, Satanás e a morte.

“Se, porém, Eu expulso demónios, pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós” (Mat. 12:28). O reino de Cristo é composto, não por dois povos separados, Israel e a Igreja, mas por um povo, o “Novo Israel”, consistindo de judeus e gentios crentes.

Aos discípulos Jesus declarou: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai Se agradou em dar-vos o Seu reino” (Lucas 12:32). Notem que o prometido Reino messiânico é dado não a uma futura geração de judeus (Mat. 11:29; 13:38; 8:11-12).

F. F. Bruce comenta adequadamente: “O chamado de Jesus por discípulos para estarem junto a Si a fim de formarem o ‘pequenino rebanho’ que receberia o Reino (Lucas 12:32; cf. Dan 7:22, 27) O assinala com o fundador do Novo Israel”.

Os profetas falam de Israel como rebanho ou ovelha de Deus (Isa. 40:11; Jer. 31:10; Ezeq. 34:12-14). Ao chamar Seus discípulos de “pequenino rebanho” ao qual Deus estava dando o Reino, está inegavelmente identificando Seus discípulos quanto ao verdadeiro remanescente de Israel.

Ademais, ao comissionar Seus apóstolos para “fazer discípulos de todas as nações” (Mat. 28:19), Cristo revelou que a missão profética do Israel nacional (Isa. 49:6; 60:3) estava sendo cumprida por Seu rebanho messiânico, a Igreja, que consiste de discípulos procedentes de todas as nações. Israel prossegue existindo, não à parte da Igreja, mas como parte dela.

A Descrição do Novo Israel por Pedro

Pedro, à semelhança de Cristo, via a Igreja como cumprimento das promessas feitas ao antigo Israel. No dia de Pentecoste, Pedro declarou que a profecia de Joel concernente à restauração messiânica de Israel (Joel 2:28-32) se estava cumprindo através do derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja (Atos 2:16-21).

Para Pedro, a Igreja não é uma entidade não-predita no Velho Testamento, nem uma interrupção temporária do plano divino para Israel; antes, é o cumprimento do remanescente escatológico de Israel.

Se o início da Igreja é visto por Pedro como cumprimento de uma profecia concernente a Israel, temos razões em crer que os eventos finais da Igreja devem também representar o cumprimento de certas profecias do Velho Testamento relativas a Israel.

A Igreja é o Novo Israel
É digno de nota que Pedro aplica à Igreja aqueles títulos do Velho Testamento que designam a Israel: