16/02/10

QUAIS OS PERIGOS DO ESPIRITISMO Á LUZ DA BÍBLIA

Introdução: “ Doutrina cujos partidários pretendem comunicar com os espíritos dos mortos, por um intermediário, a que dão o nome de médium.” Dicionário Contemporâneo, de Aulette.
“A crença daqueles que pensam que se estabelecem ocasionalmente comunicação entre os vivos e os mortos que sobrevivem em algum outro modo de existência.” Enciclopédia Internacional W. M. Jackson.

“A verdade primordial do espiritismo consiste na faculdade e possibilidade de o espiritismo voltar, sob certas condições, a comunicar-se com os que estão na matéria.” N. F. Rawlin, pregador espírita.

* Existia esta doutrina nos tempos antigos?
Lev. 19:31 Não vos voltareis para os que consultam os mortos nem para os feiticeiros; não os busqueis para não ficardes contaminados por eles. Eu sou o Senhor vosso Deus.

“O aspecto fenomenal do espiritismo moderno, reproduz todos os princípios essenciais da mágica, feitiçaria e sortilégios do passado. Os mesmos poderes estão envolvidos, operam os mesmos seres.” F.F. Morse, em Pratica do Ocultismo , p. 85.

* Como considera Deus os feiticeiros?
Mal. 3: 5 E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam o trabalhador em seu salário, a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos exércitos.

* Que diz o Senhor dos ensino dos agoireiros e encantadores?
Jer. 27:9-10 Não deis ouvidos, pois, aos vossos profetas, e aos vossos adivinhadores, e aos vossos sonhos, e aos vossos agoireiros, e aos vossos encantadores, que vos dizem: Não servireis o rei de Babilónia;
10 porque vos profetizam a mentira, para serdes removidos para longe da vossa terra, e eu vos expulsarei dela, e vós perecereis.
O Ver. F. B. Meyer, da Inglaterra, faz a seguinte advertência conta a sedução do espiritismo: “ Conheci várias famílias que foram levadas à desgraça por haverem recorrido a clarividentes e médiuns. Há graves perigos nessas coisas; e quando os poderes ocultos são usados para fins egoístas, é possível que homens e mulheres sejam tomados de espíritos maus, como no caso da jovem de Filipos (Actos 16:16-18). O povo é louco ao brincar com os rebotalhos do mundo espírita.” Present Thruth, 7 Novembro de 1911.

* Antes da entrada dos israelitas em Canaã, que instruções deu Moisés no tocante a essas coisas?
Deut. 18: 9-13 Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te dá, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos.
10 Não se achará no meio de ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoireiro, nem feiticeiro,
11 Nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos;
12 Pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti.
13 Perfeito serás para com o Senhor teu Deus.

Quem quer que consulte médiuns ou com eles se envolva, ou quem quer que professe receber instrução ou comunicações dos espíritos de mortos, desobedece a esta clara instrução, colocando-se em terreno inimigo.
No Éden, ao negar que a morte seria o resultado da desobediência foi a morte o resultado.

Muitas pessoas que perderam os seus queridos anelam entrar em contacto com os seus familiares. É nestas circunstâncias que Satanás procura todas as oportunidades para entrar na vida desta pessoas e prende-las a si.

* No regime teocrático de Israel, que lei havia relativa aos feiticeiros e aos tinham espíritos de adivinhos?
Lev. 20: 27 O homem ou mulher que consultar os mortos ou for feiticeiro, certamente será morto. Serão apedrejados, e o seu sangue será sobre eles.

Isto mostra quão perigosa e mortífera é aos olhos de Deus qualquer coisa dessa espécie.

• Com que é que o Apóstolo Paulo classifica a feitiçaria, e que diz ele dos que são culpados dessas coisas?
Gálatas 5: 20 a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos,
21 as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus.
22 Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade.
23 a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei.

• Que deverá fazer alguém se for convidado a consultar um espírito advinho?
Isaías 8:19 Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? acaso a favor dos vivos consultará os mortos?

Nota: dando o sentido deste passo, diz o Dr. Adam Clarke: “Não recorreria uma nação ao seu Deus? por que se interrogariam os mortos no que concerne aos vivos?”
Mas isso é exactamente o que o espiritismo manda os homens fazerem – interrogar os mortos naquilo que concerne aos vivos.

• Que instrução dá a esse respeito o apóstolo João?
1ª João 4:1 Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.
• Como testar se estes espíritos são de Deus ou do Diabo?
Isaías 8: 20 A Lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva.

• Devemos deixar-nos influenciar por sinais ou maravilhas realizados pelos que procuram desviar-nos de Deus e da Sua lei?
Deut. 13: 1-4; 1 Se levantar no meio de vós profeta, ou sonhador de sonhos, e vos anunciar um sinal ou prodígio,
2 e suceder o sinal ou prodígio de que vos houver falado, e ele disser: Vamos após outros deuses-deuses que nunca conhecestes-e sirvamo-los!
3 não ouvireis as palavras daquele profeta, ou daquele sonhador; porquanto o Senhor vosso Deus vos está provando, para saber se amais o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração e de toda a vossa alma.
4 Após o Senhor vosso Deus andareis, e a ele temereis; os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis; a ele servireis, e a ele vos apegareis.

• Sabem os mortos alguma coisa?
• Não! (Job 14: 20,21; Ecl. 9:5,6,10)
• A quem se devem atribuir esses prodígios?
Apoc. 16:14 Pois são espíritos de demónios, que operam sinais; os quais vão ao encontro dos reis de todo o mundo, para os congregar para a batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso.

• Qual será uma das características dos últimos tempos?
1ª Tim. 4:1 Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demónios,

Testemunhos:
“Tenho trabalhado no Hospício de Alienados durante mais de 15 anos, como interno, assistente de alienista, nas casas de saúde, numa das quais o Sanatório de Botafogo, tenho um pavilhão a meu cargo, e na clínica privada, tenho observado muitos casos de influência maléfica de prática espírita.” Professor Espozel, Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

“O número de pertubados mentais, em que as pertubações mentais surgiram em consequência da frequência de práticas espíritas, não tem diminuído, e sim, pelo contrario, aumentado.” Prof. Henrique Roxo, catedrático de clínica Psiquiátrica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

• Como engana Satanás?
2ª Cor. 11:14 E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz.
• Que parte desempenham os seus agentes?
2ª Cor. 11:15 Não é muito, pois, que também os seus ministros se disfarcem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.
Apoc. 13:13-14 E operava grandes sinais, de maneira que fazia até descer fogo do céu à terra, à vista dos homens; 14 e, por meio dos sinais que lhe foi permitido fazer na presença da besta, enganava os que habitavam sobre a terra e lhes dizia que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia.

* Como será a vinda de Cristo?
Isaías 25: 9 E naquele dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus; por ele temos esperado, para que nos salve. Este é o Senhor; por ele temos esperado; na sua salvação gozaremos e nos alegraremos.

Conclusão: 1ª Pedro 5:8
“Mas o povo de Deus não será desencaminhado. Os ensinos deste falso cristo não estão de acordo com as Escrituras... E demais, não será permitido a Satanás imitar a maneira do advento de Cristo. O Salvador advertiu o Seu povo contra o engano neste ponto, e predisse claramente o modo da Sua segunda vinda. (S. Mat. 24:24-27)...Não há possibilidade de ser imitada esta vinda. Será conhecida universalmente, testemunhada pelo mundo inteiro.” O Conflito dos Séculos, p. 676,677.

15/02/10

SÁBADO X DOMINGO - 1

SÁBADO X DOMINGO - 2

SÁBADO X DOMINGO - 3

SÁBADO X DOMINGO - 4

SÁBADO X DOMINGO - 5

SÁBADO X DOMINGO - 6

SÁBADO X DOMINGO - 7

SÁBADO X DOMINGO - 8

SÁBADO X DOMINGO - 9

12/02/10

ACREDITAVA ELLEN WHITE NA DIVINDADE DE CRISTO?

O texto do livro “Mensagens Escolhidas”, vol. 1, págs. 226, 227, é mais bem compreendido quando o lemos juntamente com algumas citações de Ellen White no livro “O Desejado de Todas as Nações”. Antes de passar-lhe tais textos, quero fazer um comentário sobre a citação que extraiu dos Testemunhos:
Ele não está escrito no original da forma como você apresentou. Diz Ellen White:
“Antes que fossem postos os fundamentos do mundo, Cristo, o Unigênito de Deus, comprometeu-Se a tornar-Se o Redentor da raça humana, caso Adão pecasse. Adão caiu, e Aquele que era participante da glória do Pai antes de existir o mundo, pôs de lado as Suas vestes reais e Sua real coroa, e desceu de Sua alta autoridade para tornar-Se um Bebé em Belém, a fim de que, palmilhando o caminho onde Adão tropeçara e caíra, redimisse a humanidade caída. Sujeitou-Se a todas as tentações que o inimigo apresenta aos homens e mulheres; e todos os assaltos de Satanás não conseguiram fazê-Lo desviar-Se de Sua lealdade ao Pai. Vivendo uma vida sem pecado, testificou Ele de que todo filho e filha de Adão pode resistir às tentações daquele que primeiro trouxe o pecado ao mundo. Cristo trouxe aos homens e mulheres o poder de vencer. Veio ao mundo em forma humana, a fim de viver como homem entre os homens. Assumiu os riscos da natureza humana, para ser provado e tentado. Em Sua humanidade, era participante da natureza divina. Em Sua encarnação obteve nova intuição do título de Filho de Deus. Disse o anjo a Maria: “A virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.” Luc. 1:35. Ao mesmo tempo que era Filho de um ser humano, tornou-Se o Filho de Deus num novo sentido. Assim Se achou Ele em nosso mundo – o Filho de Deus, mas ligado, pelo nascimento, à raça humana.”
Vamos analisar as expressões em negrito:
Unigênito de Deus” – No grego bíblico, o termo (monogenes) significa “o único da mesma espécie”. Aqui é dito que Cristo é o único “Filho” (no sentido hebraico do termo – igualdade, segundo João 5:18), entre os humanos (lembre-se: Cristo encarnou e se tornou parte da família humana) que é Divino como o Pai. Nós não o somos.

Aquele que era participante da glória do Pai antes de existir o mundo”- Nessa frase, a autora está confirmando Miquéias 5:2 e Isaías 9:6, onde Jesus é chamado de “Pai da Eternidade”. Um Ser que é chamado de “Pai da Eternidade” não pode ser uma criatura.

Suas vestes reais e Sua real coroa”- Só um ser Divino pode ser o Rei do Universo.

Sua alta autoridade” – ou seja: mesma autoridade do Pai – leia João 5:21.

Veio ao mundo em forma humana” – se ele veio em forma humana, isso significa que antes Ele tinha uma forma Divina. O trecho está de acordo com Filipenses 2:5-8.

Em Sua humanidade, era participante da natureza divina” – Mesmo tendo encarnado, Jesus não deixou de ter a natureza divina. Não há na Bíblia a ideia de “um deus mais poderoso que outro”. Isso é pagão. Portanto, Cristo é Deus como é o Pai (e o Espírito Santo – ver Actos 5:3, 4).

Ao mesmo tempo que era Filho de um ser humano, tornou-Se o Filho de Deus num novo sentido” - Em qual sentido? o restante da frase esclarece: “Assim Se achou Ele em nosso mundo – o Filho de Deus, mas ligado, pelo nascimento, à raça humana.”

Quando encarnado, Cristo tornou-se o Filho de Deus “num novo sentido” por que “Ele se achou em nosso mundo” e porque foi “ligado, pelo nascimento, à natureza humana”. A partir desse momento, o Salvador se torna “filho” também no sentido de depender do Pai para realizar Suas obras na Terra, pois, o Senhor não poderia usar o poder Divino dEle em seu próprio favor!

Percebeu? A citação está é confirmando a Divindade do Salvador e Sua igualdade com o Pai na Divindade.

Vamos a alguns textos do livro “O Desejado de Todas as Nações, pág:
“EM CRISTO HÁ VIDA ORIGINAL, NÃO EMPRESTADA, NÃO DERIVADA”.

Vamos reler, juntos: Em Cristo há vida original [Ele não se originou do Pai], não emprestada [o Pai não emprestou a vida a Ele], não DERIVADA [a vida de Cristo não derivou do Pai].

Como provar o contrário?

O Desejado de Todas as Nações, pág. 20:
“No princípio, Deus Se manifestava em todas as obras da criação. Foi Cristo que estendeu os céus, e lançou os fundamentos da Terra. Foi Sua mão que suspendeu os mundos no espaço e deu forma às flores do campo. “Ele converteu o mar em terra firme.” Sal. 66:6. “Seu é o mar, pois Ele o fez.” Sal. 95:5. Foi Ele quem encheu a Terra de beleza, e de cânticos o ar. E sobre todas as coisas na terra, no ar e no firmamento, escreveu a mensagem do amor do Pai”.

Perceba que Ellen White aplicou A JESUS o Salmo 66:6 e o 95:5 – que fala de Javé! Como duvidar que ela era Trinitariana?

O Desejado de Todas as Nações, pág. 24:
“Foi Cristo que, do monte Horebe, falou a Moisés, dizendo: “EU SOU O QUE SOU…. Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.” Êxo. 3:14. Foi esse o penhor da libertação de Israel. Assim, quando Ele veio “semelhante aos homens”, declarou ser o EU SOU. O Infante de Belém, o manso e humilde Salvador, é Deus manifestado “em carne”. I Tim. 3:16. ”

Ellen White AFIRMA que Jesus é o Deus “Eu Sou” que falou com Moisés – o Eterno – e que Ele é “Deus manifesto em carne”, como afirma 1 Timóteo 3:16!

Portanto, é impossível dizer que Ellen White não cria na Trindade e na Divindade de Cristo!

Precisamos analisar todos os textos dela sobre o mesmo assunto para não corrermos o risco de o interpretarmos de forma errada, suscitar heresias e trazer para si a perdição eterna.

Estou a sua disposição para maiores esclarecimentos.
Fique com Deus!
Por Leandro Quadros

06/02/10

A NATUREZA DO HOMEM

A maioria dos seres humanos parece gastar pouco tempo meditando sobre a morte, ou mesmo sobre a sua própria natureza, que é a causa fundamental da morte. Tal falta de auto-exame leva à falta de auto-conhecimento, e por isso as pessoas andam errantes pela vida, tomando as suas decisões de acordo com o que ditam os seus próprios desejos naturais. Há uma recusa - embora fortemente mascarada - de admitir o facto de que a vida é tão curta e que logo a fatalidade da morte virá sobre nós. "Pois, o que é a vida? É um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece". "Certamente morreremos, e seremos como águas derramadas na terra, que não podem ajuntar mais". "São como a erva que cresce; de madrugada (nossa juventude) cresce e floresce, e à tarde corta-se e seca" (Tiago 4:14; 2 Sm. 14:14; Sl. 90:5,6). Moisés, um verdadeiro pensador, reconheceu isto, e suplicou a Deus: "Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos coração sábio" (Sl. 90:12). Por isto, tendo em vista a brevidade da vida, adquirir a sabedoria deve ser a nossa prioridade número um.
As respostas do homem à inevitabilidade da morte variam. Algumas culturas tentaram fazer da morte e dos funerais algo que é parte da vida, para reduzir o sentido de perda e fatalidade. A maioria daqueles que carregam o nome de "cristão" concluiram que o homem tem uma "alma imortal", ou algum elemento de imortalidade dentro dele, que sobrevive à morte, indo, posteriormente, para algum lugar de recompensa ou punição. Sendo a morte o problema mais fundamental e trágico da experiência humana, espera-se que a mente do homem tenha se exercitado para diminuir o seu impacto mental; assim, toda uma gama de teorias falsas têm se levantado com respeito à morte e à própria natureza do homem. Como sempre, estas devem ser testadas à luz da Bíblia, para se descobrir a verdade real sobre este assunto vital. Deve-se lembrar que a primeira mentira relatada na Bíblia é aquela da serpente no jardim do Éden. Contrária a declaração absoluta de Deus de que o homem "com certeza morreria" se ele pecasse (Gn. 2:17), a serpente afirmou: "Certamente não morrereis" (Gn. 3:4). Esta tentativa de negar a inevitabilidade e totalidade da morte tornou-se uma característica de todas as falsas religiões. É evidente que especialmente nesta área, uma doutrina falsa leva a outra, e outra, e outra. Ao contrário, um elemento de verdade leva a outro, como se mostra em 1 Co. 15:13-17. Aqui Paulo salta de uma verdade para outra (observe "se...se...se...").
Para entender nossa verdadeira natureza, precisamos considerar o que a Bíblia diz sobre a criação do homem. O relato está em linguagem clara, a qual, se tomada literalmente, deixa-nos sem dúvida sobre exatamente o quê nós somos por natureza (ver Digressão 18 com respeito à literalidade do Gênesis). "Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra...dela (da terra) foste (Adão) tomado; pois és pó, e ao pó tornarás" (Gn. 2:7; 3:19). Absolutamente aqui não há sugestão de que o homem tem qualquer imortalidade inerente; não há parte dele que continue a viver após a morte.
Existe uma notável ênfase bíblica no fato de que o homem é, fundamentalmente, composto apenas de pó: "Nós somos o barro" (Is. 64:8); "homem sendo da terra, terreno" (1 Co. 15:47); "cujo fundamento está no pó" (Jó 4:19); "e o homem voltaria ao pó" (Jó 34:14,15). Abraão admitiu que ele era "pó e cinza" (Gn. 18:27). Imediatamente depois de desobedecer a ordem de Deus no Éden, Deus "lançou fora o homem...para que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente" (Gn. 3:24,22). Se naturalmente o homem tivesse um elemento imortal dentro dele, isto não seria necessário.

IMORTALIDADE CONDICIONAL

A mensagem, constantemente repetida no Evangelho, é que o homem pode encontrar uma forma de ganhar a vida eterna e a imortalidade através da obra de Cristo. Sendo este o único tipo de imortalidade do qual a Bíblia fala, segue-se que a idéia de eternidade da consciência sofredora pelos feitos errados não tem qualquer apoio bíblico. A única forma de alcançar a imortalidade é através da obediência aos mandamentos de Deus, e aqueles que forem obedientes desta forma vão passar a imortalidade em um estado de perfeição - a recompensa da justiça.
As seguintes passagens deveriam ser prova suficiente de que esta imortalidade é condicional, e não é algo que nós possuimos naturalmente:-
- "Cristo...trouxe a vida e a imortalidade pelo evangelho" (2 Tm. 1:10; 1 João 1:2).
- "Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos (i.e. "inerente em vós"). Quem come a minha carne, e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" - para lhe dar esta "vida eterna" (João 6:53,54). O argumento de Cristo em João cap. 6 é que ele é o "pão da vida", e que somente através da resposta certa dada a ele pode haver qualquer esperança de imortalidade (João 6:47,50,51,57,58).
- "Deus nos deu (aos crentes) a vida eterna, e esta vida está em seu Filho" (1 João 5:11). Não pode haver esperança de imortalidade para os que não estão "em Cristo". Somente através de Cristo a imortalidade tornou-se possível; Ele é o "autor da vida (eterna)" (Atos 3:15) - "o autor da eterna salvação para todos os que lhe obedecem" (Hb. 5:9). Então, a imortalidade para os homens foi originada através da obra de Cristo.
- O verdadeiro crente busca a imortalidade, e será recompensado por isto com o dom da vida eterna - algo que ele não possui naturalmente (Rm. 2:7; 6:23; João 10:28). Nosso corpo mortal "deve se revestir da imortalidade" na volta de Cristo (1 Co. 15:53); assim, a imortalidade é algo prometido, não possuido agora (1 João 2:25).
- Apenas Deus tem imortalidade inerente (1 Tm. 6:16).

O QUE É A ALMA?

À luz do que foi dito, é inconcebível que o homem tenha uma "alma imortal", ou qualquer elemento imortal naturalmente dentro dele. Agora vamos tentar esclarecer a confusão em torno da palavra "alma".
As palavras em grego e hebraico que são traduzidas como "alma" na Bíblia ("Nephesh" e "Psuche", respectivamente) também são traduzidas das seguintes maneiras:

Corpo ------Respiração
Criatura --- Coração
Mente ----- Pessoa
O próprio
Deste modo, a "alma" refere-se à pessoa, corpo ou eu. A famosa sigla S.O.S., "Save Our Souls" (Salve Nossas Almas) significa claramente "Salva-nos da morte!". A "alma" é, portanto, "você", ou a soma de todas as coisas que compõem uma pessoa. É compreensível, desta forma, que muitas versões modernas da Bíblia (por exemplo, a N.I.V. New International Version) raramente usem a palavra "alma", em vez disto, ela é traduzida como "você" ou "a pessoa". Os animais que Deus criou são chamados "todos os seres viventes" (Gn. 1:20,21). Em hebraico a palavra traduzida como "criatura" aqui é "nephesh", que também é traduzida como "alma"; por exemplo em Gn. 2:7: "...e o homem tornou-se alma vivente". Assim o homem é uma "alma", bem como os animais são "almas". A única diferença entre a humanidade e os animais é que o homem é mentalmente superior a eles; ele é criado à imagem de Deus (Gn. 1:26), e alguns homens são chamados para conhecer o Evangelho através do qual a esperança da imortalidade se abre para eles (2 Tm. 1:10). Com respeito a nossa natureza fundamental e a natureza da nossa morte, não há diferença entre o homem e os animais:
"O que acontece aos filhos dos homens, isso mesmo também acontece aos animais; a mesma coisa lhes acontece (observe a dupla ênfase). Como morre um, assim morre o outro...e nenhuma vantagem têm os homens sobre os animais....Todos (i.e. homens e animais) vão para o mesmo lugar (a sepultura); todos são pó, e todos ao pó tornarão" (Ec. 3:19,20). O escritor inspirado de Eclesiastes ora para que Deus ajude os homens a encarar este fato difícil, "que eles (os homens) possam ver que são em si mesmos como os animais" (Ec. 3:18). Assim, é de se esperar que achem difícil aceitar este fato; na verdade, pode ser humilhante admitir que, por natureza, somos apenas animais, vivendo os mesmos instintos de auto-preservação, sobrevivência do mais forte e procriação. A tradução de Almeida de Ec. 3:18 diz que Deus "prova" o homem ao fazê-lo ver que ele é apenas um animal; i.e. aqueles que forem humildes o suficiente para ser seu povo verdadeiro irão compreender esta realidade, mas aqueles que não forem, vão falhar nesta "prova". A filosofia do humanismo - a idéia de que os seres humanos são de suprema importância e valor - tem se difundido sutilmente através do mundo durante o século vinte. É uma tarefa considerável limpar o nosso pensamento da influência do humanismo. As palavras diretas do Sl. 39:5 nos servem de ajuda: "Todo homem é como um sopro". "Nem é do homem que caminha o dirigir os seus passos" (Jr. 10:23).
Uma das coisas mais básicas que sabemos é que todos os corpos humanos - na verdade, todas as "criaturas vivas" - vão finalmente morrer. Assim, a "alma" morre; isto é exatamente o oposto de algo que é imortal. Não é de surpreender que cerca de um terço de todos os usos das palavras traduzidas como "alma" na Bíblia estão associadas com a morte e destruição da alma. O próprio fato de que a palavra "alma" é usada desta maneira, mostra que não pode ser algo que é indestrutível e imortal:
- "A alma que pecar, essa morrerá" (Ez. 18:4).
- Deus pode destruir a alma (Mt. 10:28). Outras referências a almas sendo destruidas são: Ez. 22:27; Pv. 6:32; Lv. 23:30.
- Todas as "almas" que estavam dentro da cidade de Hazor foram mortas pela espada (Js. 11:11; cf. Js. 10:30-39).
- "...Morreram todos os seres viventes" (Ap. 16:3; cf. Sl. 78:50).
- Freqüentemente a Lei de Moisés ordenava que qualquer "alma" que desobedecesse certas leis deveria ser morta (por exemplo Nm. 15:27-31).
- Referências a alma sendo estrangulada ou enlaçada somente podem fazer sentido se for entendido que a alma pode morrer (Pv. 18:7; 22:25; Jó 7:15).
- "Os que não podem reter a própria vida" (Sl. 22:29).
- Cristo "derramou a sua alma na morte" de tal modo que a sua "alma", ou vida, foi feita como oferta pelo pecado (Is. 53:10,12).
A maioria dos versos em que a palavra ocorre, mostra que "alma" refere-se mais a pessoa ou corpo, do que a alguma fagulha imortal dentro de nós. Alguns exemplos óbvios são:-
- "O sangue das almas" (Jer. 2:34).
- "Quando alguém pecar, intimado a depor em juízo...não denunciar o que viu...quando alguma pessoa tocar em alguma coisa imunda...quando alguma pessoa jurar com os seus lábios" (Lv. 5:1-4).
- "Ó minha alma...tudo que há em mim...Bendize, ó minha alma, ao Senhor, ...É ele quem enche a tua boca de bens" (Sl. 103:1,2,5).
- "Quem quiser salvar a sua vida ("alma") perde-la-á; mas quem perder a sua vida ("alma") por causa de mim...esse a salvará" (Marcos 8:35).
Isto é prova suficiente de que alma não se refere a qualquer elemento espiritual dentro do homem; aqui, "alma" (no grego, "psuche") significa apenas a vida física de alguém, que é como se traduz neste ponto.
- Nm. 21:4 mostra que um grupo de pessoas pode ter uma "alma". A "alma", assim, não pode se referir a uma centelha de imortalidade pessoal dentro de cada um de nós.

04/02/10

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE ALMA E ESPÍRITO?

Existe uma infeliz confusão na mente de muitas pessoas no que diz respeito a alma e o espírito. Isto é agravado pelo fato de que em alguns idiomas e traduções da Bíblia, as palavras "alma" e "espírito" têm somente um equivalente. Fundamentalmente a "alma", que se refere a todos os constituintes de uma pessoa, algumas vezes, também refere-se ao espírito. Contudo, na Bíblia, normalmente existe uma diferença de significado entre "alma" e "espírito"; alma e espírito podem ser "divididas em partes separadas" (Hb. 4:12).
As palavras em hebraico e grego para "espírito" ("Ruach" e "Pneuma", respectivamente) também são traduzidas das seguintes maneiras:
Vida .......... Espírito
Mente ........Vento
................. Respiração
Deus usa o seu espírito para preservar a criação natural, incluindo o homem. O espírito do homem, que está dentro do homem, é, assim, a força vital dentro dele. "O corpo sem o espírito está morto" (Tiago 2:26). "Deus soprou-lhe (nas narinas de Adão) o fôlego (espírito) da vida; e o homem tornou-se alma vivente (criatura [Gn. 2:7]) ". Jó fala do "sopro de Deus" como estando "no meu nariz" (Jó 27:3 cf. Is. 2:22). O espírito da vida dentro de nós é, assim, dado ao nascer, e permanece tanto quanto nosso corpo estiver vivo. Quando o espírito de Deus é retirado de alguma coisa, isto perece imediatamente - o espírito é a força da vida. Se Deus "retirasse o seu espírito e fôlego, toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria ao pó. Se há em ti entendimento, ouve isto" (Jó 34:14-16). Novamente, a última sentença dá a entender que o homem acha muito difícil concordar com esta exposição da sua real natureza.
Quando Deus retira o Seu espírito de nós na morte, não somente o nosso corpo morre, mas cessa toda a nossa consciência. O reconhecimento de Davi sobre isto levou-o a acreditar mais em Deus do que em criaturas fracas, como os homens. O Salmo 146:3-5 é um forte oponente às declarações do humanismo: "Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem não há salvação. Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó (o pó do qual somos feitos); nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios. Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio".
Na morte, "o pó volte à terra, como era; e o espírito volte a Deus, que o deu" (Ec. 12:7). Anteriormente mostramos que Deus está presente em todos os lugares pelo Seu espírito. Neste sentido "Deus é Espírito" (João 4:24). Quando morremos, nós "damos o último suspiro", no sentido de que saiu o espírito que estava dentro de nós. Aquele espírito é absorvido pelo espírito de Deus que é tudo à nossa volta; então, na morte "o espírito volta a Deus".
Como o espírito de Deus sustenta toda a criação, este mesmo processo de morte ocorre nos animais. Homens e animais têm o mesmo espírito, ou força vital, dentro deles. "Porque o que acontece aos filhos dos homens, isso mesmo também acontece aos animais; a mesma coisa lhes acontece. Como morre um, assim morre o outro. Todos têm o mesmo fôlego (espírito); e nenhuma vantagem têm os homens sobre os animais" (Ec. 3:19). O escritor continua dizendo que não há diferença discernível quanto a onde vão o espírito dos homens e dos animais (Ec. 3:21). Esta descrição dos homens e dos animais tendo o mesmo espírito e morrendo a mesma morte parece aludir, de volta, à descrição do quanto os dois, homens e animais, que têm o espírito de vida de Deus (Gn. 2:7; 7:15), foram destruidos pela mesma morte no dilúvio: "Pereceram todos os seres viventes que se moviam sobre a terra, tanto de ave como de gado e de animais selvagens, e de todo réptil que se arrasta sobre a terra, e todo homem. Tudo o que tinha fôlego (espírito) de vida...morreu...Assim foram exterminados todos os seres" (Gn. 7:21-23). Prosseguindo, observe como o Sl. 90:5 se assemelha à morte no dilúvio. O relato em Gênesis 7 mostra claramente que, em termos fundamentais, o homem está na mesma categoria que "toda carne...toda substância viva". Isto se deve ao fato deles terem o mesmo espírito de vida dentro de si.

QUAL É O ESTADO DA PESSOA NA MORTE?

Do que aprendemos até aqui sobre alma e espírito, deve seguir que enquanto morta, uma pessoa é totalmente inconsciente. Embora as ações daqueles responsáveis perante Deus sejam lembradas por Ele (Ml. 3:16; Ap. 20:12; Hb. 6:10), não há nada na Bíblia para sugerir que nós temos qualquer consciência durante o estado de morte. É difícil argumentar contra as claras declarações seguintes, concernentes a isto:
- "Sai-lhes (do homem) o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia (momento) perecem todos os seus desígnios" (Sl. 146:4).
- "Os mortos não sabem coisa nenhuma...O seu amor, o seu ódio e a sua inveja já pereceram" (Ec. 9:5,6). Não há "sabedoria na sepultura" (Ec. 9:10) - não há pensamento e, por isso, não há consciência.
- Jó dizia que na morte, ele seria "como se nunca houvera sido" (Jó 10:18); ele viu a morte como o esquecimento, inconsciência e ausência total de existência que nós temos antes de nascer.
- O homem morre como os animais (Ec. 3:18); se, de alguma forma, o homem sobrevive conscientemente à morte, da mesma forma deveriam eles sobreviver, embora a Escritura e a ciência silenciem sobre isto.
- Deus "se lembra de que somos pó. Quanto ao homem, os seus dias são como a erva, e como a flor do campo, assim floresce;...se vai, e o seu lugar não se conhece mais" (Sl. 103:14-16).
Que a morte é verdadeira inconsciência, mesmo para o justo, está demonstrado pelos pedidos repetidos dos servos de Deus para permitir que suas vidas sejam prolongadas, porque eles sabiam que depois da morte seriam incapazes de louvar e glorificar a Deus, entendendo que a morte era um estado de inconsciência. Ezequias (Is. 38:17-19) e Davi (Sl. 6:4,5; 30:9; 39:13; 115:17) são bons exemplos disto. Repetidas vezes a morte é referida como sono ou descanso, tanto para o justo como para o ímpio (Jó 3:11,13,17; Dn. 12:13).
Existe evidência suficiente para declararmos com franqueza que o ir a um estado de deleite e recompensa no céu, diretamente após a morte, como noção popular de justiça, simplesmente não se encontra na Bíblia. A verdadeira doutrina da morte e da natureza do homem traz um grande senso de paz. Depois de todos os traumas e dores da vida do homem, a sepultura é o lugar de total esquecimento. Para aqueles que não têm conhecimento dos requisitos de Deus, este esquecimento vai durar para sempre. Jamais, novamente, os antigos registros desta vida natural trágica e sem realização; as esperanças fúteis e os temores da mente natural humana serão percebidos, lembrados ou representarão uma ameaça.
No estudo da Bíblia existe um sistema de verdade para ser descoberto; entretanto, tristemente, também existe um sistema de erro no pensamento religioso dos homens, devido à falta de atenção à Bíblia. Os esforços desesperados do homem para aliviar a fatalidade da morte o têm levado a acreditar na "alma imortal". Uma vez que se aceite que tal elemento imortal existe dentro do homem, torna-se necessário pensar que ele deve ir a algum lugar após a morte. Isto faz considerar que na morte deve haver alguma diferença entre o destino do justo e do ímpio. Para acomodar isto, tem se concluido que deve haver um lugar para as "boas almas imortais" irem, o chamado Céu, e um outro lugar para as "almas imortais ruins" irem, o chamado inferno. Nós mostramos anteriormente que uma "alma imortal" é impossível biblicamente. As outras idéias falsas inerentes ao pensamento popular serão analisadas agora:
1. Que a recompensa para as nossas vidas é dada na morte em
forma da designação da nossa "alma imortal" a um certo
lugar.
2. Que a separação entre o justo e o ímpio ocorre na morte.
3. Que a recompensa do justo é ir para o céu.
4. Que, se todos têm uma "alma imortal", então todos devem ir
para o céu ou para o inferno.
5. Que as "almas" dos ímpios irão para um lugar de punição
chamado inferno.
O propósito da nossa análise não é apenas negativo; ao considerar estes pontos em detalhes; cremos que vamos expressar muitos elementos da verdade bíblica que são partes vitais do verdadeiro quadro com respeito à natureza do homem.

VAI HAVER RESSURREIÇÃO?

A Bíblia enfatiza que a recompensa do justo será na ressurreição, na vinda de Cristo (1 Ts. 4:16). A ressurreição dos mortos responsáveis (ver Estudo 4.8) será a primeira coisa que Cristo fará; isto será seguido pelo juízo. Se a "alma" fosse ao céu na morte, não haveria necessidade da ressurreição. Paulo diz que se não há ressurreição, então, todo o esforço para ser obediente a Deus não tem significado (1 Co. 15:32). Com certeza ele não teria pensado assim, se acreditasse que ele também seria recompensado com esta "alma" indo para o céu na morte? A indicação é que ele acreditava que a ressurreição do corpo seria a única forma de recompensa. Cristo nos encorajou com a expectativa de que a recompensa de uma vida fiel agora seria na "ressurreição" (Lucas 14:14).
Mais uma vez deve-se perceber que a Bíblia não ensina qualquer forma de existência à parte da forma corpórea - isto se aplica a Deus, a Cristo, aos Anjos e ao homem. No seu retorno, Cristo "transformará nosso corpo de humilhação, para ser conforme o seu corpo glorioso" (Fl. 3:20,21). Como ele tem, agora, literalmente, uma forma corpórea, puramente energizada pelo espírito em vez de sangue, do mesmo modo vamos nós compartilhar uma recompensa semelhante. No julgamento vamos receber uma recompensa pelo modo como vivemos esta vida na forma corpórea (2 Co. 5:10). Aqueles que viveram uma vida carnal serão deixados com o seu atual corpo mortal, que então vai apodrecer e voltar ao pó; enquanto que aqueles que, nas suas vidas tentaram vencer a mente da carne com aquela do Espírito, " do Espírito ceifarão a vida eterna" (Gl. 6:8) na forma de um corpo preenchido pelo Espírito.
Existe ampla evidência de que a recompensa do justo será na forma corpórea. Uma vez que se aceite isto, deve estar evidente a importância vital da ressurreição. Nosso corpo presente cessa claramente de existir na morte; se nós só pudermos experimentar a vida eterna e a imortalidade na forma corpórea, segue-se que a morte deve ser um estado de inconsciência, até a hora em que nosso corpo é recriado e então recebe a natureza de Deus.
O texto todo de 1 Coríntios 15 fala da ressurreição em detalhes; e sempre irá recompensar uma leitura cuidadosa. 1 Co. 15:35-44 explica que assim como uma semente é semeada e depois emerge do solo para receber um corpo por Deus, da mesma forma os mortos vão se levantar, para serem recompensados por um corpo. Assim como Cristo levantou do túmulo e teve seu corpo mortal transformado em um corpo imortalizado, também o verdadeiro crente vai compartilhar sua recompensa (Fl. 3:21). Através do batismo nos associamos com a morte de Cristo e sua ressurreição, mostrando nossa crença de que nós, também, vamos compartilhar a recompensa que ele recebeu através da sua ressurreição (Rm. 6:3-5). Ao compartilhar agora dos seus sofrimentos, também vamos compartilhar da sua recompensa: "Levando sempre (agora) por toda parte o morrer do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos" (2 Co. 4:10). "Aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo Jesus vivificará também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita" (Rm. 8:11). Com esta esperança, assim nós aguardamos a "redenção do nosso corpo" (Rm. 8:23), através da imortalidade daquele corpo.
Esta esperança de uma literal recompensa corpórea foi entendida pelo povo de Deus desde os primeiros tempos. Foi prometido a Abraão que ele, pessoalmente, herdaria a terra de Canaã para sempre, com tanta certeza como ele a percorreu (Gn. 13:17; ver Estudo 3.4). Para que isto fosse possível, sua fé naquelas promessas precisava da sua crença de que este corpo iria, de algum modo, em uma data futura, reviver e tornar-se imortal.
Jó claramente expressa o seu entendimento de como, apesar do seu corpo ser comido por vermes na sepultura, ele iria, em uma forma corpórea, receber a sua recompensa: "O meu redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, ("depois que a minha pele for destruida"), ainda em minha carne (ou forma corpórea) verei a Deus. Ve-lo-ei por mim mesmo, com meus próprios olhos, eu, e não outros. Como o meu coração anseia dentro em mim!" (Jó 19:25-27). A esperança de Isaías era idêntica: "Os teus mortos...ressuscitarão" (Is. 26:19).
Palavras muito semelhantes se encontram no registro da morte de Lázaro, um amigo pessoal de Jesus. Em vez de confortar as irmãs do homem dizendo que a sua alma tinha ido ao céu, o Senhor Jesus falou do dia da ressurreição: "Teu irmão ressurgirá". A resposta imediata de Marta, a irmã de Lázaro, mostra como os primeiros cristãos entendiam isto muito bem: "Respondeu Marta: Eu sei que ressurgirá na ressurreição, no último dia" (João 11:23,24). Como Jó, ela não entendia a morte como o portão de entrada a uma vida de glória no céu, mas, em vez disto, esperava uma ressurreição "no último dia" (cf. o "último dia" de Jó). O Senhor promete: "Todo aquele que ouve o Pai, e aprende dele...Eu o ressuscitarei no último dia" (João 6:44,45)

FALA A BÍBLIA DE JULGAMENTO DIVINO?

O ensino bíblico com respeito ao julgamento é um dos princípios da fé, que deve ser claramente compreendido antes do batismo (Atos 24:25; Hb. 6:2). Freqüentemente as Escrituras falam do "dia do julgamento" (por exemplo, 2 Pe. 2:9; 3:7; 1 João 4:17; Judas 6), uma época em que aqueles a quem foi dado o conhecimento de Deus vão receber a sua recompensa. Todos estes devem "comparecer perante o tribunal de Cristo" (Rm. 14:10); nós "devemos comparecer perante o tribunal de Cristo" (2 Co. 5:10) para receber uma recompensa das nossas vidas na forma corpórea.
Com respeito a segunda vinda de Cristo, as visões de Daniel incluiam este assento de julgamento na forma de trono (Dn. 7:9-14). As parábolas ajudam a adicionar alguns detalhes. A dos talentos compara o retorno de um patrão, que chama os seus servos e avalia de que maneira eles usaram o dinheiro que ele os deixou (Mt. 25:14-29). A parábola dos pescadores compara a chamada do evangelho a uma rede de pesca, ajuntando todos os tipos de pessoas; então o homem se assentou (cf. o assento no juízo) e separou os peixes bons dos maus (Mt. 13:47-49). A interpretação é clara: "Virão os anjos e separarão os maus dentre os justos".
Do que nós vimos até aqui, é razoável presumir que depois da volta do Senhor e da ressurreição, haverá um ajuntamento de todos que foram chamados pelo Evangelho a um certo lugar em uma certa hora, quando vão encontrar Cristo. Eles vão ter que prestar contas, e ele vai indicar se eles são ou não aceitáveis para receber a recompensa de entrar no Reino. É apenas neste ponto que os justos receberão sua recompensa. Tudo isto é reunido na parábola das ovelhas e dos bodes: "Quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória (o trono de Davi em Jerusalém, Lucas 1:32,33). Todas as nações se reunirão diante dele (i.e. pessoas de todas as nações, cf. Mt. 28:19), e ele apartará uns dos outros, como um pastor aparta dos bodes as ovelhas. Ele porá as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possui por herança o reino que vos está preparado" (Mt. 25:31-34).
Herdar o Reino de Deus, receber as promessas feitas a Abraão relativas a ele, é a recompensa do justo. No entanto, isto será apenas após o julgamento, que será na volta de Cristo. Assim, é impossível receber a recompensa prometida de um corpo imortalizado antes da volta de Cristo; por isso nós precisamos concluir que, da hora da morte até a ressurreição, o crente não tem nenhuma existência consciente, visto que é impossível existir em uma forma sem ter um corpo.
Um princípio bíblico que se repete é que quando Cristo voltar, então haverá a recompensa - e não antes:-
- "E quando se manifestar o Sumo Pastor (Jesus), recebereis a imarcescível coroa da glória" (1 Pe. 5:4 cf. 1:13).
- "Cristo Jesus...que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino...a coroa da justiça,... a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia" (2 Tm. 4:1,8).
- No retorno do Messias nos últimos dias, "muitos daqueles que dormem no pó da terra (cf. Gn. 3:19) ...ressurgirão, uns para a vida eterna, e outros para a vergonha" (Dn. 12:2).
- Quando Cristo vier em juízo, aqueles "que estão nos sepulcros...sairão; os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que praticaram o mal, para a ressurreição da condenação" (João 5:25-29).
- "Eis que cedo venho (Jesus)! A minha recompensa está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra" (Ap. 22:12). Nós não iremos ao céu para obter a recompensa - Cristo a trará dos céus para nós.
Jesus trazendo nossa recompensa com ele, faz supor que ela foi preparada para nós no céu, mas será trazida para nós na terra na segunda vinda; nossa "herança" da terra prometida a Abraão está, neste sentido, "guardada nos céus para vós, que pelo poder de Deus sois guardados mediante a fé, para a salvação preparada para se revelar no último dia" da vinda de Cristo (1 Pedro 1:4,5).
Avaliar isto capacita-nos a interpretar corretamente uma passagem muito mal entendida em João 14:2,3: "Vou (Jesus) preparar-vos lugar. E se eu for e vos preparar lugar (cf. a recompensa "reservada no céu"), virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde estou estejais vós também". Em outro lugar Jesus diz que ele voltará novamente para nos dar nossas recompensas (Ap. 22:12), e nós vimos que estas nos serão dadas no seu trono de juízo. Ele vai reinar no trono de Davi em Jerusalém "para sempre" (Lucas 1:32,33). Ele vai passar a eternidade aqui sobre a terra, e onde ele vai estar - no Reino de Deus sobre a terra - ali nós também estaremos. Sua promessa de "nos receber para si mesmo" pode, assim, ser lida como uma descrição da nossa aceitação por ele no juízo. Em grego a frase "receber para si mesmo" também ocorre em Mt. 1:20 com respeito a José "tomando para si mesmo" a Maria como sua esposa. Assim, ela não se refere, necessariamente, ao movimento físico em direção a Jesus.
Como a recompensa será apenas dada no juízo na volta de Cristo, segue-se que o justo e o ímpio vão para o mesmo lugar quando morrem, i.e. a sepultura. Não há diferenciação entre eles nas suas mortes. O seguinte é prova positiva disto:-
- Jônatas era justo, mas Saul era ímpio, entretanto "na sua morte não se
separaram" (2 Sm. 1:23).
- Saul, Jônatas e Samuel todos foram ao mesmo lugar na morte (1 Sm.
28:19).
- O justo Abraão foi "reunido ao seu povo" , ou ancestrais, na
morte; e eles eram idólatras (Gn. 25:8; Js. 24:2).
- O espiritualmente sábio e o tolo experimentam a mesma morte (Ec.
2:15,16).
Tudo isto está em forte contraste com as declarações do "cristianismo" popular. O seu ensino de que o justo vai imediatamente para o céu ao morrer destrói a necessidade de uma ressurreição e juízo. Entretanto, nós vimos que estes são eventos vitais no plano de salvação de Deus, e por isso estão na mensagem do Evangelho. A idéia popular sugere que uma pessoa justa morre e é recompensada por ir ao céu, sendo seguida por outros no dia seguinte, no mês seguinte, no ano seguinte. Isto contrasta acentuadamente com o ensino bíblico de que todos os justos serão recompensados juntos, na mesma hora:-
- No juízo as ovelhas estão separadas dos bodes, uma a uma.
Assim que termine o julgamento, Cristo dirá a todas as ovelhas
reunidas à sua mão direita:
"Vinde, benditos de meu Pai, possui por herança o Reino que vos está preparado" (Mt. 25:34). Assim, todas as ovelhas herdam o Reino ao mesmo tempo (cf. 1 Co. 15:52).
- Na "colheita" do retorno e julgamento de Cristo, todos aqueles que labutaram no Evangelho irão "alegrar-se juntos" (João 4:35,36 cf. Mt. 13:39).
- Ap. 11:18 define "o tempo de serem julgados os mortos" como o tempo quando Deus irá "dar recompensa...aos santos...que temem teu nome" - i.e. todos os crentes reunidos.
- Hebreus 11 é um capítulo que relaciona muitos dos homens justos do Velho Testamento. O verso 13 comenta: "Todos estes morreram na fé. Não alcançaram as promessas" feitas a Abraão sobre a salvação quanto a entrar no Reino de Deus (Hb. 11:8-12). Segue-se que na sua morte, aqueles homens não foram, um a um, para o céu receber a recompensa. A razão disto está dada nos versos 39,40: Eles "não receberam a promessa. Deus havia provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados". A demora em dar-lhes a recompensa prometida foi porque era plano de Deus que todos os fiéis "fossem aperfeiçoados" juntos, no mesmo momento. Isto será no juízo, no retorno de Cristo.

O LUGAR DE RECOMPENSA: O CÉU OU A TERRA?

À parte das razões acima, qualquer pessoa que ainda sente que o céu, em vez da terra, será o lugar do Reino de Deus, i.e. a recompensa prometida, também precisa explicar os seguintes pontos:
- A "Oração do Pai Nosso" pede que venha o Reino de Deus (i.e. orando pela volta de Cristo), onde os desejos de Deus serão cumpridos na terra como são no céu (Mt. 6:10). Assim, estamos orando para que o Reino de Deus venha sobre a terra. É uma tragédia que milhares de pessoas oram todo dia sem pensar nestas palavras, enquanto ainda acreditam que o Reino de Deus está totalmente estabelecido agora nos céus, e que a terra será destruida.
- "Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a terra" (Mt. 5:5) - e não "...porque as suas almas irão para os céus". Isto faz alusão ao Salmo 37, que no todo enfatiza que a recompensa final do justo será sobre a terra. Exatamente no mesmo lugar onde o ímpio desfrutou sua supremacia temporária, o justo será recompensado com a vida eterna, e possuirá esta mesma terra que uma vez foi dominada pelo ímpio (Sl. 37:34,35). "Os mansos herdarão a terra...aqueles que ele abençoa herdarão a terra...os justos herdarão a terra, e habitarão nela para sempre" (Sl. 37:11,22,29). O morar na terra/na terra prometida para sempre significa que a vida eterna no céu é uma impossibilidade.
- "Davi...morreu e foi sepultado...Davi não subiu aos céus" (Atos 2:29,34). Em lugar disto, Pedro explicou que a sua esperança estava na ressurreição dos mortos na volta de Cristo (Atos 2:22-36).
- A terra é o lugar das operações de Deus com a humanidade: "Os mais altos céus são do Senhor, mas a terra deu-a ele aos filhos dos homens" (Sl. 115:16).
- Ap. 5:9,10 relata uma visão do que os justos irão dizer quando forem aceitos perante o trono do juízo: "(Cristo) os fizeste reino e sacerdotes, e eles reinarão sobre a terra". Este quadro da vigência do Reino de Deus sobre a terra é praticamente removido na vaga concepção de que vamos desfrutar da "glória" em algum lugar no céu.
- As profecias de Daniel capítulos 2 e 7 relatam uma sucessão de poderes políticos, que finalmente serão suplantados pelo Reino de Deus no retorno de Cristo. O domínio do reino seria "abaixo de todo o céu", e cobriria "toda a terra" (Dn. 7:27; 2:35 cf. v. 44). Este Reino eterno "será dado ao povo dos santos do Altíssimo" (Dn. 7:27); assim, a sua recompensa é vida eterna no seu Reino que se localiza sobre a terra, abaixo dos céus.

TEM O SER HUMANO RESPONSABILIDADES PERANTE DEUS?

Se o homem tem "naturalmente" uma alma imortal, ele é forçado a ter um destino eterno em algum lugar - seja em um lugar de recompensa ou castigo. Isto indica que todos são responsáveis perante Deus. Em contraste a isto, nós mostramos como a Bíblia ensina que, por natureza, o homem é como os animais, sem qualquer imortalidade inerente. Contudo, para alguns homens é oferecida a perspectiva da vida eterna no Reino de Deus. Deveria ser evidente que nem todos que já viveram irão ressuscitar; como os animais, o homem vive e morre, para se decompor no pó. Entretanto, como vai haver um julgamento, com alguns sendo condenados e outros recompensados com a vida eterna, nós temos que concluir que haverá uma certa categoria entre a humanidade, quanto aos que ressuscitarão para serem julgados e recompensados.
Se alguém será ressuscitado ou não depende de ser considerado responsável no julgamento. A base do nosso julgamento será como respondemos ao conhecimento da palavra de Deus. Cristo explicou: "Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue: a própria palavra que tenho proferido, essa há de julgá-lo no último dia" (João 12:48). Aqueles que não conheceram ou entenderam a palavra de Cristo, e por isso não têm oportunidade de aceitá-lo ou rejeitá-lo, não serão responsáveis no julgamento. "Todos os que sem lei (sem conhecer a lei de Deus) pecaram, sem lei também perecerão, e todos os que sob a lei pecaram (i.e. conhecendo-a), pela lei serão julgados" (Rm. 2:12). Assim, aqueles que não conhecerem os requisitos de Deus vão perecer como os animais; enquanto que aqueles que conhecendo, quebraram a lei de Deus, precisam ser julgados, e por isso ressuscitados para enfrentar o julgamento.
À vista de Deus "o pecado não é imputado não havendo lei"; "pecado é a transgressão da lei (de Deus)"; "pela lei vem o conhecimento do pecado" (Rm. 5:13; 1 João 3:4; Rm. 3:20). Sem conhecer as leis de Deus como revelada na Sua Palavra, "o pecado não é imputado" a uma pessoa, e por isso ela não será julgada ou ressuscitada. Aqueles que não conhecem a Palavra de Deus irão, assim, permanecer mortos, como irão os animais e as plantas, visto que eles estão na mesma posição. "Homem...sem entendimento, é semelhante aos animais que perecem" (Sl. 49:20). "Como ovelhas são destinados à sepultura" (Sl. 49:14).
Ter o conhecimento dos caminhos de Deus nos faz responsáveis perante Ele, com relação às nossas ações, e para isto precisamos ser ressuscitados e comparecer perante o trono do juízo. Deste modo deve-se entender que não é somente o justo ou aqueles batizados que vão ressurgir, mas todos que são responsáveis perante Deus, devido ao seu conhecimento dEle. Este tema é freqüentemente repetido nas Escrituras:-
- João 15:22 mostra que o conhecimento da Palavra traz responsabilidade: "Se eu (Jesus) não tivesse vindo e falado a eles, eles não teriam pecado: mas agora eles não têm desculpa ("cobertura") do seu pecado". Romanos 1:20-21 igualmente diz que o conhecimento de Deus deixa o homem "inescusável".
- "Todo aquele que ouve o Pai, e aprende dele...eu (Cristo) o ressuscitarei no último dia" (João 6:44,45).
- Deus somente "faz vista grossa" das ações daqueles que são genuinamente ignorantes dos seus caminhos. Ele observa e espera uma resposta daqueles que conhecem os Seus caminhos, (Atos 17:30).
- "O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites. Mas o que não a soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado (por exemplo, permanecendo morto). A qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito se lhe pedirá" (Lucas 12:47,48) - e quanto mais Deus?
- "Aquele, pois, que sabe o bem que deve fazer e não o faz, comete pecado" (Tiago 4:17).
- A responsabilidade especial de Israel perante Deus estava relacionada com as Suas revelações de Si mesmo a este povo (Amós 3:2).
- Por causa desta doutrina da responsabilidade, "melhor lhes fora (aqueles que acabam se afastando de Deus) não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado" (2 Pe. 2:21). Outras passagens relevantes incluem: João 9:41; 3:19; 1 Tm. 1:13; Os. 4:14; Dt. 1:39.
O conhecimento de Deus nos faz responsáveis perante o trono do juízo, decorrendo que aqueles sem conhecimento não ressuscitarão, uma vez que eles não precisam ser julgados, e que a sua falta de conhecimento os faz "como os animais que perecem" (Sl. 49:20). Existem muitas indicações de que nem todos que já viveram vão ressuscitar:
- As pessoas da antiga nação da Babilônia "não acordarão" após a sua morte porque ignoravam a verdade de Deus (Jr. 51:39; Is. 43:17).
- Isaías encorajou a si mesmo: "Ó Senhor nosso Deus (de Israel), outros senhores têm tido domínio sobre nós (por exemplo os filisteus e babilônios)...Morrendo eles, não tornarão a viver (de novo); falecendo, não ressuscitarão...apagaste toda a sua memória". (Is. 26: .13,14). Observe a ênfase tripla aqui quanto a não serem ressuscitados: "Não tornarão a viver (de novo)...não ressuscitarão...apagaste toda a sua memória". Em contraste, Israel tem a perspectiva da ressurreição por conta do seu conhecimento do Deus verdadeiro: "Os teus mortos (de Israel) viverão, ...a terra lançará de si os mortos" (Is. 26:19).
- Falando sobre o povo de Israel, nos é dito que no retorno de Cristo, "muitos dos que dormem no pó da terra ressurgirão, uns para a vida eterna, e outros para a vergonha e o desprezo eterno" (Dn. 12:2). Assim "muitos", mas não todos, dos judeus serão ressuscitados, devido a sua responsabilidade para com Deus como seu povo escolhido. Aqueles que forem totalmente ignorantes do seu Deus verdadeiro "cairão, e não se levantarão mais", visto que eles são incapazes de encontrar "a palavra do Senhor" (Amós 8:12,14).
AGORA APRENDEMOS QUE:
1. O conhecimento da Palavra de Deus traz responsabilidade perante Ele.
2. Somente os responsáveis ressuscitarão e serão julgados.
3. Aqueles que não conhecem o Deus verdadeiro irão, assim, permanecer mortos como os animais.
As implicações destas conclusões batem forte no orgulho humano e o que, naturalmente, nós preferíamos acreditar: os milhões de pessoas, tanto agora como ao longo da história, que têm estado ignorantes quanto a verdade do Evangelho; os doentes mentais severos, que são incapazes de compreender a mensagem da Bíblia; bebês e crianças pequenas que morreram antes de ter idade suficiente para entender o Evangelho; todos estes grupos se incluem na categoria daqueles que não tiveram o verdadeiro conhecimento de Deus, e por isso não são responsáveis perante Ele. Isto significa que eles não ressuscitarão, apesar do status espiritual dos seus pais. Isto corre completamente a contragosto do humanismo e todos os nossos desejos e sentimentos naturais; entretanto, uma humildade à verdade final da Palavra de Deus, acoplada a uma igualmente modesta opinião sobre a nossa própria natureza, vão nos levar a aceitar esta realidade. Um exame sincero dos fatos da experiência humana, mesmo sem a direção da Escritura, também vão levar à conclusão de que não pode haver esperança da vida futura para os grupos mencionados acima.
Nosso questionamento dos caminhos de Deus nestes assuntos está grosseiramente fora de ordem: "Ó homem, quem és tu, que a Deus replicas?" (Rm. 9:20). Podemos admitir incompreensão, mas nunca devemos acusar Deus de injustiça ou iniquidade. A suposição de que Deus pode ser, de algum modo, não amoroso ou errado, abre a horrível possibilidade de um Deus todo-poderoso, Pai e Criador que trata Suas criaturas de um modo não razoável e injusto. A leitura do relato do rei Davi perdendo o seu filho, ainda bebê, pode ajudar; 2 Sm. 12:15-24 relata como Davi orou muito pela criança enquanto ela vivia, mas ele aceitou realisticamente a definição da sua morte: "Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque pensava: Quem sabe se o Senhor se compadecerá de mim, de modo que viva a criança? Mas agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar?.. Ela não voltará para mim". Então Davi confortou sua esposa, e teve outro filho tão cedo quanto possível.
Finalmente, deve-se dizer que muitas pessoas, ao captar este princípio de responsabilidade para com Deus, sentem que não querem ter mais conhecimento dEle, para o caso de se tornarem responsáveis perante Ele e serem julgadas. Em algum grau é possível que estas pessoas já sejam responsáveis perante Deus, visto que o seu conhecimento da Palavra de Deus os faz conscientes do fato de que Deus está trabalhando nas suas vidas, oferecendo-lhes um relacionamento real com Ele. Sempre deve ser lembrado que "Deus É amor", Ele "não quer que ninguém se perca", e "deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (1 João 4:8; 2 Pedro 3:9; João 3:16). Deus quer que estejamos no Seu Reino.
Tal honra e privilégio inevitavelmente traz responsabilidades. Entretanto, estas não estão planejadas para serem pesadas ou onerosas demais para nós; se realmente amamos a Deus, nós vamos apreciar o fato de que sua oferta de salvação não é uma recompensa automática por certas obras, mas um desejo amoroso da Sua parte para fazer tudo que Ele pode para Seus filhos, para lhes assegurar uma vida eterna de felicidade, pela sua consideração ao Seu caráter maravilhoso.
À medida que valorizarmos e ouvirmos o chamado de Deus para nós através da Sua Palavra, vamos entender que enquanto andamos entre as multidões, Deus está nos vendo com uma intensidade especial, buscando ansiosamente sinais da nossa resposta ao Seu amor, em vez de esperar que falhemos ao viver de acordo com nossas responsabilidades. Aquele olhar de amor nunca está fora de nós; nunca podemos esquecer ou desfazer o nosso conhecimento dEle para perdoar a carne, livres da responsabilidade perante Deus. Em vez disso, nós podemos e devemos nos alegrar na proximidade especial que temos com Deus, e assim acreditar na grandeza do seu amor; que sempre busquemos conhecer mais dEle em vez de menos. Nosso amor pelos caminhos de Deus e desejo de conhecê-lo, para que possamos, com mais precisão, copiá-lo, devem exceder nosso temor natural da Sua suprema santidade.

O INFERNO EXISTE?

A concepção popular de inferno é de um lugar de castigo para as "almas imortais" ímpias direto após a morte, ou o lugar de tormento para aqueles que são rejeitados no juízo. É nossa convicção que a Bíblia ensina que o inferno é a sepultura, onde todos os homens vão ao morrer.
Quanto a palavra em si, o termo original no hebraico "sheol", traduzido como "inferno", significa "um lugar coberto". "Inferno" é a versão aportuguesada de "sheol"; assim, quando nós lemos "inferno"' não estamos lendo uma palavra que foi totalmente traduzida. Biblicamente, este "lugar coberto", ou "inferno", é a sepultura. Existem muitos exemplos onde a palavra original "sheol" é traduzida como "sepultura". De facto, algumas versões modernas da Bíblia poucas vezes usam a palavra "inferno", traduzindo-a mais apropriadamente como "sepultura". Alguns exemplos de onde esta palavra "sheol" é traduzida como "sepultura" já fazem cair por terra a concepção popular de inferno como um lugar de fogo e tormento para os ímpios:
- "Deixa que os ímpios...emudeçam na sepultura" (sheol [Sl. 31:17]) - eles não vão gritar em agonia.
- "Deus remirá minha alma do poder da morte" (sheol [Sl. 49:15]) - i.e. a "alma" ou corpo de Davi seriam ressuscitados da sepultura, ou "inferno".
A crença de que o inferno é um lugar de punição para os ímpios, do qual eles não podem escapar, simplesmente não se enquadra nisto; um homem justo pode ir ao inferno (a sepultura) e voltar. Os. 13:14 confirma isto: "Eu os remirei (o povo de Deus) da violência do inferno (sheol), e os resgatarei da morte". Isto está citado em 1 Co. 15:55 e aplicado à ressurreição na volta de Cristo. Da mesma forma na visão da segunda ressurreição, "a morte e o além deram os mortos que nele havia" (Ap. 20:13). Observe o paralelo entre a morte, i.e. a sepultura, e o inferno (ver também Sl. 6:5).
As palavras de Ana em 1 Sm. 2:6 são muito claras: "O Senhor é o que tira a vida, e a dá (através da ressurreição); faz descer à sepultura (sheol), e faz subir".
Visto que "inferno" é a sepultura, espera-se que os justos serão salvos dela através da sua ressurreição para a vida eterna. Assim, é um tanto possível entrar no "inferno", ou sepultura, e depois sair dele através da ressurreição. O exemplo supremo é o de Jesus, cuja "alma não foi deixada na morte, nem a sua carne viu corrupção" (Atos 2:31) porque ele ressuscitou. Observe o paralelo entre a "alma" de Cristo e a sua "carne" ou corpo. Que o seu corpo "não foi deixado na morte" implica que ele esteve lá por um período, i.e. os três dias em que seu corpo esteve na sepultura. Que Cristo foi ao "inferno" deveria ser prova suficiente de que lá não é um lugar onde só os ímpios vão.
Tanto as pessoas boas como as más vão para o "inferno", i.e. a sepultura. Assim a Jesus, "deram-lhe a sepultura com os ímpios" (Is. 53:9). Alinhado a isto, existem outros exemplos de homens justos indo ao inferno, i.e. à sepultura. Jacó disse que ele "desceria até a sepultura (inferno)...com choro" pelo seu filho José (Gn. 37:35).
É um princípio de Deus que o castigo pelo pecado é a morte (Rm. 6:23; 8:13; Tiago 1:15). Anteriormente nós mostramos que a morte é um estado de completa inconsciência. O pecado resulta em destruição total, não tormento eterno (Mt. 21:41; 22:7; Marcos 12:9; Tiago 4:12), tão certo como as pessoas foram destruidas pelo Dilúvio (Lucas 17:27,29), e os israelitas morreram no deserto (1 Co. 10:10). Nestas duas ocasiões os pecadores morreram em vez de serem atormentados eternamente. Então é impossível que os ímpios sejam castigados com uma consciência eterna de tormento e sofrimento.
Nós também vimos que Deus não atribui o pecado - ou o inclui em nosso registro - se formos ignorantes da Sua palavra (Rm. 5:13). Aqueles que estão nesta posição vão permanecer mortos. Aqueles que reconhecem os requisitos de Deus vão ressuscitar e ser julgados na volta de Cristo. Se ímpios, o castigo que vão receber será a morte, porque este é o julgamento pelo pecado. Assim, antes de comparecer perante o trono do juízo de Cristo, eles serão punidos e vão morrer de novo, para permanecer mortos para sempre. Esta será "a segunda morte", mencionada em Ap. 2:11; 20:6. Estas pessoas terão morrido uma vez, uma morte de total inconsciência. Eles serão ressuscitados e julgados na volta de Cristo, e depois punidos com uma segunda morte, a qual, como a sua primeira morte, será inconsciência total. Esta vai durar para sempre.
É neste sentido que o castigo do pecado é "eterno", uma vez que não haverá fim à morte. Permanecer morto para sempre é um castigo eterno. Um exemplo da Bíblia usando este tipo de expressão encontra-se em Dt. 11:4. Este texto descreve como eterna a destruição definitiva do exército de Faraó por Deus no Mar Vermelho, destruição surpreendente pela qual aquele exército nunca mais causaria problemas a Israel: "Fazendo passar sobre eles as águas do Mar Vermelho...o Senhor os destruiu até o dia de hoje".
Mesmo nos primeiros tempos do Velho Testamento os crentes entendiam que haveria uma ressurreição no último dia, depois da qual os ímpios responsáveis voltariam à sepultura. Jó 21:30,32 é muito claro: "Os maus...serão trazidos (i.e. ressuscitados) no dia do furor...Ele é levado (então) à sepultura". Uma das parábolas sobre a volta de Cristo e o juízo fala do ímpio sendo "morto" na sua presença (Lucas 19:27). Isto dificilmente se encaixa na idéia de que o ímpio existe para sempre em um estado de consciência, recebendo constante tortura. De qualquer forma, este seria um castigo não aceitável - tortura eterna por coisas feitas em 70 anos. Deus não tem prazer no castigo dos ímpios; assim, espera-se que Ele não vai infligir punição sobre eles por toda eternidade (Ez. 18:23,32; 33:11 cf. 2 Pedro 3:9).
A cristandade apóstata geralmente associa "inferno"' com a idéia de fogo e tormento. Isto contrasta com o ensino bíblico sobre inferno (a sepultura). "Como ovelhas são destinados à sepultura (inferno); e a morte se alimentará deles" (Sl. 49:14) faz supor que a sepultura é um lugar de esquecimento pacífico. Apesar da alma de Cristo, ou corpo, ter estado no inferno por três dias, ela não sofreu corrupção (Atos 2:31). Isto seria impossível se o inferno fosse um lugar de fogo. Ez. 32:26-30 dá um quadro dos poderosos guerreiros das nações em volta, deitados em paz nas suas sepulturas: "Os valentes que cairam (na batalha)...os quais desceram ao sepulcro com as suas armas de guerra, e puseram as suas espadas debaixo das suas cabeças?...Estes jazem...com os que desceram à cova". Isto se refere ao costume de enterrar os guerreiros com as suas armas, e descansar a cabeça do defunto sobre a espada. Entretanto esta é uma descrição do "inferno" - a sepultura. Estes homens poderosos deitados, parados no inferno (i.e. suas sepulturas), dificilmente sustentam a idéia de que o inferno seja um lugar de fogo. As coisas materiais (por exemplo, espadas) vão para o mesmo "inferno" que as pessoas, mostrando que o inferno não é uma área de tormento espiritual. Assim Pedro disse a um homem ímpio: "O teu dinheiro seja contigo para perdição" (Atos 8:20).
O relato das experiências de Jonas também contradiz isto. Ao ser engolido por um grande peixe, "Jonas orou ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe. Disse ele:...clamei ao Senhor...Das profundezas da sepultura gritei" (Jonas 2:1,2). Isto faz paralelo entre " profundezas do inferno " e as entranhas do peixe. As entranhas do peixe eram, de fato, um "lugar coberto", que é o significado fundamental da palavra "sheol", traduzida como "inferno". Obviamente, não era um lugar de fogo, e Jonas saiu "das entranhas do inferno" quando o peixe o vomitou. Isto aponta adiante, para a ressurreição de Cristo do "inferno" (a sepultura) - ver Mt. 12:40.

03/02/10

O QUE SIGNIFICA "FOGO QUE NÃO SE APAGA?"

Frequentemente a Bíblia usa a imagem de fogo eterno para representar a ira de Deus contra o pecado, que resultará em destruição total do pecado. Sodoma foi punida com "fogo eterno" (Judas v. 7), i.e. foi totalmente destruida devido à impiedade dos seus habitantes. Hoje aquela cidade está submersa nas águas do Mar Morto; de modo algum está agora em chamas, o que seria necessário se fôssemos entender "fogo eterno" literalmente. Da mesma forma Jerusalém foi ameaçada com o fogo eterno da ira de Deus, devido aos pecados de Israel: "Então acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém, e não se apagará" (Jr. 17:27). Sendo Jerusalém a capital profetizada do futuro reino (Is. 2:2-4; Sl. 48:2), Deus não quer dizer que leiamos isto em sentido literal. As grandes casas de Jerusalém foram queimadas com fogo (2 Reis 25:9), mas aquele fogo não continua eternamente.
Similarmente, Deus puniu a terra da Iduméia com fogo que "nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá. De geração em geração será assolada...O corujão e a coruja o possuirão...Nos seus palácios crescerão espinhos" (Is. 34:9-15). Visto que os animais e as plantas deviam existir na terra arruinada da Iduméia, a linguagem de fogo eterno refere-se à ira de Deus e destruição total do lugar, em vez de serem tomados literalmente.
As frases no hebraico e no grego que são traduzidas "para sempre" têm e são compreendidas na "para a época", como destruição enquanto houver alguma coisa a destruir ou a consumir. Algumas vezes isto refere-se a um infinito literal, por exemplo, a era do reino, mas nem sempre. Ez. 32:14,15 é um exemplo: "Os fortes e torres serão cavernas para sempre...até que o espírito seja derramado sobre nós". Esta é uma forma de entender "eternidade" ou "fogo eterno".
Houve vezes em que a ira de Deus com os pecados de Jerusalém e Israel foi comparada ao fogo: "A minha ira e o meu furor se derramarão sobre este lugar (Jerusalém)...se acenderá, e não se apagará" (Jr. 7:20; outros exemplos incluem Lam. 4:11 e 2 Reis 22:17).
Fogo está associado com o julgamento de Deus sobre o pecado, especialmente na volta de Cristo: "Certamente aquele dia vem; arderá como fornalha. Todos os soberbos e todos os que cometem impiedade, serão como o restolho, e o dia que está para vir os abrasará" (Ml. 4:1). Quando restolho, ou mesmo um corpo humano, é queimado pelo fogo, ele volta ao pó. É impossível a qualquer substância, especialmente carne humana, literalmente ficar a arder para sempre. Assim, a linguagem do "fogo eterno" não pode referir-se literalmente ao tormento eterno. Um fogo não pode durar para sempre quando já não haja que queimar. Deveria ser notado que "inferno" é "lançar no lago de fogo" (Ap. 20:14). Isto indica que o inferno não é o mesmo que "o lago de fogo"; mas representa destruição completa. Na maneira simbólica do livro de Apocalipse, é dito que a sepultura deve ser totalmente destruida, porque ao fim do Milénio não haverá mais morte.

O QUE É A GEENA?

Geena é a transliteração comum para o português de um termo de origem grega: "géenna". Por sua vez, géenna origina-se do termo hebraico Geh Hinnóm (גֵיא בֶן-הִנֹּם) que significa literalmente "Vale de Hinom", e que veio a tornar-se um depósito fora de Jerusalém onde o lixo era incinerado.
No Novo Testamento há duas palavras gregas traduzidas como "inferno". "Hades" é o equivalente ao "sheol" hebraico, que nós discutimos anteriormente. "Geena" é o nome do monte de refugo que ficava fora de Jerusalém, onde se queimava o lixo da cidade. Estes montes de lixo são típicos em muitas cidades de países em desenvolvimento. Como um substantivo próprio - i.e. o nome de um lugar concreto - deste modo "Geena" a única tradução a aplicar-se seria "lugar onde o lixo é queimado", porém alguns tradutores (a maioria) traduz por "inferno" "Geena" é o equivalente aramaico do hebraico "Ge-ben-Hinnon". Este lugar situava-se perto de Jerusalém (Josué. 15:8), e na época de Cristo era o depósito do lixo da cidade. Corpos de criminosos mortos eram lançados no fogo que estava sempre arder, havia sempre combustível de tal modo que Geena se tornou símbolo de destruição e rejeição total.
Mais uma vez deve-se compreender que aquilo que era ali colocado não permanecia lá para sempre - os corpos decompostos em pó. "Nosso Deus (será) um fogo consumidor" (Hb. 12:29) no dia do julgamento; o fogo da Sua ira com o pecado vai consumir os pecadores para os destruir, em vez de deixá-los apenas a sofrer eternamente. Na época em que o povo de Deus, Israel, foi levado para o cativeiro pela mão dos babilónios, Geena ficou cheio de cadáveres dos pecadores dentre o povo de Deus (Jr. 7:32,33).
Deste modo magistral, o Senhor Jesus reune todas estas idéias do Velho Testamento no uso da palavra "Geena". Jesus diz que aqueles que forem rejeitados (por não aceitar o governo de Deus) a sentença seria aquando da Sua vinda ir "para Geena (i.e. "inferno"), para o fogo que nunca se apaga; onde o seu verme não morre" (Marcos 9:43,44). Geena trazia à mente dos judeus as idéias de rejeição e destruição do corpo, e nós vimos que fogo eterno é uma expressão idiomática representando a ira de Deus contra o pecado, e a destruição eterna dos pecadores pela morte.
A referência "onde o seu verme não morre", é, evidentemente, parte da mesma expressão de destruição total - é inconcebível que haja literalmente vermes que nunca morrem. O facto de que Geena era o local dos antigos castigos dos ímpios entre o povo de Deus, mostra depois a propriedade com que Cristo usa a figura de Geena.