31/10/10

FANATISMO E REAVIVAMENTO VERDADEIRO NA IGREJA ADVENTISTA

Tem havido um grande interesse ultimamente nos assuntos de cariz carismático dentro do Adventismo.

Parte desta apreensão dá-se pela visão de Ellen White publicada em Mensagens Escolhidas vol. 2, p. 36-39, onde ela viu os excessos carismáticos e emocionais do movimento da Carne Santa em 1900 e advertiu a Igreja contra os mesmos. O culto da Carne Santa degenerou-se em espiritualismo e incluía "tambores, gritos, dança e música". Muitos erroneamente vêem aqui uma alusão ao estilo de música sacra contemporânea, principalmente a que usa da "bateria".

Realizei um estudo para esclarecer algumas questões pessoais sobre a música da Carne Santa e seu culto que resultou no artigo "Ellen White Era Contra a Bateria na Música Sacra?", disponível aqui neste site.

Desde a publicação deste artigo tem havido respostas bastante apaixonadas por alguns blogueiros adventistas que crêem que o artigo abrirá as portas para o carismatismo na IASD. Houve ataques pessoais e inflamados no afã de proteger a "sã doutrina". Fui acusado de usar da mentira e desonestidade exegética e jornalística inúmeras vezes. Um deles até expressou o desejo de que o artigo fosse aceito de maneira universal pela igreja para que a apostasia final fosse finalmente desencadeada no Adventismo. (Quem disse que o extremismo não existe mais na IASD?)

Por outro lado, teólogos, pastores, músicos, jovens e líderes da IASD no Brasil e exterior expressaram profundo contentamento pelos esclarecimentos e desmistificação do ocorrido em Indiana em 1900 e elogiaram as conclusões equilibradas do artigo no que tange ao uso da percussão e implicações escatológicas da música adventista.

Recentemente, o site Música e Adoração publicou um artigo de George Rice intitulado "Experiências Carismáticas da Igreja Adventista: Passado e Futuro" escrito quando este fez parte no White Estate em 1990 e que, segundo alguns blogueiros adventistas, contradiz as conclusões do meu artigo, ou apresenta a opinião "oficial" da IASD sobre a visão de Indiana. Essas são alusões claras às "heresias" da minha pesquisa.*

No entanto, uma leitura mais detalhada do artigo mostra que Rice não contradiz as conclusões que apresentei no artigo sobre a bateria. Ele não trata da parte que a "bateria" ou percussão supostamente terão na escatologia adventista. Rice cita a visão de Indiana e trata de contextualizar os "tambores" da visão estritamente ao contexto de 1900 como eu e outros estudiosos adventistas fizeram, enquanto se concentra na parte que a música em seus aspectos gerais terá em auxiliar na contrafacção de verdadeiros reavivamentos na IASD.

George Rice também não tenta traçar paralelos entre os elementos específicos a Indiana e a música adventista actual. A música como "laço nas mãos de Satanás" é a maior preocupação de Rice e isto é compatível com a visão de Ellen White. (Aqui Rice compartilha da minha opinião de que os elementos de Indiana não esgotam as manifestações carismáticas hoje. Prova disso é o fato de que os 'tambores' específicos a Indiana não fazem parte das experiências de êxtase de muitas igrejas pentecostais tradicionais modernas. O êxtase ocorre ao som de música sacra clássica ou tradicional.)

Note também que para Ellen White, a música como "laço" não se refere somente à que "choca os sentidos" nos movimentos espiritualistas, carismáticos ou pentecostais, mas a toda música que auxilie no falso culto, seja este solenemente contemplativo ou com êxtase carismático. A mera ausência de “balbúrdia e ruído” não implica necessariamente em um culto verdadeiro.
Veja o que ela diz da música como "laço" na Missa Católica:

"A música é excelente. As belas e graves notas do órgão, misturando-se à melodia de muitas vozes a ressoarem pelas elevadas abóbadas e naves ornamentadas de colunas, das grandiosas catedrais, não podem deixar de impressionar a mente com profundo respeito e reverência. Este esplendor, pompa e cerimónias exteriores, que apenas zombam dos anelos da alma ferida pelo pecado, são evidência da corrupção interna. … O fulgor do estilo não é necessariamente índice de pensamento puro, elevado. Altas concepções de arte, delicado apuro de gosto, existem amiúde em espíritos que são terrenos e sensuais. São frequentemente empregados por Satanás a fim de levar homens a esquecer-se das necessidades da alma, a perder de vista o futuro e a vida imortal, a desviar-se do infinito Auxiliador e a viver para este mundo unicamente." (O Grande Conflito, p. 566-567.)

Veja como os elementos artísticos acima descrevem bem o que ocorre em muitas Igrejas Adventistas hoje. Mas seriam esses medidores seguros do nível de espiritualidade da congregação?

Para Ellen White, não.

Ela condena a Missa e os seus elementos "salvíficos", do qual a música contemplativa faz parte. Esses elementos salvíficos fazem o adorador desviar –se do "infinito Auxiliador" e a buscarem a salvação pelas obras e na acção salvífica da Liturgia:

Disse Ratzinger antes de se tornar Bento XVI:
"Esta acção de Deus, que ocorre através da fala humana, é a acção "real" pela qual a Criação espera. Os elementos da terra são transubstanciados, retirados por assim dizer, de sua base humana, e transformados no corpo e sangue de nosso Senhor. ... Isso é real sobre a liturgia cristã: Deus age e faz o que é essencial." (Ratzinger, o Espírito da Liturgia, 2000 p. 173).

A subtileza do erro é: Deus age através do elementos da liturgia (pão e vinho) para a expiação, fazendo de nenhum efeito o sacrifício "de uma vez por todas" na cruz.

Adventistas zelosos pela música e adoração caem facilmente no mesmo erro e sua música também se torna "um laço" nas mãos de Satanás para desviá-los da centralidade de Cristo no culto a uma espécie de "transubstanciação musical", uma ênfase exagerada na "perfeição musical e idolátrica" para que o culto se torne uma espécie de "sacrifício expiatório". (Um conceito que ajuda neste erro de "música para salvação" é a analogia da música inapropriada como "fogo estranho", que fere princípios bíblicos de exegese e leva consigo a heresia da música para salvação.)

Um livro que promove este conceito de "justificação pela música" é o livro de Dario Pires de Araújo Música, Adventismo e Eternidade em que o autor considera a música como "instrumento de salvação", "eficaz para a salvação" para citar algumas das expressões usadas. Música sacra "para salvação" é o maior "laço" que Satanás pode usar para levar adoradores ao falso culto. (A música sacra dever ser instrumento de pregação, puramente funcional e estar subserviente à centralidade de CRISTO no culto. Embora importante para adicionar ao interesse do culto, a qualidade desta não tem qualquer peso para a salvação.)

No que tange às conclusões do artigo de George Rice sobre o carismático na IASD, creio serem necessárias algumas observações:

1. Creio que George Rice poderia ter abordado os perigos de ficarmos estacionados no extremo do culto formal meramente para fugir de um possível "falso reavivamento". Mas acredito também que o artigo não se propôs a ser uma análise exaustiva do assunto da adoração adventista, que possui mais complexas nuances.

2. A título de contraste, George Rice também cita passagens de Ellen White que enfatizam um louvor calmo, tranquilo e contemplativo mas parece ignorar outras citações onde ela pede mais energia e poder no culto. (Veja Patriarcas e Profetas, p. 591; Evangelismo, p. 505-8, 512; Educação, p. 39; Manuscript Releases vol 5, p. 424). Note que o modelo de adoração congregacional dos Salmos também é bem mais exultante e vibrante do que certas citações "escolhidas" de Ellen White. Davi conclama os povos a darem altos brados e fazer um som exultante, alto e jubiloso ao Senhor. (Veja o Salmo 98). Sem dúvida há necessidade de equilíbrio nesta questão.

3. Baseando-se no aspecto de condicionalidade de algumas profecias de Ellen White e em seus apelos para que não permitamos que o fanatismo crie raízes, é seguro continuar a afirmar que o aparecimento dos excessos espiritualistas da Carne Santa estão condicionados à resposta da Igreja a esses falsos reavivamentos. Por isso as inúmeras advertências contra isso nos escritos de Ellen White que têm sido acatadas à risca (ao extremo?) até hoje pela Igreja e precisamos nos manter firmes nesta questão até ao fim. É possível que o carismático se arraigue na IASD? Sim, mas só se deixarmos que isso aconteça ao esquecer os "ensinos do passado".

4. Embora Rice pareça acreditar que a IASD corre um perigo real e iminente de cair na tendência carismática por estarmos cada vez "mais perto do fim", ele não oferece um provável cenário onde a teologia Adventista do Espírito Santo e de adoração poderiam ser totalmente subvertidos criando o canteiro onde o culto carismático crie raízes. É como dizer que a IASD vai abandonar a guarda do sábado pelo domingo. É possível? Sim, mas muito pouco provável.

5. Que houve elementos carismáticos isolados na IASD é um fato histórico. A contrafacção do verdadeiro reavivamento tem ocorrido na IASD desde os primórdios e não é algo a se esperar exclusivamente para o futuro. No Brasil, o surgimento do grupo carismático Igreja Adventista da Promessa já em 1932 por um ex-pastor adventista é prova disso. Esses movimentos não são exclusivos ao nosso tempo, mas fazem parte das três rãs de Apocalipse 16:13-14 que agem desde 1844. Mas note que todos esses grupos no Brasil e em outras partes do mundo, se desligaram da IASD e formaram seus próprios movimentos. Isso é prova contundente do repúdio da IASD a estas manifestações por irem contra a nossa bem estabelecida teologia do Espírito Santo.
Em suma, longe de contradizê-las, creio que o artigo de Geoge Rice corrobora as conclusões que teci sobre o movimento da Carne Santa no que tange à contextualização de seus elementos "tambores, música, gritos e dança" e também aos aspectos de condicionalidade do cumprimento da profecia na IASD. Ele diz que

Devemos estar em guarda, que nossa experiência espiritual esteja fundamentada na Palavra de Deus, e não em experiência extáticas. Fortes alertas são dados àqueles que buscam um pico emocional através de uma “experiência espiritual”. (George Rice em "Experiências Carismáticas da Igreja Adventista: Passado e Futuro.")

No entanto, a fim de equilibrar a posição de Ellen White sobre reavivamentos e fanatismo, creio que um episódio na história da igreja serve para elucidar a visão de Ellen White sobre o assunto:

No início de 1885, Ellen White orou por um reavivamento na comunidade adventista de Healdsburg, Califórnia, onde morava. A resposta veio através de uma série de reuniões de reavivamento dirigidas pelo Pastor E. P. Daniels em agosto, no colégio Adventista da cidade. Ellen White a esta altura já estava em viagem pela Europa. A igreja local respondeu com grande interesse espiritual e profunda reconsagração durante cinco semanas.

Porém, devido a alguns elementos de fanatismo que se manifestaram (não há evidências de que houve manifestações de êxtase ou espiritualismo nas reuniões) e erros de julgamento dos líderes das reuniões, a liderança daquela Associação decidiu interromper as reuniões, contrariando a vontade da comunidade adventista naquele lugar.

Ao se inteirar da situação, Ellen White escreveu àqueles líderes:

...em referência ao reavivamento em Healdsburg gostaria de dizer que não estou de acordo com o vosso tratamento desse assunto. Que houve fanáticos ali e que influenciaram a obra, não vou negar. Mas se no futuro agirdes da mesma forma como o fizestes neste caso, podeis ter certeza de uma coisa, condenareis a obra da chuva serôdia quando ela vier. Pois vereis naquele tempo maiores evidências de fanatismo. (Carta 76 1886).

Esta declaração surpreendente é crucial para o entendimento do reavivamento verdadeiro da Chuva Serôdia: ele terá elementos extremos de fanatismo e até maiores do que vemos hoje! E haverá o perigo de condenar esse derramamento do Espírito Santo pelo zelo de "proteger" a Igreja.

Segundo Ellen White o zelo desenfreado de condenar tudo que fuja da "tradição", normas e métodos estabelecidos e opiniões pessoais dos líderes pode até impedir o derramamento da Chuva Serôdia!

Qual NÃO deve ser nossa atitude quanto ao reavivamento verdadeiro que apresente elementos de fanatismo? Ela diz:

Homens podem se pronunciar contra isso [reavivamento] porque ele não se alinha com suas opiniões pessoais. O fanatismo virá como sempre vem quando Deus opera. A rede ajunta o bom e o mau, mas quem se atreverá em jogar tudo fora, somente porque alguns não são peixes bons? (Veja Mat. 13:24-30)

Quando for feito um esforço na obra de Deus, Satanás estará presente para ser notado, mas seria a obra dos ministros estender a mão e dizer: "Isso não deve continuar, pois não é obra de Deus"? (Ibid.)

E qual deve ser a atitude da liderança da IASD e dos seus membros quando houver extremos e excessos nos reavivamentos e na Chuva Serôdia? Sobre Healdsburg ela diz:

Então eram necessários homens de discernimento, de mentes calmas e equilibradas para agir em caso de perigo e indiscrição, a fim de ter uma influência a moldar a obra. Poderíes tê-lo feito. (Ibid.)

Veja que o papel da liderança é com "discernimento, calma e equilíbrio" agir para que a obra se mantenha livre de excessos mas, ao mesmo tempo, não devem interferir com a obra do Espírito Santo. A preocupação de Ellen White aqui é que, no zelo de 'super-proteger' a IASD da contrafacção carismática, caiamos no erro de condenar a obra do Espírito Santo como obra Satânica ou que impeçamos a chuva serôdia através deste zelo.

Qual o resultado de se condenar a obra do Espírito Santo como sendo do inimigo?

Temo que tenhais ofendido ao Espírito de Deus. Os frutos foram bons na obra em Healdsburg mas o espúrio entrou juntamente com o genuíno. (Ibid.)

O Senhor trabalhou em vosso meio mas Satanás, que está sempre ativo buscando oportunidades favoráveis, se intrometeu para adicionar fanatismo à obra do Senhor, para semear joio com a boa semente. Apegai-vos a tudo o que seja bom. Não tenhais espírito de Farisaísmo; não tenhais atitudes de superioridade ou auto-confiança. (Carta 21, 1886)

Deveríamos nos perguntar: É essa a atitude que temos visto em nós mesmos e na liderança da IASD? Será que temos caído em condenação por tentar super-controlar a obra do Espírito Santo?

Falando ainda de outro reavivamento em Battle Creek em 1893, ela diz:

Cumpre-nos ser muito cuidadosos de não ofender o Espírito de Deus, não declarando que o ministério de Seu Espírito Santo é uma espécie de fanatismo. (ME 1, p. 130)

Ellen White deixa claro que o reavivamento verdadeiro trará consigo elementos de fanatismo. Não que ele deva trazer, mas a obra de Deus sempre é acompanhada por contrafacções e paralelos satânicos. Em outro lugar ela explica que:

Há uma classe de pessoas sempre dispostas a escapar por alguma tangente, que desejam apreender qualquer coisa estranha, maravilhosa e nova; mas Deus quer que todos procedam calma e ponderadamente … Devemos guardar-nos de criar extremos, de animar os que tendem a estar ou no fogo, ou na água. (Testemunhos para Ministros, p. 227-228.)

Temos descoberto em nossa experiência que, se Satanás não consegue manter as almas no gelo da indiferença, ele tentará empurrá-las no fogo do fanatismo. Quando o Espírito do Senhor se manifesta entre Seu povo, o inimigo se aproveita da oportunidade também, buscando moldar a obra de Deus através de traços de carácter peculiares e não-santificados daqueles que estão unidos a esta obra. (Testimonies, vol. 5, p. 644).

Novamente aqui vemos a obra do Espírito Santo acompanhada por elementos fanáticos. O problema é lançar fora "o bebé com a água" só por que alguns escolhem fanatizar esses esforços. Note também que ela descreve muitos na igreja como estando no "gelo da indiferença":

*Por acaso essa expressão "gelo da indiferença" não define o culto formal e friamente solene que vemos em muitas igrejas hoje?

*É assim que o Espírito Santo se revela? Será que estamos mais propícios a receber o derramamento do Espírito nos mantendo nesse "gelo"?

*Por outro lado, será que meros "ornamentos" no culto (música) garantem o derramamento do Espírito?

Veja como a oposição a muitos destes reavivamentos cai na questão de métodos. Cito aqui a opinião de Ellen White sobre a necessidade de novos métodos e de discernimento para que não impeçamos a obra do Senhor. Aqueles que têm o zelo pela verdade devem ter uma atitude de humildade para saber discernir o que são heresias e erro espiritualista de meras divergências de opiniões pessoais ou metodologia:

Deus escolhe Seus mensageiros e lhes dá Sua mensagem; Ele diz: "Não os impeçais". Novos métodos devem ser introduzidos. O povo de Deus deve despertar para as necessidades dos tempos em que estão vivendo. (Reflectindo a Cristo, p. 242)

[Deus] abençoará a todos os que trabalharem no espírito que Ele derramar sobre a obra. A estes ele dará favor e sucesso. À medida que novos campos são abertos, novos métodos e novos planos devem surgir a partir de novas circunstâncias. (RH, 3 de Junho de 1902 par. 5)

…pois nem todas as mentes devem ser alcançadas pelos mesmos métodos. (Testimonies vol. 6, p. 116)

Note como esta afirmação acima é elucidativa na questão da evolução cultural e também musical no culto. Certamente Ellen White não advoga a ideia de que estilos musicais de uma época ou "tempo" devam ser compulsórios a outros tempos e épocas. Muito menos pretende ela impor métodos do passado a épocas futuras ou a diferentes lugares, como por exemplo, usar a língua portuguesa do século 19 para pregar o evangelho hoje. A mensagem precisa ser relevante aos tempos e música é parte deste processo. E ela adverte que "É delicado e perigoso...interferir com a obra de Deus." (MR 21, p. 147).

Aqui vão algumas conclusões para ponderação:

1. O Espírito Santo nunca se revela na confusão, ruído, falar em línguas estranhas, emocionalismo desvairado e espiritualismo descontrolado. Qualquer reavivamento na IASD que se baseia nesses devem ser rechaçados sumariamente como contrafacção do inimigo.

2. Cultos, cantores e grupos musicais ou ministérios de louvor adventistas que utilizam da música contemporânea e seus instrumentos (novos métodos) e que não fomentam o carismatismo não podem nem devem ser considerados como obra Satânica meramente por uma divergência de metodologia. Estes têm realizado uma obra de reavivamento genuíno.

3. O emocionalismo exagerado pode ser activado pela música? Sim. Mas as manifestações espiritualistas severas que acompanham o culto pentecostal como falar em línguas, desmaios, possessões e exorcismos necessitam de uma base teológica para se sustentarem, o que não existe na doutrina Adventista.

4. O papel das emoções no culto Adventista precisa ser novamente explorado na visão de Ellen White para que o repúdio dessas não leve ao culto formal e sem vida que ela chamou de “um mal”, ou que uma ênfase em sua preeminência crie o canteiro onde tendências carismáticas tomem raízes. Ela diz que "Cristo e este crucificado deveria tornar-se o tema de nossos pensamentos e despertar as mais profundas emoções de nossas almas". (Testimonies, vol. 2, p. 212). "... o plano da salvação será magnificado e reflexões do Calvário despertarão emoções ternas, sagradas e cheias de energia. Louvores a Deus e ao cordeiro estarão em seus corações e em seus lábios." (Ibid., p. 634).

5. Precisamos nos desvencilhar do medo e apreensão excessivos sobre o culto da Carne Santa que "congela" nosso culto. Não impeçamos o verdadeiro reavivamento por medo do fanatismo. Ellen White disse que "Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado". (Eventos Finais, p. 72).

6. A liderança e a Igreja precisam permitir que o Espírito Santo trabalhe livremente em nosso meio, permitindo que novos métodos sejam empregados no avanço da causa sem colocar travas ou exercer zelo exagerado na proteção do rebanho, condenando o que é obra de Deus como sendo do inimigo, como foi no caso de Healdsburg. Erros devem ser corrigidos com discernimento, sempre voltando-se à Bíblia e Espírito de Profecia, mas nunca combater extremismo com extremismo.

7. Diferenças de opinião sobre o que constitui reavivamento, como o foi no caso de Healdsburg ou estilo de culto e música não devem interferir com a obra do Espírito Santo. A adoração adventista precisa ter mais da actuação espontânea do Espírito. Ela diz que "Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos." (O Grande Conflito, p. 464).

8. No entanto, não impedir o Espírito Santo não significa necessariamente que podemos aceitar todo "vento de doutrina" que bate às nossas portas ou permitir que qualquer um assuma posição de liderança porque se acha "cheio do espírito". Devemos continuar a "provar os espíritos".

9. A IASD precisa seguir avante com cautela na questão da adoração e dos dons do Espírito. Não sejamos os primeiros a adotar a evolução natural da música sacra, nem os últimos a abandonar o que não é mais relevante hoje.

10. Finalmente, lembremos sempre que "É delicado e perigoso...interferir com a obra de Deus".

Maranata!~
André Reis
_________________________
*O artigo de George Rice é uma sequência a uma série de artigos sobre o carismatismo na IASD publicou pelo neto de Ellen White, Arthur White na Review and Herald entre 1972-73. É curioso o fato de que em sua série de artigos, Arthur White não trata do movimento da Carne Santa. Para ler o artigos, visite www.EllenWhite.com e busque "Charismatic Experiences in Early Seventh-day Adventist History."

4 comentários:

Levi de Paula Tavares disse...

Ellen White Era Contra a Bateria na Música Sacra? - Uma Resposta

http://www.musicaeadoracao.com.br/debate/resposta_bateria/index.htm

estudante disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
André Reis disse...

Centro White da Conferência Geral fala sobre a Bateria e Ellen White

http://www.adventismorelevante.com/2011/04/centro-white-da-conferencia-geral.html

Levi de Paula Tavares disse...

Mais uma vez o articulista tenta usar um argumento descontextualizado do Pr. Bill Fagal para justificar suas ideias com respeito ao uso da bateria no culto adventista colocando uma instituição contra a outra. Porém, ao ler o texto, podemos concluir que o Pr. Bill Fagal faz menção à percussão sinfônica e não à bateria (drummset). É notório lembrar que ambos elementos possuem papéis e funções bem diferentes um do outro. Na conclusão de sua resposta sobre o uso da bateria, o Pr. Fagal afirma que “O tipo de música hoje usada em algumas igrejas pode não ser exatamente o mesmo usado ali (Indiana), mas muitas coisas parecem ser semelhantes. Canções de dança com letra sacra, música tocada em alto volume, a busca de emoções e a influência oriunda de pensamentos teológicos estranhos aos ensinamentos adventistas são algumas coisas que vêm à mente. Além do mais, as apresentações desse tipo de música tendem a obter aplauso para o músico – como nos shows de puro entretenimento – em vez de uma apreciação para com Deus. É isso, e não o tipo de instrumentos utilizados, que me parece ser o real problema. Se resolvermos isso, não encontraremos muito tempo para discutir se a bateria é apropriada. Acho que a questão se resolve por si mesma.” (William Fagal, "101 Questions About Ellen White And Her Writings, p. 89-91).