10/10/08

ABSTINÊNCIA DE ALIMENTOS

Que razões levaram o Apóstolo Paulo a denunciar as heresias descritas em 1ª Timóteo 4:14
(I Timóteo 4:1) – MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demónios;
(I Timóteo 4:2) – Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência;
(I Timóteo 4:3) – Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com acções de graças;
(I Timóteo 4:4) – Porque toda a criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com acções de graças.

Comentadores bíblicos concordam em que esta passagem encontra o seu cumprimento primário nas heresias gnósticas e outras relacionadas, que se tinham iniciado e tomado forma nos primórdios da Igreja Cristã. Muito destes comentadores protestantes crêem que a passagem encontra cumprimento suplementar e completo na Igreja Católica Romana. A prova em apoio a esta opinião é abundante e de forte argumentação.
“Os gnósticos, que a princípio conseguiram profunda penetração no seio da igreja cristã, criam que a matéria é essencialmente má e que o alimento que comemos não foi criado por Deus mas por uma divindade inferior. Eles denunciavam o matrimónio como sendo algo mau. Os maniqueus, outra seita herética dos tempos primitivos, sustentavam que o desejo sexual fluía do sangue e da bílis do demónio´. Comentário de Lange sobre I Timóteo 4:3.
Posteriormente, a Igreja Católica Romana, pela qual, comenta Harnack, o gnosticismo obteve meia vitória, estabeleceu o celibato do clero, e instituiu proibições contra (o consumo) de carne em vários períodos do ano.
“Bem podia Paulo advertir contra tal heresia. Abster-se de certos alimentos ou bebidas palas razões dadas por gnósticos e outros falsos ensinos…Nem nós nem o objectante poderíamos praticar ou promover a abstinência do vinho, por exemplo, com base naquilo que foi estabelecido por esses apóstatas. Mas a condenação do objectante ao raciocínio dos gnósticos ou maniqueus não o tornaria menos defensor da temperança, ou mesmo, talvez, igualmente de uma reforma dietética.
“É isso o que se passa connosco, pois nos unimos a Paulo em denunciar as heresias descritas em 1 Timóteo 4:1-4, enquanto ainda cremos que é melhor, com base em princípios dietéticos, abster-nos de certos alimentos e bebidas…
Paulo está preocupado em exortar contra heresias que induziriam os cristãos a absterem-se de vários ´alimentos´, não em virtude de qualquer princípio dietético válido, mas por causa de falsas razões filosóficas e pagãs. Cremos que se Paulo ressuscitasse hoje, ele ficaria muito espantado em descobrir que as suas palavras de advertência contra a heresia gnóstica já em franco desenvolvimento estão a ser interpretadas como uma aplicação aos pontos de vista da nutrição dos adventistas do sétimo dia no século XX”. Francis D. Nichol, Answers to Objections, p. 426,427.
Deve levar-se em conta que as expressões “tudo” e “nada” têm de ser compreendidas à luz do ponto de vista que São Paulo deseja salientar. Essas expressões têm os seus limites, assim como ocorre em 1 Cor. 6:12: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm. Todas as coisas me são lícitas mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”. Evidentemente Paulo não consideraria o adultério, o roubo, a mentira, a prática dos vários pecados, enfim, como coisas lícitas, apenas não praticadas por serem “inconvenientes”. Nenhum cristão equilibrado admitiria tal interpretação.

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